A Saga de Kedl - No Caminho Escuro (Em Andamento)

22 - Itdyse

Imaginem seguir dez dias na mais sufocante escuridão, tendo que se esquivarem inúmeras vezes de morcegos, aranhas e escorpiões. Junte a isso vários túneis sem saída, formando labirintos incontáveis e o cenário está montado, formando um desafio aparentemente intransponível.

Ainda bem que eles tinham uma luz no fim do túnel, como se diz, em forma de uma voz, cada vez mais ampliada na mente de Cláudio, que os guiou em segurança durante esses dez dias em que ficaram nessa caminhada sem luz.

Todas as manhãs ele passava ao grupo as coordenadas que deveriam seguir, mas, mesmo assim, em algumas vezes acabaram por se perder e descobrir-se retornando para o mesmo local, pois iam deixando algumas marcas nas paredes conforme caminhavam.

No nono dia o estoque de alimentos que levaram estava no fim, o cansaço os dominava completamente e o desespero se mostrava presente, mas a voz lhes pediu calma, a saída se encontrava a um dia de viagem.

Mesmo com esse pedido de calma que deveria servir de encorajamento, Sttor, que devido ao seu tamanho era o que mais sofria, tendo chocado por diversas vezes a cabeça no teto da caverna e com o corpo coberto por picadas de insetos, desconfiava que o guia do loiro os conduzia em círculos para a morte, visando quem sabe apoderar-se de suas almas. O estado febril em que se encontrava neste nono dia de viagem colaborava para que a cada momento os lembrasse desse seu temor.

Finalmente, na parte da tarde do décimo dia, vislumbraram a saída logo à frente deles e correram desesperados ao encontro dela, retornando logo em seguida para se abrigar de uma nevasca que castigava o exterior. Armaram acampamento para enfrentar essa última noite, repartiram as últimas rações que possuíam, e foram descansar.

Durante a madrugada, Cláudio encontrou com a dona da voz em seus sonhos. Não conseguia ver o seu rosto, nem o formato do seu corpo, ela se parecia com uma chama de luz escura que só podia ser vista num local muito iluminado.

"Dmeyfou, vocês estão próximos agora do seu destino!" – disse-lhe ela suavemente – "Você os guiou bem, mas preste atenção nessas minhas palavras: para o norte, onde nada parece existir a não ser um mar interminável, três dias vocês ficarão até que o caminho surja à frente de vocês. No ambiente fora dessa caverna existem muitas interferências e muitos olhares sobre nós e não podemos correr riscos, pois todo o esforço realizado até agora seria em vão, assim não me ouvirá novamente até que este caminho se abra."

"Mas como eu saberei que estamos no lugar certo?" – indagou o loiro – "A costa norte deve ser muito longa, o que devo procurar?"

"Se acalme, Dmeyfou, confie em mim, isso você saberá..."

Acordou sobressaltado como sempre e não mencionou o sonho com os dois companheiros de viagem quando eles retornaram com uma pequena caça para o desjejum, para não alarmá-los com as dúvidas que ecoavam em sua mente. Levantaram acampamento e seguiram rumo ao norte gelado.