Logo após o café, Alvaro e eu nos arrumamos e saímos afim de descobrirmos algo sobre os antigos proprietários da fazenda Raio de Sol.
Chegamos no cartório onde um senhor simpático que aparentava ter idade suficientr para ser meu avô, nos atendeu solicito.
- Bom dia meus jovens. - Cumprimentou-nos.
- Bom dia senhor
Sou Eleanor, conversei com o semhor srmana passada por telefone, sobre os documentos da fazenda Raio de sol - expliquei o fazendo recordar - Os documentos estão prontos? - Indaguei sorrindo, apoiando a mão no balcão.
- Ah! Sim. Presumo que este cavalheiro seja o novo proprietário? - Questionou entregando-nos alguns documentos para assinar e autenticar.
- É ele mesmo. Aqui estão os documentos dele. Pode dar andamento, na autenticação e abertura de firma, nós aguardaremos. Aqui está a procuração do antigo proprietário, em meu nome.
O senhor simpático saiu em seguida, munido de todos os documentos necessários para agilizar o que faltava.
Alvaro e eu nos sentamos e aguardamos por quase meia hora. Até que ele retornou, e Alvaro assinou outros documentos.
- Queríamos saber quantas pessoas ja possuiram a propriedade que comprei? - Questionou Alvaro, enquanto assinava a papelada.
- Vou acessar o computador e poderei lhe dar a informação. Aguarda alguns minutos? - Retrucou.
- Claro. Sem problemas. - Concordou Alvaro.
O senhor sentou de frente ao computador, escrevendo algo em um bloquinho a sua frente.
- Assim que pegarmos os nomes, poderemos pesquisar as pessoas na biblioteca da cidade. Pode ser que consigamos mais informações. Não acha? Perguntou, pegando em minha mão e entrelaçando nossos dedos.
Eu sorri para ele, que acariciou meu rosto delicadamente.
Alguns minutos depois pegamos a informação que faltava e nos despedimos do atendente, seguindo para a biblioteca. Passamos a tarde toda pesquisando tudo que podíamos. Até chegarmos aos segundos donos da propriedade em 1890.
Um advogado, Alvaro que ganhou a fazenda de presente de casamento de seu pai, comprando de uma prima de segundo grau deles.
Álvaro tinha se casado com Eleonor e viveram la por pouco mais de um ano casados, mas sua esposa após perder o bebê que esperava, morreu repentinamente e Alvaro foi em seguida. Desde então, a fazenda foi passada para herdeiros geração após geração, sem que ninguém mais morasse nela.
- Que loucura! - Exclamou Alvaro, colocando as mãos no rosto, nitidamente perturbado com o que havíamos descoberto.
- Sabe qual é a loucura maior? - Indaguei atônita.
- Qual seria? - Retrucou olhando em meus olhos.
- Temos os mesmos nomes que os antigos donos e pior, parece que estou vivenciando isso. Como se estivesse recordando algo que vivi a poucos anos. Será que estou louca? - Questionei atordoada.
- Se você está louca, eu também estou. Porque me sinto exatamente assim. É muita coincidência para acreditar. Você acha que somos eles reencarnados? - Indagou sem nem mesmo acreditar. Como se precosasse que eu negasse uma loucura assim.
- Acho que sim. Pense bem.
Você e eu acabamos de nos conhecer e desde então, é uma coincidência atrás da outra. Tenho a sensação que sinto algo muito forte por você, mesmo mal te conhecendo. Isso sem falar da história do diário, nos emocionamos muito com tudo que lemos. - Falei, chamando a atenção dele para os detalhes.
- Concordo inteiramente com você. Acho que deveríamos ter certeza.
- Ter certeza? Como assim? - Retruquei.
- Se tudo isso é verdade e somos reencarnação dos antigos donos. Temos algo a resgatar, não acha? - Perguntou.
- Acho, mas como teremos certeza? O que sugere? - Retruquei.
- Tenho um amigo que faz uma terapia, algo sobre regressão. Varias vezes falou sobre isso, disse que viu suas vidas passadas. Até então achei tudo baboseira, mas agora, pode ser que nos ajude. Se não fizer efeito, mal não fará. Quer tentar? - Disse encarando-me no banco do motorista do carro.
- É aqui na cidade? - Perguntei.
- Na verdade não. - Respondeu fazendo bico. O olhei e não aguentei, tive que sorrir.
- Aonde então? - Questionei sorridente.
- Em BH - falou levantando a sobrancelha. - Se concordar podemos chegar la em menos de quarenta minutos. O que acha?
- O importante é descobrirmos algo. Quero muito acreditar e provar coisas que nem eu entendi ainda.
- Se é assim. Creio que devamos ir logo. Quer escutar algo diferente? - Indagou mexendo no som, como se procurasse algo especial.
Retirei um pen drive da bolsa e mostrei a ele que sorriu desconfiado. - Tenho medo de perguntar o tipo de música que tem ai.
- Engraçadinho! - Brinquei batendo a mão em seu braço.
- Espero que não polua minha mente com algo do tipo, Britney, Katy Perry ou Avril Lavigne. - Debochou conectando o pen drive ao rádio do carro.
- Sinto muito mas, não tenho nenhuma dessas divas. O pen drive está bem eclético, mas com coisas do tipo: Celine, Cher, Cristina Aguilera, kelly Clarkson, Tony Braxton e alguns Backstreet Boys. - Falei caindo na gargalhada.
- Ah sim! Faltou apenas as Spice Girls. - Caçoou.
- Quase esqueci! Elas também estão ai. Two be come one - falei respirando fundo. - Tanana nanananana nanananana tananana nanananananananana. - Balbuciei a melodia da música o fazendo gargalhar, enquanto dirigia. Balançava a cabeça como se dançasse rock, sacudindo os cabelos.
- Meu Deus! Quantos anos você tem Eleonor? - Perguntou e começou a fazer o mesmo, sacudindo a cabeça.
- Acho que mentalmente ainda usamos fraldas. - Brinquei o fazendo sorrir e piscar para mim. Estava me sentindo feliz e completa naquele momento, como se todo o vazio que eu carregava minha vida toda se dissipasse totalmente.
Quantas vezes, ouvi as mesmas músicas enquanto dirigia meu próprio carro e pensava em alguém que nem achasse que existia, a não ser em meus sonhos. Cantarolava o trajeto todo sentindo o vento em meu rosto e olhava meu reflexo no retrovisor, fazendo de conta que fazia um clipe e fazendo caras e bocas, como uma adolescente cheia de ilusões e imaginação.
Tudo me fazia querer ser mais do que uma simples corretora, solteirona que morava com a irmã mais nova e nunca tinha pique para sair e se divertir. O cansaço muitas vezes tomava conta de mim, mesmo quando não tinha feito nada o dia todo, faltava alegria interior e eta exatamente o que estava encontrando ao lado de Alvaro, além de completa, uma paixão pela vida, que até então nao imaginava ter.
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O Diário de Eleonor
SpiritualEleonor é filha única de um casal da alta sociedade de São Paulo e casa-se com Alvaro, um homem que guarda vários segredos sobre sua vida, inclusive um caso tórrido com sua prima Mariana. Este casamento os levarão ao extremo. Eleonor no pior momento...