XLII -Riley

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-O que foi aquilo? –Bia perguntou quando os cinco se reencontraram. Missie acertou um tapa em sua nuca e balançou a cabeça. –O que foi?

-Tudo bem –Alícia disse. –O sargento é nosso pai.

-Não o conhecíamos até hoje –Riley completou.

-Oh! –Bia fez. –Certo. Bom, acho que temos que voltar agora, não é?

Todos concordaram. Fizeram um caminho muito complicado para voltar. Passaram por muitas cidades, calor e frio, e chegaram até o Castelo de Marfim em vinte minutos. O dia já estava na metade. Riley estava com fome. Era o primeiro dia da quarta semana do acampamento. Receberiam visitas dos principes e princesas muito em breve. Queria voltar e aproveitar mais. Era apenas um mês, ele precisava absorver cad dia daquela experiência. Ele tentava não pensar em Adnei e sua família, sua proposta de redenção. Queria focar no acampamento e nos últimos dias da escola. Respirou fundo e seguiu a irmã até os portões do castelo. Não precisaram conversar com ninguém. Uma carroagem estava se preparando para sair, com Tâmara e Vitória. A princesa desceu assim que os viu.

-Se ela está saíndo agora, já estão todos lá –Bia sussurrou para Dave auto o suficiente para a princesa ouvir.

Ela sorriu na direção dela, sarcástica.

-Vou aproveitar que verei meu irmão hoje para dar umas dicas de como criar uma criança e ensiná-la a calar a boca –Bia apenas sorriu. Sem nem esperar por um convite, entrou na carruagem e sentou-se lá dentro. Tâmara agaixou-se ao lado de Alícia e tomou suas mãos nas delas. Riley quase acreditou que ela sabia ser gentil. –E como foi? Ouvi que além de tudo vocês derrubaram aquela casa de tinta e libertaram muitas pessoas. Que coisa ótima.

-Tiramos o dragão da mina e descobrimos como pará-lo, mas Pedro apareceu por lá. Ele fez o dragão desaparecer. Acho que devolta para Tabata –Alícia contou.

A boca de Tâmara estava aberta em descrença. Não conseguiu formar uma frase completa. Ela se levantou e deu um beijo na testa de Alícia. Agradeceu pelo serviço de todos e ordenou que entrassem na carroagem. Antes de Riley entrar, Missie o puxou para tras.

-Ninguém morreu –ela disse. –Não era meu pior dia.

-E não tinha ninguém numa pedra –ele riu. –Também não era o meu pior dia.

-A gente devia estar feliz por isso? Quer dizer, não aconteceu nada de muito ruim, mas ainda vai acontecer –Riley não soube o que responder. Apenas deu de ombros. –Acha que é o mesmo dia? O meu e o seu?

Mais uma vez, ele não sabia o que dizer. Haviam muitas semelhanças. Talvez fosse.

-Vocês dois vão demorar muito ai? –Tâmara os chamou. –Deram sorte de voltarem hoje e eu ter me atrasado um pouco. Não abusem de minha boa vontade ou voltem a pé.

Riley quase sentiu falta do tom malvado na voz da princesa. Eles decidiram muito rapidamente que a carruagem não comportaria sete pessoas e um tigre. Tâmara sugeriu que os meninos sentassem-se no banco com o cocheiro. Era grande o suficiente. O homem era bem simpático e deixou que os dois ficassem um ao lado do outro. Alícia e Missie estavam cuidando de suas mochilas. Riley levou no bolso duas barras de cereal e o Livro da Rainha. Dave pareceu querer perguntar alguma coisa, mas não saber o que dizer. Riley sorriu um sorriso nervoso.

-Quer me perguntar sobre meu pai? –Riley adivinhou.

-É –Dave falou. –Não sei bem o que, mas...

-É, pois é –Riley levantou as sobrancelhas. –Foi muito estraho, não sei bem o que pensar dele. Mas ele tem algumas... desculpas, pediu perdão. Sei lá...

-Ele é seu pai, de uma forma ou de outra –Dave disse, olhando pela janelinha de comunicação da carroagem. Via a cabeça de Tâmara e a de Vitória. Alícia cruzou o olhar com os meninos e sorriu. –Acho que vai ser bom para vocês. Assumindo que ele é legal e não um serial killer.

