Não foram chamados para a primeira luta, mas de onde estavam puderam ouvir o anúncio do início do torneio e o nome da primeira dupla de lutadores. Percebeu Cláudio uma ligeira mudança no semblante do Sr. Ninguém quando os nomes foram anunciados e não sentiu medo em sua face, somente o reconhecimento dos próximos oponentes, ou de um deles ao menos. A curiosidade sufocava o loiro. Não imaginava como o Sr. Ninguém iria se comportar no confronto e apesar de não temer a derrota do seu companheiro, começou a recear pela sua vida assim que os primeiros sons da batalha chegaram até eles. Eram sons metálicos do choque proveniente de grandes armas. Sons que faziam os ouvidos doerem. Quando assistiu os combates no passado aqueles sons eram de pura adrenalina, mas hoje, quando os papéis pareciam se inverter, sentia-se sufocado por imaginar alguma daquelas afiadas armas fatiando seu corpo.
Após algum tempo o nome do vencedor foi proclamado e pouco depois houve uma batida na porta e um garoto entrou para conduzi-los até a arena.
A primeira batalha que o Sr. Ninguém participou foi rápida demais, sem emoção para as pessoas que acompanhavam a disputa. Seu oponente não era um fracote, mas não se comparava a ele. Utilizava-se somente de escudo redondo feito de madeira preso numa moldura metálica e no primeiro contato deles o escudo voou para um lado e seu dono para o outro, desacordado. O Sr. Ninguém precisou somente de um único golpe bem aplicado com o braço estendido para vencê-lo e após perceber que este não se levantaria, pegou o escudo e o encaixou na mão direita, rumando com o loiro de volta aos aposentos.
A próxima batalha foi um pouco mais difícil, pois se tratavam de dois oponentes, formando um tipo de equipe que era aceita nesses torneios. Eram dois fortes irmãos, um negro e um pardo. O negro possuía uma luva longa que chegava até o antebraço, provavelmente feito de alguma liga especial, já que numa de suas investidas contra o Sr. Ninguém acabou chocando-a contra a parte metálica do escudo, resultando no mesmo som do toque de espadas. Seu irmão utilizava um tipo de arpão longo com a ponta afiadíssima. E para completar o quadro eram rápidos demais, trocando de posição a toda hora mostrando uma energia fantástica. O que eles não esperavam era um oponente, além de muito forte, mais rápido que o normal para um lutador tão grande. Tanto eles quanto o público se surpreenderam com sua velocidade. No início do combate ficou na defesa resistindo aos ataques e após aparentemente estudar os golpes dos irmãos, começou a se esquivar rapidamente e a contra-atacar e não demorou muito para colocar os dois estirados no solo, recebendo um caloroso aplauso de reconhecimento por seu desempenho. Antes de sair da arena o Sr. Ninguém retirou as armas dos irmãos, ajustando a luva na mão esquerda e girou o arpão no ar, esboçando um sorriso para o loiro que o aguardava na entrada. No rosto dos presentes via-se claramente que o combate final prometia e não se decepcionaram.
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"Estão vindo lhe buscar para a última luta!"
Sttor se encontrava sentado num grande toco de madeira com o rosto voltado para a parede e o corpo coberto por um tipo de tecido grosso, para mantê-lo aquecido, uma vez que as duas primeiras lutas foram enfadonhas.
"Quem é o último?" – perguntou ele sem se virar.
"Estão chamando-o de Sr. Ninguém. Pelos comentários é rápido e forte, vai dar bastante trabalho."
"Se não se trata de ninguém conhecido trabalho algum dará. Somente um pouco mais de diversão para alcançar a vitória. Tragam meu machado!"
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O Sr. Ninguém parecia ter acabado de acordar, descansado. As duas primeiras lutas não pareceram arrancar uma gota sequer de suor dele e para passar o tempo enquanto aguardava a luta final se distraia atacando um oponente invisível com o gancho que levara da segunda batalha.
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A Saga de Kedl - No Caminho Escuro (Em Andamento)
FantasyNum mundo medieval é comum existir soldados, guerreiros, reis, princesas, castelos, arenas de combate, povos inimigos e logicamente, uma eterna guerra entre eles. Mas o que aconteceria com esse mundo se o precioso equilíbrio fosse quebrado? E se o m...