O Sr. Ninguém parecia ter terminado finalmente os cuidados na sua espada e a colocou num suporte, o qual fixara nas costas através de uma cinta de couro, que ia da diagonal do seu ombro direito até a cintura. Ganhou o acessório de um mercador de armas que ficou impressionado com seu desempenho na arena. Retirou de um saco próximo ao seu leito a luva metálica e o escudo, equipou-se e saiu.
Chegou bem antes de Sttor na entrada da cidade e sentado numa posição estratégica ficou observando.
Viu quando o gigante chegou sozinho, mas viu também quando ele trocou alguns sinais com dois homens que se encontravam junto a uma barraca de frutas e que logo após saíram de Cabidan.
Depois de ter a certeza de que não havia mais nada interessante para observar, se aproximou de Sttor.
"Aqui estou! Vejo que arrumou o machado."
"Ainda não tive tempo, este é outro, um pouco mais leve..."
"Devia tê-lo usado no torneio!"
"Pensando bem, tem razão" - Sttor deu uma girada no machado e o apoiou no ombro – "Está na hora!"
O Sr. Ninguém assentiu com a cabeça e deixaram a cidade.
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O sol ainda não se escondera no leste quando chegaram próximo à caverna, aberta tal uma enorme boca numa montanha, que delimitava o fim do deserto. Havia algumas pedras grandes espalhadas um pouco antes do acesso à caverna e Sttor escolheu uma que lhe serviu como um bom esconderijo, enquanto o Sr. Ninguém se refugiou atrás de outra, bem menor.
O Sr. Ninguém, que já há algum tempo se colocara em total vigilância, pronto para agir, notou que a montanha que se erguia à frente parecia um tipo de vulcão pelo seu formato.
A noite chegou e com ela um vento frio e cortante, o qual ambos nem pareciam sentir. O céu de repente tornou-se como breu e o som do vento foi quebrado pelo barulho de asas muito grandes, porém, invisíveis. Entreolharam-se no escuro sob a pequena claridade de uma tocha acesa pelo Sr. Ninguém e apenas com sinais decidiram entrar na caverna. Na entrada o Sr. Ninguém fez um gesto para o gigante ir na frente e cochichou que ele cuidaria da retaguarda.
Estavam entrando vagarosamente desta forma, com Sttor na frente e o Sr. Ninguém quase colado atrás, quando ouviram o primeiro grito, que indicava uma mistura de medo e dor. O segundo grito veio menos de um minuto depois. Não se abalaram e continuaram entrando.
"Seus amigos se deram mal!" - sussurrou o Sr. Ninguém.
"Não são meus amigos!" - afirmou também num sussurro – "Vieram atrás de matar a criatura e receber a recompensa, assim mesmo como nós dois..." - e depois de um pequeno intervalo continuou – "Mas por onde a fera entrou?"
"Com toda a certeza existe outra entrada por cima. Lembra-se de ter escutado asas, pois acredito que temos pela frente um grande pássaro."
Mesmo sabendo disso continuaram entrando no mesmo posicionamento de antes, até chegarem à entrada de uma área maior, que lembrava um salão com teto alto. O vento que os tomou de assalto confirmou a suspeita de ambos de que existia outra passagem, e quase apagou a tocha que o Sr. Ninguém carregava. Algumas outras tochas haviam sido acendidas e presas por ganchos nas paredes. Puderam perceber pequenas saliências pelas quais se podia subir e se posicionar em plataformas mais elevadas. De uma destas plataformas pendia o corpo imóvel de um dos homens e o outro não era visível.
Sem pararem na entrada continuaram até o meio do salão, agora um apoiando as costas no outro e apesar de toda a atenção de ambos nem perceberam de onde veio o primeiro ataque.
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A Saga de Kedl - No Caminho Escuro (Em Andamento)
FantasyNum mundo medieval é comum existir soldados, guerreiros, reis, princesas, castelos, arenas de combate, povos inimigos e logicamente, uma eterna guerra entre eles. Mas o que aconteceria com esse mundo se o precioso equilíbrio fosse quebrado? E se o m...