XX -Riley

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Riley queria muito que a irmã estivesse ali. Ele estava muito emocionado. O interior do Castelo de Vidro não era nada parecido com o que ele imaginava. A sala principal não era a sala do trono. Era uma enorme sala de estar, com mesas, sofás e jogos. Impressionantemente, era exatamente o que ele faria se tivesse uma sala tão grande. Nem tudo ali mostrava riquesa e realeza, mas definitivamente passavam uma sensação de poder muito forte. Ele jamais se imaginaria dentro daquelas cortinas de veludo. Foram recebidos por algumas criadas que levaram Bia para fora e os outros três para o andar de cima. Riley andava como se estivesse num sonho; como se tivesse que decorar cada detalhe antes de acordar e se esquecer de tudo.

Ele foi separado do amigo e levado escada a cima. Uma moça de uniforme vermelho abriu a porta de um quarto onde trabalhava um alfaiate careca. O homem era velho e usava óculos enormes. Havia uma mesa de três pernas, umacadeira de plástico e um sofá naquele quarto. O alfaiate insistiu que ele tirasse os sapatos antes de entrar. No fundo do quarto, caixas empilhavam-se até o teto e tampavam a janela. Ninguém lhe perguntou nada, apenas tiraram sua blusa, mediram seus braços, seus pés e sua cintura. O homem no fundo da sala anotava o que as mulheres falavam e mexia num tecido azul escuro. As moças aplicaram um gel no menino que parou sua coceira da urtiga. Ele queria fazer perguntas, mas não sabia por onde começar. Ao terminarem de medi-lo dos pés a cabeça, Riley recebeu um terno risca de giz azul escuro do alfaiate. As mulheres se retirarm e o homem insistiu que ele se trocasse.

-Você gosta muito de ler, não gosta, Riley Weis? –O velho perguntou.

-E você não é só um alfaiate, não é? –ele vestiu a camisa.

-Não, menino, não sou –ele riu. –Mas se não fosse o que realmente sou, pode acreditar que seria o melhor alfaiate do reino.

Riley terminou de se vestir e sentiu-se desconfortável. Dave tinha razão. Aquelas roupas não eram agradáveis de se usar por um dia inteiro. O homem levanou-se, olhou seu trabalho e apontou para a porta. Riley segurou a maçaneta quando ouviu os gritos de Dave no corredor. Estava chamando desesperadamente por Bia, dizendo que não conseguis fazer nada sem ela.

-Por que fez isso? –O velho perguntou. Riley deu de ombros. O homem ponderou por um instante e decidiu que não tinha problema algum. –Deixe eu te falar uma coisa, garoto. Não pare. Leia mais e mais e mais. Conheça-as bem, será necessário. E leve isso com você.

O homem pegou um livro enorme, tanto de largura como altura e grossura. Havia uma cobra com asas e penas na capa dele. Sem título, sem autor. O velho apertou-o, dobrou-o e o deixou do tamanho de uma caixa de fósforos. Riley ficou fascinado e queria abrir o livro ali mesmo. Conteve-se. Ele entrgou-o para Riley e piscou para o menino. Antes de sair do quarto, colocou uma capa roxa por cima dos ombros.

A princesa Thaila ficou muito contente em ver Riley por ali. Não demorou muito tempo para questiona-lo sobre o pacto entre Dave e Bia, mas não ficou brava com o menino. Ficou satisfeita. O braço direito dela estava limpo, sem resquícios de pacto algum. O esquerdo, por outro lado, tinha a forte cobra de Dave e mais uma coisa desenhada, quase apagada. Lembrava uma simples tatuagem tribal, clara de mais para ser distinguida. Ela vestiu um casaquinho e afastou-se dele. Riley já havia estado ali, nos jardins da família real. Teresa estava sentada no topo da fonte ao lado de uma mulher de peso. Todos os portões estavam abertos, com exeção de um cor-de-rosa velho, o da rainha e o de Tabata. Missie apareceu perto dele e pegou sua mão, guiando-o até um jardim muito intrigante.

No centro havia uma fonte desativada tinha a figura de um jovem nu dotado de asas. Segurava um chifre e um talo de papoula em uma mão e um ramo que gotejava água, dando um movimento preguiçoso à fonte. O chão envolta dela era pintado de vermelho, lembrando lava, e cubos de gelo boiavam nela. Por detrás de tudo isso haviam árvores com dezenas de redes penduradas nelas. Os troncos dessas árvores eram todos pintados, usados como telas para muitas obras de arte. Missie continuou puxando-o até chegarem a uma árvore onde Bia pintava. Desenhava uma pessoa com as mãos entrelaçadas, a marca de fênix em ambos os braços. A pessoa, na verdade, era metade Dave e metade Bia. Tinha as curvas de Bia do lado direito e os olhos de Dave do lado esquerdo. Por mais estranho que soasse, a pintura era muito bonita. Feita com perfeição, cheia de detalhes. A casca de árvore deixava tudo com um estranho movimento.

Érestha- Castelo de Marfim  [LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora