Capítulo 15

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MÔNICA SAIU DA CASA DE ANDRÉ SE SENTINDO MAIS LEVE. Todos estes dias haviam sido como se ela estivesse atada a um pesadelo e não conseguisse acordar. No momento em que ela mais se desesperava, André apareceu transformando o terror em sonho bom. Ele deve ser um anjo...

Era absurdamente incrível a paz que o fotógrafo trouxe à vida da revisora. Em poucas horas, ela voltara a sorrir, e seus olhos ganharam um brilho especial. Seu tom de voz e a forma doce com que ele a olhava traziam uma certeza de que, sim, tudo ficaria bem. Era com este estado de espírito que ela queria permanecer. Se não estava de todo feliz, sem dúvida alguma estava menos triste.

Embora a temperatura estivesse mais baixa, Mônica não se importava com o frio que sentia nas pernas. Seus braços estavam aquecidos com a blusa que ele lhe emprestara. Um pedaço dele estava ali com ela, e isso a confortava. A ideia de que teriam que se encontrar novamente para devolver-lhe a peça fazia Mônica corar involuntariamente.

Assim seguiu o curto caminho que separava as duas residências, até que parou em frente ao portão do sobrado onde morava. Estava aérea, confusa e feliz. Era estranho saber que poderia, pela primeira vez, usar as palavras confusa e feliz na mesma frase e aquilo lhe trazia à tona um sentimento pueril, quase adolescente. Foi deste modo que a moça abriu o portão e, quando estava prestes a fechá-lo, viu Jorge se aproximando.

Ela ficou branca. Seu sorriso desapareceu quando ela o ouviu dizer:

– Posso falar com você?

A verdade é que ela não queria ouvir o que ele tinha para dizer, queria apenas entrar, deitar e dormir com a imagem de André em sua cabeça. Contudo, não tinha forças para fazer mais um escândalo, portanto assentiu com a cabeça e deixou que ele falasse:

– Eu vim aqui porque só hoje vi a sua ligação perdida no meu celular... – Jorge hesitou um pouco e continuou: – ...Uma amiga atendeu e não sei por que ela não me passou a ligação...

– É... Eu te liguei. Mas não tinha nada de importante para falar... Boa noite!

– Mônica... Por favor!

– Jorge, não vamos insistir mais nisto, sim?! Eu não quero sofrer mais.

Jorge se aproximou ainda mais do portão que estava entre ele e Mônica. Era possível sentir a respiração da moça e seu coração estava disparado. Insistiu:

– Eu também não quero sofrer mais, mas eu sofro. Sofro quando entro no meu carro e ouço a nossa música, ouço quando chego em casa e vejo a nossa foto no porta-retratos, sofro quando ponho a minha cabeça no travesseiro e me lembro de cada momento feliz que você me proporcionou. Não ter a perspectiva de envelhecer ao seu lado me faz sofrer.

Mônica abaixou a cabeça. Estava triste mais uma vez. Era nítido que as palavras de Jorge lhe doíam a alma. Ele, ao perceber que ela estava consternada, abriu lentamente o portão e a abraçou. Os dois entraram na residência em silêncio.

História de um casalOnde histórias criam vida. Descubra agora