Capítulo IX

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Logo pela manhã Mariana adentrou a sala de jantar para seu desjejum, mas levou um susto ao se deparar com os pais de Eleonor que a olharam de cima a baixo com cara de poucos amigos.
Mariana havia chegado no meio da noite enquanto todos dormiam, não tinha idéia da visita dos pais de Eleonor. Isso a fez suar de ódio, ficaria bem mais difícil se livrar de Eleonor.
- Bom dia. Não sabia que os pais de Eleonor tinham chegado - disse sorrindo forçadamente.
- Sogro, sogra. Essa é minha prima Mariana, veio nos visitar durante um tempo e acabou ficando para auxiliar Eleonor na gravidez - disse Álvaro apresentando a prima.
- Agradeço sua ajuda Mariana, mas se quiser voltar para sua vida, fique a vontade. Decidi ficar com minha filha até que ela de a luz - interveio a mãe de Eleonor. Sentindo um aperto no peito ao conhecer Mariana.
- Imagina. Faço questão de ajudar minha priminha senhora. Não tenho mais ninguém no mundo. Meu marido morreu logo nos primeiros anos de casamento e não tive filhos, para mim é revigorante saber que Eleonor terá um filho e eu poderei me sentir um pouco tia. - Mariana falava tudo fingindo emoção, derramando lágrimas, que não convencia nenhum deles na mesa.
Álvaro sentia vergonha da cena que Mariana fazia à mesa. Não enxergava o quanto a prima era falsa e fria, até se apaixonar por Eleonor e assim enxergar que ele era igual a prima.
Depois do café da manhã, todos se dirigiram a sala de estar, para conversarem. Álvaro convidou o sogro para que fosse com ele visitar a fazenda e a lavoura.
Eleonor, sua mãe e a prima ficaram na sala conversando.
A mãe de Eleonor observava Mariana com muito cuidado. Algo dentro dela a fazia tremer por dentro só de olhar nos olhos da prima de seu genro.
- Filha preciso descansar um pouco, poderia acompanhar-me até o quarto?
- Claro mamãe. Vamos eu a acompanho - disse Eleonor levantando-se aliviada de ficar longe de Mariana.
- Tenha um bom descanso senhora - desejou Mariana semicerrando os olhos. Como se o ódio tomasse conta dela.
Eleonor e a mãe subiram as escadas com as mãos entrelaçadas. Assim que chegaram no quarto, fecharam a porta a chave e ambas sentaram na cama.
- Filha não confio nessa prima de Álvaro.
- Mãe, eu não a suporto. Uma mulher estranha, está sempre se metendo onde não deve. Sem falar que eu sinto muitas vezes que ela nutri sentimentos por meu marido.
- Será? Eles são primos.
- Mãe, comece a reparar. O jeito que ela o olha. Ele mesmo não a trata da mesma maneira, tenho percebido a indiferença de meu marido com ela no decorrer de sua estadia.
- Se estiver certa, é melhor ficar de olho aberto, homens são muito carnais, para cairem em tentação é muito fácil, ainda mais quando não enxergam o óbvio - constatou a mãe de Eleonor a deixando bem mais preocupada.
Enquanto Eleonor e sua mãe conversavam, Mariana procurava o veneno na cozinha, seu intuito era começar a colocar aos poucos na comida de Eleonor e fazer com que os pais dela ja vissem que ela estava mal, assim não causaria estranheza quando ela morresse.
Quanto mais procurava, mais certeza tinha de que alguém havia mexido e talvez descoberto sua proeza, começou a pensar em Otávio, com certeza teria sido ele.
- A senhora está procurando algo Dona Mariana? - Perguntou Acácia.
- Sim. Estou com dor de cabeça e vi por aqui um vidro de remédio esses dias. - Respondeu Mariana.
- Este remédio foi jogado fora senhora. O Felipe tomou anteontem e morreu, acho que o remédio atacou seu coração. - Mariana sentiu um aperto no peito, mas não de medo e sim de ódio, tinha sido um verdadeiro desperdício matar um empregado ao invés de Eleonor.
- Nossa que perigo. - Disse Mariana fingindo preocupação.
- A senhora quer um chá? Posso preparar. - Ofereceu Acácia solicita.
- Obrigada Acácia. Vou aguardar em meu quarto.
- Sim senhora. Daqui a pouco eu o levo.
Mariana saiu da cozinha e a inexistente dor de cabeça se fez real. O ódio tomava conta dela. Seus olhos brilhavam ao pensar na morte de Eleonor. Nem ela entendia a raiva que sentia pela esposa do primo. Álvaro não estava ajudando em nada. Ela não sabia se sentia raiva por ter perdido o lugar no coração de seu primo, ou se era por saber que alguém estava sendo feliz e ela não.
Mariana resolveu mudar de tática, iria deixar de dar em cima do primo, seria mais amigável com a prima e demonstrar que ela pudesse começar um relacionamento com alguém do convívio de Otávio, dispersando as atenções de todos da casa.
Daria seu golpe no baile, sabia que muitos fazendeiros da região, amigos de Álvaro tinham sido convidados. Sorriu ao imaginar que enganaria mais um coitado.
Acácia bateu na porta do quarto e entregou-lhe o chá, que foi um santo remédio para sua dor de cabeça, dando-lhe sono. Ela encostou sua cabeça no travesseiro e adormeceu relaxada.
Eleonor e sua mãe desceram para decidirem o jantar. Logo depois juntaram- se a Alvaro e seu pai, que conversavam animadamente na sala com um homem que Eleonor nunca tinha visto.
- Boa noite. - Cumprimentou Eleonor referindo-se ao convidado do marido.
- Boa noite senhoras. - Respondeu o cavalheiro levantando-se.
- Leonardo esta é minha esposa Eleonor e minha sogra. - Apresentou Alvaro.
- Satisfação em conhecê-las. - Respondeu o rapaz, beijando-lhes a mão.
Eleonor não o encarou, baixou a cabeça em respeito a seu marido.
Neste momento Mariana se aproximou.
- Que bom que tenha se juntado a nós prima. Este é Leonardo Fontana, dono da fazenda vizinha a nossa. - Alvaro apresentou o amigo a prima que o olhou nos olhos.
- Senhor! - Disse Mariana gentilmente.
- Senhorita. É um enorme prazer conhecê-la. - Respondeu Leonardo encantado pela beleza de Mariana. Sentiu seu coração acelerar. Seria a esposa perfeita para ele.
Mariana percebeu o olhar de interesse do amigo de seu primo e viu a oportunidade perfeita.
De vez em outra olhava para Leonardo, dando a entender seu interesse e sendo retribuída.
Assim que o jantar foi anunciado por Diná, todos foram para a mesa. Mariana sentou-se ao lado de Leonardo que ficou satisfeito em tê-la mais próximo de si.
Leonardo serviu a taça de Mariana com vinho e quando entregou a ela suas mãos se tocaram e seus olhares cruzaram. Mariana sabia exatamente como fazer seu pretendente derreter-se por ela e conseguia. Todos os presentes notaram algo no ar e Eleonor ficou aliviada torcendo pelo casal.
- Senhor Leonardo, creio que virá ao baile amanhã? - Perguntou Eleonor.
- Sim senhora. - respondeu Leonardo sem tirar os olhos de Mariana que sorriu discretamente.
- Talvez possa fazer companhia a nossa prima Mariana. - Completou ela.
- Será uma honra para mim - Leonardo disse satisfeito.
- O que acha prima? - Perguntou Alvaro que fazia gosto de juntar o casal.
- Fico lisonjeada primo. - Respondeu Mariana fingindo grande interesse em Leonardo.
Eleonor e Alvaro se olharam sorrindo com a certeza que estavam sendo cupidos.
O jantar terminou e todos foram para a sala conversarem. Os olhares entre Mariana e Leonardo continuaram evidente. As horas foram passando e Leonardo despediu-se de todos, inclusive de Mariana.
Assim que Leonardo foi embora, Mariana despediu-se de todos e subiu sorrindo. Enfim seu plano seria bem mais fácil do que imaginava e não seria desagradável, pois Leonardo além de rico era um belo rapaz.

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