5 - O enganador

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Cláudio e Deiron passavam pela entrada principal de Hati quando história foi concluída, mas o loiro não parecia totalmente satisfeito com o final da narrativa.

"E senhor capitão, o que aconteceu a partir deste ponto?" – indagou ele – "Continuaram a marcha?"

"Sim! Continuamos! E com Gustavo no comando de um grupo e eu de outro, acabamos por fazer um grande estrago em Clad, que deixou de nos perturbar por um bom tempo. Mas já deve ter percebido que eles são insistentes em sua filosofia de vida e as coisas pouco a pouco voltaram ao normal. Depois deste dia o rei confiou a Gustavo o título de Guerreiro de Hati e o deixou partir, seguindo seu destino se assim o quisesse. Ele de vez em quando aparece para alegria da corte e a minha própria, é alguém que não para em lugar nenhum e será sempre assim até o fim de sua vida."

"Posso fazer mais uma pergunta, senhor capitão?"

Deiron concordou com um aceno de cabeça.

"Ele contou os detalhes de como conseguiu reaver a espada de Hati? Deve ser outra história interessante..."

"Realmente ele me contou tudo que eu precisava saber" – falou o capitão da guarda – "Mas é ele quem vai decidir se algum dia alguém merecerá ouvi-lo contar sobre o que aconteceu naquela época. Agora preciso me retirar para um descanso, esta história sempre mexe com o meu emocional, amanhã nos vemos cedo."

Cláudio concordou e também se retirou para a taverna, com o intuito de se alimentar antes do término do dia. Perguntou ao taberneiro por Ranfug e ficou sabendo que o mesmo saíra em viagem sem data programada de retorno. Novamente o pão foi seu melhor alimento e satisfeito, após o pagamento, foi para a pousada. Quase não conseguiu dormir durante a noite, pois ficara deveras admirado com a história de Gustavo, colocando-se em seu lugar, como um guerreiro invencível.

O encontro com Deiron foi uma reprise do dia anterior, pois novamente levou um bom tempo para ser atendido, dado os compromissos que ele possuía. Ao entrar em sua saleta, como sempre não perdeu tempo com palavras em vão e foi direto ao assunto.

"O senhor capitão me treinará ou terei que procurar outro tutor?"

Com a maior sinceridade possível assim o capitão da guarda respondeu.

"Tenho desejo de treiná-lo sim, oh Cláudio o viajante. Mas devo admitir que você não tem o perfil exato que eu geralmente espero encontrar em um guerreiro."

O loiro continuou em silêncio e como aprendera antes, com a cabeça levantada.

"Um guerreiro deve ser um homem grande, não sendo necessário ser um gigante, mas de uma estatura maior que as comuns. Necessita também ser um homem forte, capaz de brandir uma espada pesada, alguém que assuste os inimigos somente pela sua presença. E por último e não menos importante o guerreiro precisa desconhecer o medo e ser impulsionado sempre pela coragem de um bravo. Agora me diga, Cláudio, em quais destas qualidades você se enquadra?"

"Bom, senhor capitão, me enquadro em todas, eu creio."

"Então explique como!" – pediu Deiron sério.

"Um homem para ser grande deve ser medido pelos seus atos e não pela sua estatura, então posso ser grande. A força é importante para o guerreiro, mas às vezes outras habilidades são suficientes para que ele derrube o adversário. E de que adianta coragem se for usada na hora errada, colocando em risco a finalidade de suas ações."

"Belas palavras, Cláudio, mas que só servem para um sábio. Um guerreiro não se constrói com palavras e sim com atos. E será desta forma que me provará ser digno."

O capitão da guarda tomou um grande fôlego antes de continuar.

"Antigamente eu tinha tempo e homens o suficiente para realizar grandes treinamentos e esta era a minha função principal. Hoje minhas atribuições foram multiplicadas e não posso me dar ao luxo de fazer meros testes que podem não levar a nada."

A Saga de Kedl - No Caminho Escuro (Em Andamento)Onde histórias criam vida. Descubra agora