Capítulo VIII

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Álvaro estava desesperado, como explicaria a polícia que seu funcionário tinha morrido ali do nada?
- Senhor o que faremos?- Perguntou Diná chorando.
- Calma! - Disse Álvaro tentando se acalmar e acalmar Diná. - Peça para sua filha chamar o delegado, mas fale para ela não dizer nada.
- Sim senhor - respondeu Diná enxugando as lágrimas e levantando-se do chão.
Acácia saiu apressada e Álvaro escondeu o frasco de "remédio".
- Diná! - Álvaro gritou pela escrava que correu ao seu encontro.
- Pois não, senhor - respondeu quase sem fôlego.
- Nenhuma palavra sobre o tal "remédio", entendeu?
- Sim senhor - disse Diná, baixando a cabeça desolada.
Após alguns minutos o delegado veio acompanhado de um oficial.
- Senhor Álvaro, mandou sua escrava nos chamar? - Perguntou o delegado entrando na sala e tirando o cap.
- Delegado, cheguei a pouco com minha senhora e nosso serviçal Felipe, caiu duro aqui na sala.
- Está morto? - Indagou o delegado aproximando-se do corpo.
- Sim senhor.
- Quem estava perto do falecido quando ele morreu? - Continuou questionando.
- Eu - respondeu Diná, olhando para Álvaro que a olhava furtivamente.
- Como aconteceu? - Perguntou a observando.
- Entrei na sala e ele ja estava caído no chão - respondeu com firmeza.
- Vou pedir para que levem o corpo daqui, para que o enterrem - disse o delegado.
- O que o senhor acha que aconteceu? - Questionou Álvaro.
- Acontece às vezes senhor Álvaro. Pode ter sido algo com o coração - respondeu o delegado, fazendo com que Alvaro ficasse aliviado.
- Pode ser. Ouvi falar sobre isso algumas vezes na capital.
- Não se preocupe senhor. Foi um incidente.
Neste momento Eleonor desceu as escadas se apoiando no corrimão e todos a olharam.
Álvaro correu até a ponta da escada e a auxiliou a aproximar-se.
- Delegado, esta e Eleonor minha esposa. Ela está grávida e não se sentiu bem ao ver o acontecido - explicou Álvaro, enquanto o oficial e Diná tiravam o corpo da sala.
- Senhora - cumprimentou o delegado beijando a mão de Eleonor que sorriu discretamente sem dizer nada.
- Se me dão licença, levarei o corpo. Qualquer coisa podem mandar alguém na delegacia - disse o delegado saindo em seguida.
Eleonor abraçou Álvaro que notou seu corpo trêmulo.
Ambos subiram para o quarto e Álvaro acariciou os cabelos de sua esposa até que ela dormisse.
Assim que percebeu que Eleonor dormia profundamente, ele desceu até o escritório e escondeu o veneno que Mariana tinha deixado na cozinha e que consistiu na morte de Felipe.
Acendeu um charuto e ficou pensando em uma maneira de livrar-se da prima, mas ele sabia que isso não seria fácil, por mais medo que sentisse das atitudes improváveis dela, ainda sentia atração pela prima. Chegava a ser algo doentio, seduzir-se por alguém tão maléfica e apaixonante, mas não podia permitir que ela fizesse mal a Eleonor e muito menos a seu filho.
Enquanto arquitetava um plano, Diná bateu na porta o chamando.
- Entre - disse Álvaro, remexendo-se na cadeira.
- Senhor. Os pais da senhora estão aguardando na sala de visitas - avisou Diná.
Álvaro apagou o charuto no cinzeiro e arrumou o terno, saindo em seguida.
Ao entrar na sala, abriu o seu melhor sorriso e cumprimentou os sogros.
- Como foram de viagem? - Perguntou Álvaro ao sogro.
- Sabe como é, essas carroças sacodem demais, mas chegamos bem - resmungou o pai de Eleonor.
- Diná, ajude Acácia a levar as malas para o quarto que providenciamos aos meus sogros - Ordenou Álvaro - Sentem-se, por favor. Fiquem a vontade.
- Onde está Eleonor? - Perguntou a mãe.
- Está descansando. Levou um susto mais cedo e acabou dormindo - explicou Álvaro.
- Susto! O que aconteceu? - Indagou sua sogra.
- Nosso funcionário teve um mal súbito e morreu de repente, chegamos bem na hora e ela se impressionou.
- Meu Deus! Quem não ficaria impressionado.
- Vocês não querem tomar um banho e descasarem um pouco antea do jantar? - Perguntou Álvaro.
- Sim. Faremos isso - respondeu o sogro levantando-se.
Álvaro os acompanhou até a porta do quarto e em seguida foi para o quarto ver se Eleonor ainda dormia.
Entrou no quarto e Eleonor ainda dormia serena na cama. Ele então se aproximou e deitou- se ao seu lado. Uma hora depois Acácia bateu na porta do quarto e Álvaro saiu para ver o que a escrava queria.
- O que foi?
- Senhor o jantar está quase pronto e o pai da senhora perguntou pelo senhor - explicou Acácia.
- Ja estou descendo - disse e entrou fechando a porta.
Sentou ao lado de Eleonor e mexendo em seus cabelos tentou acordá-la.
- Eleonor! - Chamou por ela baixinho.
Eleonor espreguiçou-se delicadamente e abriu os olhos, sorrindo ao ver o marido.
- Dormi muito? - Perguntou sentando-se na cama.
- O suficiente - respondeu Álvaro sorrindo. - Seus pais chegaram e o jantar está quase pronto. Vamos descer?
- Meus pais chegaram? - Questionou surpresa, deixando evidente sua alegria.
- Sim.
Ela se levantou e trocou-se rapidamente. Álvaro ficou esperando por ela pacientemente.
Depois de alguns minutos sairam em direção a sala, onde os pais de Eleonor os aguardavam.
- Mamãe! Disse Eleonor sorrindo ao ver seus pais. Ela então os abraçou.
- Filha sua barriga está enorme, pelo visto falta pouco para meu neto nascer - disse o pai dela.
- Que bom vê-los.
- Sentimos muito sua falta filha. Aquela casa ficou imensamente vazia sem você - disse sua mãe com lágrimas nos olhos.
- Vocês podem vir sempre que sentirem minha falta, mamãe.
Nesse momento Acácia avisou que o jantar estava na mesa.
Todos foram para a sala de jantar e sentaram- se à mesa.
O pai de Eleonor observava atentamente o genro com a filha e viu que ali existia amor. Ficou contente em ver que fez a escolha certa. Por algum tempo, sentiu-se mal por fazer a filha casar com um desconhecido. Várias vezes preocupou-se com a filha, ao pensar que Álvaro poderia estar fazendo Eleonor infeliz, ainda mais com os rumores de seu genro ser cruel com quem trabalhava para ele. Imaginava que pudesse estar sendo igual com sua filha.
- Pelo visto, vocês se entendem bem - disse o pai de Eleonor.
- Não posso reclamar meu sogro. Eleonor é maravilhosa, cada dia que passo a seu lado, sou mais feliz. Ela é a luz desta casa - respondeu Álvaro beijando a mão de sua esposa que sorria para ele.
- Isso me tranquiliza senhor Álvaro. Casamos os filhos para que sejam felizes e formem família - falou a mãe de Eleonor, contente ao ver o brilho nos olhos do casal.
- Eu sou feliz mamãe. Nós somos felizes - disse Eleonor olhando nos olhos de seu marido apaixonado.
Após o jantar, Alvaro e o seu sogro, ficaram na sala de visitas conversando sobre a fazenda enquanto Eleonor mostrava a mãe o enxoval do bebê.

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