XXVIII -Dave

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Bia estava reclamando da lama em sua blusa. Disse que estava secando e coçando. Marcy espalhou um pouco dela na sobrancelha que faltava em Bia e deu risada junto de Cibele. Dave não conseguiu convencê-la a pedir que Teeghan lavasse-a para ela.

-O dia está mais quente, mas ainda assim, está frio –ela dissera. –Se Teeghan me molhar, vou pegar um resfriado mais rápido do que você caiu daquela folha. E não gosto do visual "vampira-gótica-submaria" dessa Teeghan.

Cibele caiu na risada de novo. Dave revirou os olhos. Tinham acabado de participar da última atividade do dia. O monitor era legado de Tâmara. Dave achava as atividades dele as mais interessantes. Ele criara um circuito de plantas e espinhos para as crianças passarem. Em baixo, lama. Lama que fora resultado da primeira parte da prova. O chão era antes de argila quente. Bia disse que não era problema para ela: conseguiria chegar até o outro lado muito facilmente, mesmo afundando na argila.

-É, mas e eu? –Dave perguntou. Era uma atividade em dupla, e eles deveriam passar pelo campo juntos. –Subo na suas costas ou o que?

-É, boa estratégia, Bia Vallarrica –Mair riu. –Deixe Dave Fellows na mão.

-Nunca vou deixá-lo na mão –Dave achou que ela fosse atear fogo ao menino.

Os legados do gelo, ventos e água, um deles sendo a menina Teeghan Lollys, trabalharam para diminuir a temperatura da argila. Teeghan era muito amigável, mas Bia continuava a dizer que ela "se achava" de mais. Dave gostou de sua companhia. Bia reclamou que não havia nenhum legado da lua naquele grupo, sendo que sua especialdade era a temperatura. Esfriariam aquilo com mais facilidade e não transformariam em uma piscina de lama toda remexida. Bia xingou Cibele de alguma coisa por seu legado ser o do sol e não o da lua. Antes que os alunos pudessem pisar no lamaçal para começar a andar, o monitor fez uma enorme dormideira brotar da lama, junto de espinhos e folhas ao acaso. A dormideira era grande e forte o suficiente para aguentar os alunos em cima dela, mas se fechava rapidamente ao tocarem nela. Riley e Lilian sorriram ao verem o desafio. Levaram seus pares até o outro lado com facilidade, não deixando a dormideira se fechar. Marcy ainda congelava algumas partes para manter-se mais firme, e essa dupla foi a que chegou la mais rápido.

Cibele e Mair tinham um plano. Ela se agarrou ao pescoço dele e ele tentava se manter no ar com vento. Se desequilibravam muito facilmente, e Mair parecia cansado. Caíram na lama umas seis vezes e não desistiram. Bia e Dave não tinham outra escolha a não ser pular nas folhas e torcer para não serem arranhados pelos espinhos. A menina era rápida e pulava como um sapo. Dave tentava acompanhá-la, mas era difícil. Não demorou dois minutos para eles caírem e se encherem da lama pegajosa de argila. Ele acabou arranhado também. Bia colocou a culpa nele e atirou um punhado de terra em seu rosto. Ele quis revidar, mas ela ameaçou colocar fogo em seus cabelos.

Após lutar para chegar até o fim do circuito e serem liberados, Teeghan atirou um jato d'água em Dave e lavou seu cabelo e suas roupas. Cibele o ajudou a se secar. Deu-lhe um abraço morno e sacudiu seus cabelos molhados. Não deixou de dar risada da lama em seu rosto. Bia olhou feio para os dois e atirou fogo na lenha.

O sol já havia se posto e eles haviam acabado de jantar. Conversavam sobre assuntos variados. Bia queria saber onde Cibele havia ganhado permissão para colocar um piercing no freio da gengiva.

-Eu não preciso de permissão –ela atirou uma folha no fogo.

-O que? –Bia disse, inconformada. –Preciso ter no mínimo dezoito anos na minha província. A não ser que conheça as pessoas certas... Ou seja eu.

-Não vai colocar piercing nenhum –Missie falou, como se fosse a mãe dela.

-É, ta, que seja, senhorita certinha. Me impessa.

Érestha- Castelo de Marfim  [LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora