Recordações dolorosas

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Não sei que horas são exatamente mas sei que é muito tarde,pois até mesmo meu pai já esta dormindo,mas alguma coisa me impede de dormir. Minha cabeça esta agitada,como se eu tivesse esquecido de algo,mas sinceramente não sei o que posso ter esquecido.

Todos os meus relatórios estão feitos,meus pedidos de materiais para com meus fornecedores estão em ordem,então o que diabos está me impedindo de dormir?

Já tentei de tudo para conseguir dormir. Já contei carneirinhos,já li um livro,ouvi música calma,já tomei até mesmo um copo de leite morno,e olha que eu detesto leite,mas ainda sim o sono me foge.

Pensei em sair para patrulhar,mas esta tão tarde que nem mesmo os bandidos estão acordados nessa hora,eu até podia ir para o laboratório,mas estou a espera de material,além de que eu explodi parte do laboratório na última semana. Então agora estou aqui,sentada no parapeito da janela,me perguntando se não seria uma boa ideia chamar John e pedir que ele me enviasse para Paradise,quando vejo algo que me chama a atenção.

Desço até o chão usando o cano da calha,lembrando que devo começar a usar portas,e sigo até o outro lado do jardim onde esta o que me chamou a atenção,os túmulos de Tiago e Richard. São apenas as lápides,uma vez que as cinzas de ambos agora estão dispersas por Gotham,mas ainda sim meu pai fez questão da existência dessas lápides e eu concordo,elas devem mesmo existir.

Passo meus dedos por sobre a pedra fria té chegar a pequena foto bem no centro da mesma,ali Tiago tem um sorriso no rosto,alegre estava rodeado de pessoas que o amavam e o aceitavam,a foto fora tirada na minha última festa de aniversário.

Senti as lágrimas nos meus olhos,elas corriam silenciosamente por meu rosto,caindo na grama.

-Eu sinto muito meu amigo. Nada disso deveria ter acontecido. Sua morte,a de Richard,tudo,tudo isso foi culpa minha. Se eu não tivesse voltado,se Trinity permanecesse morta,vocês ainda estariam vivos.

Sequei algumas lágrimas e prossegui.

-Sei que você diria que não é culpa minha Tiago,que minha volta era necessária,que Constantine tinha de ser detido. Mas se não é culpa minha,meu amado irmão,porque me sinto tão culpada? Porque não consigo tirar da cabeça que fui eu que causei a morte de vocês?

Caio de joelhos em frente a lápide,minha mão ainda permanece sobre a foto,mas não consigo ver nada,minha vista esta embaçada pelas lágrimas. Não sei precisar quanto tempo fiquei lá,mas foi o suficiente par o céu se tingir de rosa e os primeiros raio de sol despontar. Devo ter dormido ali então,pois fui despertada pela voz de meu pai,o sol já ia alto.

-Filha? O que faz aqui?

Abri os olhos e vi meu pai na minha frente,ele estava vestindo uma calça jeans,uma camiseta e tênis,não estranhei afinal hoje era sábado.

-Desculpa pai - Tentei me levantar,cambaleei,mas meu pai me ajudou -Perdi o sono e resolvi dar uma volta,meus pés me trouxeram até aqui. Aí eu comecei a lembrar de várias coisas e.....

As lágrimas voltam aos meu olhos,meu pai seca a única que cai.

-Foi culpa minha pai. Se tivesse desistido dessa loucura,de Trinity,dessa minha vingança,eles ainda estariam vivos.

Meu pai se afasta de mim,vai até as outras duas lápides que tem ali,toca as fotos com a ponta dos dedos antes de se voltar para mim e dizer.

-Filha tem uma coisa que preciso contar. É sobre seus avós,mas vamos lá para dentro,esta frio e você pode ficar resfriada.

Meu pai me guiou até meu quarto,disse que era para mim tomar um banho bem quente e tomar café,que ele estaria me esperando no escritório. Fiz conforme as ordens,uma hora depois aqui estou eu,diante da porta do escritório de meu pai,prestes a descobrir mais um de seus segredos.

Bruce

Não sei se vou fazer certo em contar sobre meus pais para ela,mas talvez isso ajude ela a superar a culpa que sente e a faça abandonar o desejo de vingança que posso ver em seus olhos.

Escuto alguém bater na porta,sei que é ela,digo para que entre.

Ela entra no escritório e eu peço para que ela sente ao me lado no sofá,ela assim faz.Passei meu braço por sobre os ombros dela e a puxei ela contra mim.

-Quando eu tinha 10 anos,eu e meus pais fomos a uma sessão do filme do Zorro. Na saída,meu pai havia estacionado o carro a alguns quarteirões,para cortar caminho meu pai decidiu cortar por um beco,foi onde tudo aconteceu. Um ladrão surgiu das sombras,ele parecia nervoso,exigiu o dinheiro de meu pai e o colar de pérolas de minha mãe. Meu pai logo entregou,mas minha mãe se atrapalhou ao abrir o fecho do colar,o ladrão ficou ainda mais nervoso e disparou contra ela.

Senti Trinna ofegar junto a mim,mas ainda sim continuei.

-Meu pai então investiu contra ele,outro tiro foi ouvido e meu pai caiu. Eu fiquei paralisado,não soube o que fazer. Depois disso fui criado por Alfred até meus 15 anos,quando parti em busca de treinamento. Desde o dia que meus pais morreram eu tinha dentro de mim uma ânsia de vingança e culpa,afinal era por minha causa que saímos naquele dia.

-Anos mais tarde eu já era o Batman,eu encontrei o assassino deles,e devo admitir que a vontade de o matar era imensa,mas eu não o fiz,pois estaria me transformando em um assassino igual a ele. Enfim,enquanto viajava o mundo eu entendi que não era culpa minha,aquilo tinha que acontecer pois são as nossas lágrimas e quedas que nos tornam mais fortes.

Olhei para Trinna e finalizei:

-A morte deles não foi sua culpa. Hades foi que cometeu aqueles assassinatos,não você.

Ela assentiu e se aconchegou mais uma vez em meus braços,pouco depois sua respiração compassada me disse que ela estava dormindo,peguei-a então no colo e levei para o quarto,pousei-a na cama e a cobri,dando um beijo no topo da cabeça.

-Dorme bem meu amor.

E sai fechando a porta atrás de mim.



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A filha do Batman     Nova AliançaOnde histórias criam vida. Descubra agora