XIX -Riley

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Os alunos arrumaram as coisas durante a noite. O dia seguinte era um sábado e, simultaneamente o primeiro dia de férias dos alunos. O inverno estava começando, mas Riley não quis pegar um casaco pois estava indo para o Rio. Lá era verão, e acabaria num calor de 40 graus. Estava se coçando muito naquele sábado. O efeito da urtiga não o havia incomodado na prova por causa da adrenalina e ansiedade. Teve que passar pela enfermeira e dormir cheio de pomada. Enquanto caminhava pela grama, pensou em convidar Dave para passar alguns dias em sua casa, embora o amigo talvez estivesse muito bravo com ele por causa da prova. Resolveu perguntar mesmo assim. Estava tão feliz de não ter que passar as festas com Tia Rosa.

-E ai, perdedor? –ele aproximou-se de Dave. Não pretencia começar a conversa assim, mas não conseguiu se segurar.

-Vocês tiveram sorte –ele respondeu. –Se eu tivesse Mata-Touro comigo, não durariam nem dez segundos.

-Sei –Alícia falou. Carregava sua mala e vestia um casaco. –Acho que ele não consegue superar o fato de que perde para nós nos dardos.

-Claro! –Dave sentou-se em sua mala. –Agora sei que você rouba! Usa esse seu legado misterioso para acertar o alvo.

-Não é misterioso –ela riu. Aproximou-se de Dave e chutou sua mala, fazendo ele cair no chão. –É só fazer isso, mas sem precisar sujar minhas mãos.

Dave não pensou duas vezes e chutou as pernas da menina, derrubando-a no chão.

-Não pode empurrar minha irmã desse jeito!

-Tem razão –Dave empurrou Riley também. Logo, os três estavam caídos no chão, rindo. –Se me zoarem mais uma vez pela minha falta de habilidade com flechas ou por não ter feito parte do time vencedor, não convido vocês para o aniversário do rei Éres hoje a tarde. Vou almoçar com ele e os outros representantes também estarão lá.

-Bom, neste caso –Alícia sorriu. –Você ainda é um perdedor ruim de mira. Não posso fazer nada hoje, tenho dentista e um encontro mais tarde. Se frequentá-lo como devo, tirou esse aparelho antes das férias de julho. Fica pra próxima. Te vejo no Rio, maninho. Até mais Phil Taylor.

Ela riu e saiu andando, deixando os dois meninos cheios de dúvidas. Riley aceitou o convite e pediu para Romena avisar sua mãe que estaria com Dave. Lorena veio andando atrás dos meninos e puxou seus braços. Subiu numa cadeira e chamou a atenção das pessoas. Tinha as mãos postas nos cabelos dos meninos, acariciando-os.

-Gente, só queria contar algo para vocês –ela começou. –Não vou voltar para a escola semestre que vem. Quer dizer, já devem ter notado que mal consigo atirar coisas na árvore alvo. –Ela passou a mãe por sua barriga, acariciando a protuberância. –Espero que tratem bem o novo porfessor. Então até o ano que vem!

Os alunos do quinto ano reclamaram, dizendo que ela não podia simplesmente abandoná-los agora que só faltavam seis meses. Ela prometeu que estaria lá na formatura deles e que levaria a filha para visitá-los. Ela beijou a testa do primo e do cunhado e disse que veria-os no Brasil. Alguns alunos seguiram-na até a saída, sugerindo nomes e desejando-lhe boa sorte. Riley sabia que o bebê devia nascer em meados de Março, e eles estariam próximos às provas nesse mês. Perguntava-se se poderia visitá-la no hospital.

-Vamos andar até lá, ok? –Dave acordou o amigo.

-Certo –concordou.

Dave o guiou por uma passagem que os levou para uma estação de trem movimentada. Ainda estava sob efeito do alcaçuz, então não conseguiu identificar de primeira onde estavam. Julgando pela aparência das pessoas e o jeito como se comportavam, chutou que estavam na Alemanha. Os comércios dentro da estação central confirmaram seu palpite. No Rio, já havia conversado com muitos Alemães. Conhecia o nome da fraquia de café 'Kamps', da qual ja havia ouvido falar no Corcovado. Por isso ele sempre ganhava no jogo que fazia com o amigo e a irmã, pois realemnte prestava atenção no que os turistas lhe contavam. Ele fez Dave parar para que ele comprasse um pretzel salgado e o menino não podia acreditar que Riley estava comendo antes de um almoço. Os dois precisaram andar alguns quarteirões de Berlim até acharem outra passagem que acabava na província do rei.

Érestha- Castelo de Marfim  [LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora