Capítulo XIII

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Dois dias depois do parto forçado. Eleonor auxiliada por Diná consegue se levantar da cama, sentindo dores ainda.

- Senhora. Deveria ficar deitada. - Diná a aconselha, vendo que sua patroa ainda está muito fraca.

- Preciso ver meu marido. - Eleonor responde, caminhando vagarosamente apoiada em Diná.

- Mas o sinhozinho está no escritório. Tem certeza que conseguirá descer as escadas? A senhora está muito fraca. Fique no quarto, eu chamo o sinhozinho. - Diná tentava persuadi-la da ideia de descer as escadas, mas Eleonor não lhe deu ouvidos continuando os passos lerdos a seu lado.

Diná com muito custo conseguiu auxiliá-la até o escritório de Alvaro, que quando a viu entrar fechou a cara.

- O que está fazendo aqui Eleonor? - Perguntou com raiva.

- Não o vejo ha dois dias Alvaro e também estou triste. Parece que preferia que eu tivesse morrido no lugar de nosso filho. - Diz Eleonor pausadamente e com dificuldade.  se equilibrando ao segurar no sofá do escritório.

- Deixe de ser neurótica Eleonor. Estou dormindo no quarto de hóspedes, para deixar-lhe mais a vontade, afinal você precisa ficar bem. - Alvaro da a primeira desculpa que vem a sua cabeça, sem encará-la.

- Se realmente diz a verdade, porque está evitando me olhar? - Retruca Eleonor sentando-se no sofá e sentindo ainda mais fraca.

- Você está louca e eu não vou ficar aqui ouvindo você me julgar. - Alvaro sai pisando duro. Ele sabia que Eleonor estava certa, mas ainda não se sentia pronto para encará-la. A morte de seu filho o deixou arrasado, a ponto de se culpar e essa culpa não o deixava encarar sua esposa.

Assim que subiu para o quarto que estava dormindo nos últimos dois dias, se deparou com Mariana que o aguardava.

- O que está fazendo aqui Mariana? - Indagou ele furioso ao vê-la. 

- Vim ver como está.  Apesar de tudo que vivemos e de nossas brigas, me preocupo com você Alvaro. - Mariana dizia tentando parecer sincera.

- Preocupa comigo, sei. Mariana não venha fingir sentir algo que nem conhece - Alvaro retrucou tirando o paletó e o colocando na cadeira do quarto. - e outra, porque não se casa logo e me deixa em paz. 

- Você quer realmente que eu faça isso não é? Pois bem, vou falar com Leonardo e podemos nos casar esta semana. Assim ja me mudo para a fazenda dele e não terá que conviver comigo. - Mariana falava deixando lágrimas rolarem por seu rosto. Alvaro nunca tinha visto sua prima chorar, então viu que tinha ido longe demais desta vez. 

Ele se aproximou e tentou desculpar-se.

- Mari desculpa. Tente entender.  Acabei de perder meu filho. Estou desolado, sinto que a culpa foi minha. Não cuidei direito de Eleonor e isso a enfraqueceu. - Ele dizia gesticulando e deixando a emoção aflorar. Lagrimas escorriam por seu rosto, mesmo contra sua vontade.

Mariana se aproximou, passando a mão pelo rosto dele e limpando suas lagrimas. - Alvaro, eu sei que está passando por maus bocados, mas  sou sua prima, então conte comigo. Estarei sempre do seu lado.

Alvaro a abraçou e sentindo o suave perfume da prima, ambos se olharam e a paixão tomou conta dos dois mais uma vez.  Quando estavam tirando suas roupas, Alvaro ouviu Diná bater na porta e ele deu um pulo para trás.

- Sinhozinho, a patroa desmaiou na sala. - Diná dizia atrás da porta fechada. 

Alvaro vestiu-se rapidamente e saiu do quarto descendo as escadas feito louco. Aproximou-se de Eleonor e tentou despertá-la. - Eleonor, por favor, acorde.

Eleonor foi voltando a si e assim e se deu conta de que Alvaro estava em sua frente, o olhou com raiva. - Tire as mãos de mim. Vá ter seus casos com quem quiser, chega de me fazer sofrer. Maldito infeliz! - Gritou.

Alvaro segurava o braço de Eleonor e a olhava perplexo, nunca imaginou ouvir tais palavras da boca de alguém como Eleonor, tão delicada e sensível. Ele se afastou dela desnorteado. Dentro dele sentimentos e pensamentos eram conflitantes. Não sabia exatamente o que estava sentindo. A dor e o ódio eram intensos.

Em seguida ele subiu pelas escadas e a deixou com Diná que presenciava a cena. Entrou em seu quarto sentindo seu coração bater freneticamente dentro do peito. 

Mariana que tinha observado a cena do topo da escada se deliciava com tudo. Esperou alguns minutos e entrou no quarto de seu primo que olhava pela janela perdido em seus pensamentos.

- Você está bem? - Perguntou sorrateiramente.

- Sim. - Respondeu monossilábico e impaciente. 

- Tudo bem então. Acho que não está afim de conversa. Outra hora conversamos. - Disse Mariana, sabendo que não adiantaria insistir. Se virou para sair, mas antes que pudesse ir a caminho da porta, Alvaro a puxou e a beijou. Mariana sentia- se flutuar. Ela sabia que essa era a melhor hora para reconquistar seu primo.

Alvaro fechou a porta e a despiu. Assim passaram a noite, Juntos e no quarto ao lado do quarto que dormia com Eleonor.

No meio da madrugada, Mariana saiu cuidadosamente dos braços de Alvaro, vestiu-se e  foi ao seu quarto, pegou o veneno, colocou no meio dos seios e saiu, indo em seguida ao quarto de Eleonor. Assim que entrou pela porta, foi devagar até o copo de água deixado para ela ao lado da cama e pingou duas gotas do veneno. Em seguida saiu do quarto e voltou para os braços de seu amado.

Mariana sabia que se fizesse isso todos os dias, conseguiria matar Eleonor rapidamente sem causar suspeitas.



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Eleonor acordou bem cedo e não conseguia mais ter vontade de sair do quarto. Pegou o diário dentro da gaveta e começou a escrever sobre seus últimos dias. Descreveu sua tristeza em perder seu filho e a indiferença de seu marido, como se ela fosse a culpada de tudo que tinha acontecido. Enquanto escrevia, suas lagrimas caiam nas folhas manchando algumas palavras.

De repente Diná bateu na porta e entrou com o café. Eleonor. – Senhora, bom dia!

- Bom dia Diná. Não estou com fome. Pode levar a bandeja de volta para a cozinha, por favor. – Pediu Eleonor sem ao menos olhar o que Diná trazia.

- Senhora! Não pode ficar sem comer, está fraca. Precisa se alimentar.  - Diná aconselhava a patroa que a olhava sentada na cama e sem animo.

- Agradeço Diná, mas estou sem fome. Prometo que no almoço eu comerei, mas aqui em meu quarto. Não quero descer. Está sendo difícil ficar andando por ai. 

- Sem problemas, senhora. Quando o almoço ficar pronto eu trago. - Diná falou saindo e levando consigo a bandeja intacta do café.

Eleonor continuou ali, sozinha e pensando com o diário nas mãos.


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