Capítulo XII

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O dia passou e Mariana se ausentou da casa o máximo que pode, para não causar suspeitas. Assim que o sol começou a se pôr ela se despediu de Leonardo que ria de orelha a orelha por ter ficado a tarde toda ao lado de sua pretendente.

-  Creio que não devamos nos encontrar mais assim. Só o fiz para que soubesse que mesmo a sós, controlo-me bem senhor. - Disse Mariana querendo transparecer auto-controle a seu noivo.

- Com certeza está certa, mas mesmo assim, fiquei muito feliz em passar algumas horas a conhecendo melhor. Agora admito que tenho ainda mais admiração pela senhorita. - Leonardo se fazia galante, enquanto tomava-lhe a mão para beijar, olhando diretamente em seus olhos.

- Preciso ir senhor. O crepúsculo se aproxima e o caminho é longo. Foi um prazer compartilhar um pouco mais de sua companhia. - Mariana dizia olhando Leonardo de forma sedutora.

Em seguida ele a ajudou a montar no cavalo e ela seguiu seu caminho. No caminho de volta ela pensava no quanto se divertiria, casada com Leonardo e fazendo da vida de Alvaro um  inferno. O ódio tomava conta dela. Não conseguia entender o motivo dele ter preferido aquela sonsa da Eleonor ao invés dela, que sempre o amou com fervor.

Assim que chegou na casa, entrou sorrateiramente para que não fosse vista, mas foi sem sucesso. Alvaro a aguardava na sala enquanto Eleonor descansava no quarto.

- Enfim chegou prima. Pelo jeito o passeio foi ótimo. - Alvaro ironizava olhando-na de cima a baixo. Pegou em seu braço a levando consigo para o escritório.

- Largue meu braço Alvaro. O que deu em você? - Mariana dizia transparecendo revolta, mas por dentro sorria.

- O que deu em mim? O que deu em você? Não se dá o respeito? Como pode convidar Leonardo pra encontrar-se a sós com você no rio. Quer perder o respeito que ele tem por você? - Alvaro disparava perguntas a prima, como se o ciúmes tomasse conta dele. Não sabia ao certo o que sentia no momento.

- Leonardo me respeita e agora ainda mais. E quanto a você, quer cuidar de alguém, vá cuidar da sua esposinha grávida. Quem é você para me cobrar algo? Estou apaixonada por Leonardo e vou me casar logo. Quem sabe possamos ter filhos? - Mariana tentava o deixar ainda mais fora de si. Quando estava com Alvaro, sempre dizia que jamais teria filhos e este foi um dos motivos que o fez casar-se além de querer se vingar do pai de Eleonor.

- Filhos? Você? Se bem me lembro, você sempre disse que jamais teria filhos, que odiava crianças. - Alvaro jogava na cara de Mariana suas próprias palavras, enquanto andava de um lado para o outro.

- Para você ver caro primo. O amor nos faz repensar e nos torna melhor do que somos. Leonardo causa isso em mim. Não vejo a hora de estar nos braços dele, me entregar a ele. - Mariana o instigava, passando suas mãos por seu corpo.

Alvaro ficava cada vez mais louco, foi se aproximando da prima, que o deixava excitado. Ja faziam mais de quatro meses que ele não tinha relações intimas e sua testosterona o estava enlouquecendo.

- Acha mesmo que ele te tocará assim como eu - disse passando as mãos por seu pescoço e descendo até o meio de seus seios que saltavam o espartilho - ou a deixando arrepiada assim, quando passa a lingua em sua orelha?

- Alvaro, por favor. - Ela pediu transparecendo através da voz rouca sua excitação e fazendo com que Alvaro a beijasse ferozmente, a pressionando na parede do escritório e subindo suas mãos por entre suas pernas, por baixo do vestido.

Mariana estava ofegante em seus braços e Alvaro sentia-se inteiramente entregue a ela. De repente Mariana o empurrou, ficando séria.

- Alvaro, pare! - Gritou. - Não quero nada com você, sou noiva de Leonardo seu amigo e você é casado, com um filho a caminho. Não podemos mais deixar nossos corpos tomarem conta de nosso racional. 

- Você está certa - Alvaro dizia sentando-se no sofá e colocando a cabeça entre as mãos como se tivesse desesperado. Mariana sorria o observando.

De repente ouviram gritos desesperados vindo do andar de cima da casa e Alvaro sabia ser de Eleonor. Os dois correram para ver o que tinha acontecido. Assim que chegaram no quarto, viram Eleonor desesperada e sangrando muito no meio das pernas.

- Meu Deus! - Gritou Mariana colocando a mão na boca, assustada com a quantidade de sangue que via sair de Eleonor.

- Mariana mande trazerem o médico. Agora! - Esbravejou Alvaro desesperado, enquanto tentava cobrir as pernas da esposa que demonstrava fragilidade, como se fosse desmaiar.

- Eleonor fique comigo amor, por favor, seja forte. - Ele pedia chorando e percebendo que o que estava acontecendo poderia matá-la antes que o médico chegasse.

Mariana voltou com Diná trazendo panos e uma bacia com água, enquanto Acácia tinha ido buscar o médico para atender Eleonor.

- Primo , se afaste. Diná e eu vamos cuidar de Eleonor. - Mariana dizia sendo solícita.

Alvaro se afastou quase que sem forças ao ver sua esposa desmaiar. andava de um lado para o outro e olhava pela janela, como se fosse ter um colapso.

Depois de alguns minutos, o médico chegou acompanhado de Acácia que o levou até o quarto.

- Quero ficar a sós com a paciente. - Pediu o médico, colocando a pasta em cima da mesinha ao lado da janela.

Todos saíram do quarto e o doutor examinou Eleonor, constatando que não haviam batimentos cardíacos do bebê em sua barriga.  Abaixou a cabeça de maneira triste. Abriu a porta e chamou Alvaro que se aproximou entrando pela porta.

- O que foi doutor? Está tudo bem com minha esposa e meu filho? - Pergunta Alvaro olhando o medico.

- Sinto muito senhor Alvaro, mas teremos que forçar o nascimento do bebê, não consegue ouvir os batimentos cardíacos pela barriga. Pode, por favor, pedir que Diná traga uma bacia com agua quente e algumas toalhas limpas e que venha me auxiliar. Sei que ela ja ajudou muitas mulheres a darem a luz. - O médico pediu a Alvaro que desceu as escadas correndo auxiliando Diná a trazer tudo que lhe fora pedido pelo médico.

Diná entrou e Alvaro ficou na porta do quarto esperando por boas noticias.

Quase uma hora depois, o medico abre a porta e vê Alvaro sentando encostado na parede com os olhos vermelhos de tanto chorar e tossiu chamando-lhe a atenção.

- Doutor e ai? - Perguntou levantando-se desesperado.

- Senhor Alvaro, sua esposa vai ficar fraca por alguns dias, mas ficará bem. Já seu filho, sinto muito, ja estava morto. - Explicou o médico a ele que começou a chorar.

Ele entrou no quarto e olhou para Eleonor que ainda estava desmaiada. Observou Diná com algo enrolado no lençol em seus braços.

- É meu filho? - Perguntou em soluços para Diná que se emocionou.

- Sim. - Respondeu Diná engolindo a seco.

Alvaro aproximou-se e tirou o pano do rosto do bebê desfalecido, olhando para ele. caiu de joelhos e um choro frenético tomou conta dele, levando todos a se emocionarem com seu desespero. 

Após alguns minutos ali de joelhos chorando, Alvaro se levantou e foi para o escritório. Colocou conhaque no copo e bebeu tentando esquecer de tudo.

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