Capítulo XV

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Duzentos anos depois...

- Helena, por favor, ande logo, ja estou atrasada. - Dizia Eleonor uma corretora de imóveis. Atrasada para mostrar uma fazenda a um possível comprador.

- Nossa calma! Quer saber vá sozinha.- Respondeu Helena sem paciência.

- Vai logo, estou esperando, não vou sem você. Quero que veja como a fazenda é linda. - Retrucou Eleonor.

Helena entrou no carro e as duas seguiram.

- O que você viu nesta fazenda decadente? Não parou de falar dela desde que a viu? - Perguntou Helena, sem entender a fascinação que Eleonor ficava ao falar sobre a tal fazenda abandonada.

- Não sei. Tem algo naquela fazenda que me faz querer ficar la. Se eu tivesse dinheiro, a compraria para mim. - Explicou Eleonor a irmã.

Em menos de uma hora, Eleonor e Helena chegaram na fazenda. O jardim estava quase sem vida, plantas secas e arvores com poucas folhas em seus galhos. A grande fonte na entrada, estava coberta de lodo, com restos de água de chuva. A grande porta central estava nitidamente enferrujada e mesmo assim Eleonor olhava para tudo maravilhada, como se tudo fosse belo. Como se pudesse ver além do que via.

Elas entraram e viram, lençóis cobrindo alguns móveis antigos. 

- Nossa parece até aquelas casas assombradas que vimos em filmes de terror. - Disse Helena observando a enorme sala de entrada.

- Ah para vai! Olhe com carinho. Imagine essa casa depois de arrumada. Uma pintura, alguns móveis sofisticados e estará nova. - Retrucou Eleonor sorrindo.

- Olhe para isso! Tem até um piano. - Disse Helena chamando a atenção de Eleonor.

- É lindo! Será que funciona? - Pergunta Eleonor ironizando. Ela sabia que funcionava, pois assim que entrou na casa da fazenda pela primeira vez, tocou o piano sua musica predileta feita por Chopin. 

- Experimente! Você sempre adorou tocar piano, desde os cinco anos, lembra?- Helena puxou pela memória a primeira vez que Eleonor pediu a mãe delas Mariana, a colocasse nas aulas.

- Se mamãe visse esta casa ela enlouqueceria, sempre amou casas antigas. - Constatou Eleonor.

- É verdade, mas a doença dela não deixou que vivesse tempo suficiente para ver tudo isso. Sinto falta dela. - Disse Helena com tristeza.

- Eu também, mesmo ela preferindo você a vida toda. Eu era só a outra filha. Você sempre foi a queridinha. - Relembrou Eleonor, que nunca entendeu porque a mãe preferia Helena e a deixava de escanteio em tudo e mesmo assim Eleonor cuidou carinhosamente dela até o fim.

- Não vamos julgar a mamãe, ela só não gostava desse seu jeito impulsivo, mas nos últimos meses dela, até tentou se redimir não foi? - Retrucou Helena.

- Sim. Nos dois últimos meses de vida ela conseguiu ser a mãe que não foi a vida inteira. - Eleonor lembrava com tristeza.

de repente alguém entra pela porta e chama a atenção das irmãs que conversavam nostálgicas.

- Oi. - Cumprimentou o homem.

- Olá, o senhor deve ser Alvaro Toledo e Sá. Sou Helena Césarin e esta é minha irmã Eleonor, a corretora que combinou com o senhor aqui. - Helena teve que tomar as rédeas, já que Eleonor não conseguia esboçar nada, olhava para Alvaro com pavor, como se estivesse com medo dele. E ele por sua vez a olhava apaixonado. Helena cutucou Eleonor que voltou a si.

- Desculpe senhor Alvaro. Sou Eleonor, bem vindo.- Disse estendo-lhe a mão.

- Obrigado Eleonor, mas já nos conhecemos? - Perguntou Alvaro pensativo enquanto apertava-lhe a mão estendida por Eleonor.

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