Riley deu risada, mas logo murchou o sorriso. Perguntou a Dave se ele lembrava-se do sonho contado por Alícia. O amigo não soube de princípio do que ele estava falando e soava um tanto tenso, mas após Riley explicar, ele se lembrou.

-Ele disse que foram adotados do mesmo orfanato, pela mesma pessoa.

-Então... Pedro Satomak Frederickson é seu...

-Tio –Riley completou. –Não de sangue. Mas é meu tio.

-Isso é assustador –ele disse e Riley concordou. –E Alícia? Não parecia nada feliz antes.

-É como você disse... Querendo ou não, ele é nosso pai, e agora apareceu em nossas vidas. Que opções temos? Ele não é um serial killer...

Dave riu. O cocheiro também. Andaram mais algum tempo antes de Riley tirar o livro do bolso. Puxou, torceu e aumentou a edição de bolso para a edição de biblioteca. Dave encarou a ação dele impressionado e intrigado.

-De onde veio esse livro? É sobre o que?

-Eu ganhei no dia em que fomos ao aniversário do rei. O mago roxo quem me deu –Dave arregalou os olhos e queis saber o porque de o menino nunca ter mencionado isso para ele. Riley não tinha uma boa desculpa, apenas nunca tinha falado nada. -Dafne me disse que é o "Livro da Rainha". Não faço ideia do que ela quis dizer, não consigo ler.

Ele o abriu para mostrar as palavras desconhecidas para Dave. Ele pareceu estar cheio de perguntas, como sempre estava, mas sabia que Riley não teria como responde-las.

-Eu lembro o que falou sobre interpretar a tal mensagem da rainha e pensei que pudesse ser relacionado a isso.

-Talvez –Dave disse. Ele eolhou para trás, para o topo da cabeça de Tâmara. –Ela me disse que não deveria me preocupar com esse assunto tão cedo, mas se foi Francis quem lhe deu isso... Tem que ser importante.

-Acho que consigo um dicionário quando voltarmos para a escola. Podemos então começar a entender o que esse livro diz.

-Seria ótimo. Sabe o que mais seria ótimo? Comida.

Riley tirou uma das barras de cereal do bolso e ofereceu para ele. Dave ficou muito feliz. Conversaram sobre o que fariam depois do acampamento. Como manteriam contato com todos os novos amigos e quais eram seus planos para as férias. Ele não estava tão preocupado. Queria apenas esquecer do pai e do livro por alguns minutos. Respirar levemente mais uma vez. Riley Weis, o portador da mensagem da rainha... Se é que é isso mesmo que esse livro é... Isso era bem mais impressionante do que "o amigo de Dave Fellows" ou "o acompanhante ds guerreira". Seria muito mais legal contar sobre isso para os alunos mais novos. Sim, pensou. Riley Weis ajudando a salvar o reino. Legal.

-Temos que fazer aquilo de descobrir em que lugar fomos parar quando acha uma pssagem.

-Você sempre ganha –Dave reclamou. Riley sugeriujogarem dardos e Dave não achou graça alguma. –Por que não jogamos algo em que eu seja bom, pelo menos uma vez?

-No que você é bom? –Bia expremeu o rosto na janelinha de comunicação e juntou-se a conversa. Riley podia sentir o incômodo de Tâmara com a sobrinha adotiva sentada de joelhos em sua carruagem. -Sabem jogar cartas?

Dave deu de ombros. Riley jogava de vez em quando. Às vezes um professor faltava em sua escola e eles ficavam com uma aula livre. Os meninos jogavam cartas, as meninas fofocavam ou torciam pelos meninos. Riley achava toda a torcida e animação exageirada de mais, mas divertia-se jogando com regras simplificadas. Ele simplesmente respondeu que sim.

-Então podem me chamar para detonar vocês qualquer dia nessas férias. Vai ser divertido. Melhor do que passar uma semana inteira na casa da senhorita perfeição ali.

Tâmara deu risada. Missie provavelmente reirava os olhos. Riley concordou em incluí-la nos seus planos. Não via muita diferença entre as atitudes dela e de Laura Souza, mas Bia não tentava manipular as pessoas nem força-las a nada. Seriam férias muito interessants. Novos amigos... e nova família.

Érestha- Castelo de Marfim  [LIVRO 2]Onde histórias criam vida. Descubra agora