III -Dave

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Dave queria pular animadamente como faziam Alícia e Lilian, mas se conteve. O nível de sua agitação e alegria estavam altíssimos, e se sentiu estranho por saber que esses sentimentos eram causados pela visão de três ônibus estacionados. Havia novamente passado a noite no casarão de Tia Rosa, perdido na competição de dardos e iniciado uma guerra de água fria na piscina, exatamente como havia feito um ano atrás com seus dois amigos. A diferença era que não estava nervoso, mas ansioso. Não conferiu sua mala, não fez perguntas aos mais velhos, não tomou um café da manhã reforçado. Fez tudo o mais rápido que pôde para chegar logo à Escola Preparatória da Província de Tâmara.

                  

-Não somos mais calouros –Riley sorriu, agarrando sua mochila com mais força.

-Será que vão implicar menos conosco agora que somos veteranos? –Alícia parou de pular com a amiga. –Sério, lembram-se daquele lugar na floresta? É um ótimo lugar para ficar em silêncio.

Dave se lembrava muito bem do local ao qual Alícia se referia. Ela resolvera ir até lá no dia de seu aniversário com Dave, seu irmão e mais três pessoas durante o período de aulas, porém Lorena os descobriu e todos ficaram de castigo. Fora duma árvove próxima a essa clareira que uma das quatro côndefas, demônios de Tabata, chamada Sachabella, aparecera e matara alguns alunos no ano passado, além de ferir a muitos outros. Aquela noite fora a última vez que Dave vira Isabelle DiPrata, filha do diretor e agora representante de Tabata, mas principalemente sua amiga. Apenas a lembrança daquele lugar o deixava nauseado.

-Sabe que foi dali que Sachabella veio, não sabe? –Lilian jogou seus cabelos ruivo claros enormes para a esquerda. Dave pensou que os cabelos dela estavam mais claros do que no último ano, mas não se demorou nesse pensamento.

-Não foi exatamente ali –Alícia replicou. –Acreditem, é muito bom estuar ali, em silêncio.

-Contanto que não cabule mais a aula, não tem problema -Herton Heartwock quem falou. Ele estivera lá com os outros. Também fora um dos primeiros alunos a correr para enfrentar a côndefa venenosa. O melhor é que não se gabava por isso, apesar de sempre estufar o peito quando elogiado ou quando sentia que tinha capacidade de fazer algo. –Se sua prima nos der outra bronca, não volto mais para lá. Tenho medo dela, é louca.

Dave, Riley e Alícia riram em uníssono. Lilian se limitou a sorrir e Herton franziu o cenho, se retirando logo em seguida. Lilian também se afastou para dizer adeus a sua mãe. Ruby se aproximou das crianças, arrastando Romena com ela.

-Boa sorte meninos –ela falou.

Deu um beijo em cada um e voltou para o carro com sua irmã. Romena disse o mesmo aos três e entrou no ônibus dos terceiros e quartos anos após dar um beijo na cunhada e sorrir para a barriga desta. Os três entraram no ônibus dos primeiros e segundos e subiram para o segundo andar, mesmo não sendo obrigatório que o segundo ficasse em cima. Na realidade, Dave nem queria estar tendo que subir escadas e sentar-se lá em cima, mas foi por um impulso de superioridade. Ninguém do primeiro ano estava lá e não havia diferença alguma nos bancos do andar de cima, fora que os dois da frente não eram um conjunto de quatro, mas apenas um banco para dois com vista panorâmica. Lilian sentou-se com Herton e Ciara, deixando Dave Alícia e Riley com um acento de sobra.

Conversaram sobre assuntos quaisquer até Lorena subir e conferir se todos estavam ali. Gritou pela janela avisando ao professor Cardel que estavam prontos e se sentou com a família. Riley estava comendo um sanduiche de manteiga com mel e não pode escapar de comentários diversos de Lorena. Dave achava a combinação bem estranha, mas o menino insistia que era uma delícia.

-Segundo ano, hein? –pôs om braço ao redor dos ombros do primo. –Alguma ideia do que lhes espera?

-Arco e flecha –Dave respondeu.

Érestha- Castelo de Marfim  [LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora