Capítulo 4

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Inês e Victoriano se olharam. Ela ficou apreensiva, não queria que Dona Constanza pensasse mal dela. Victoriano percebeu e tratou de agir rápido.


- Victoriano, filho, está tudo bem? - pergunta Dona Constanza.

- Sim, mãe. É que eu estava tomando banho. Mas pode ir, eu já desço. - disse ele.

- Está bem. Mas não demore, sabe como é seu pai. - disse Dona Constanza.


Inês dá um suspiro de alívio.


- Graças à Deus!... Eu preciso ir não quero que me vejam aqui. - disse Inês.

- Não se preocupe, meu amor. Não vamos ficar às escondidas por muito tempo. - disse Victoriano. - Eu vou resolver essa situação. - ele abraça sua amada e dá um beijo em sua testa.

- Eu sei. Confio em você. - disse Inês.

- Me ama? - ele pergunta fitanto-a.

- Pra sempre! - responde Inês.


Os dois se beijam e ela se despede.


***

E assim foi por algum tempo. Victoriano e Inês se encontrando às escondidas, sempre que podiam.
Era um amor puro, inocente. Inês tinha certeza que Victoriano era o homem de sua vida, confiava plenamente nele. E Victoriano estava disposto a enfrentar quem fosse para ficar com Inês. Eles tinham plena confiança que seu amor seria capaz de vencer tudo, até a fúria de Don Evandro.


***

Fazenda Las Dianas.

Don Evandro conversava com Loreto.


- Você tem certeza disso, Loreto? - pergunta Don Evandro.

- Tão certo como "dois e dois são quatro", senhor. Eu os vi juntos. Quase todo mundo na fazenda já sabe. - disse Loreto.


Loreto iria se aproveitar ao máximo para prejudicar Inês e Victoriano. Ela por tê-lo rejeitado, e ele por ser o dono do coração de Inês.
Se existiam coisas que tiravam Don Evandro do sério, ser feito de bobo, para ele era a pior.


- Loreto, vá chamar Emiliano aqui. Agora! - disse Don Victoriano furioso.


Sem nem, ao menos, imaginar do que se tratava, Seu Emiliano prontamente vai atender as ordens de seu patrão.


- Mandou me chamar, patrão? - disse Seu Emiliano.

- Você achou que eu nunca iria descobrir, não é Emiliano?

- Descobrir o quê, patrão? - pergunta Seu Emiliano sem entender nada.

- Não banque o desentendido comigo, Emiliano! Vai querer que eu acredite que você não sabia?! - exclama Don Evandro.

- Patrão, se o senhor não disser do que se trata, fica difícil responder! - disse Seu Emiliano.

- A sua filha Inês anda se esfregando com o meu filho Victoriano por essa fazenda como se fosse uma qualquer! - exclamou Don Evandro.


Ouvir Don Evandro ofendendo a sua filha fez o sangue de Seu Emiliano ferver.


- Meça as suas palavras ao falar da minha filha! - disse Seu Emiliano.


Don Evandro se surpreendeu um pouco com a atitude de Seu Emiliano, já que ele nunca foi homem de responder os patrões.


- Pela sua reação, vejo que é mesmo verdade! - disse Don Evandro.

- Eu estou sabendo disso agora que o senhor está me contando! - disse Seu Emiliano. - Porém, isso não lhe dá o direito de ofender a minha filha!

- Você ainda defende o comportamento dela?! - disse Don Victoriano.

- Não estou defendendo! - disse Seu Emiliano. - Pode ter certeza que eu vou falar seriamente com Inês! ... Mas ela não está nisso sozinha. E o seu filho?

- Meu filho é homem! Se uma mulher lhe der cabimento, é claro que ele não vai recusar! - disse Don Evandro.

- Já lhe disse pra parar de ofender a minha filha, Don Evandro! - disse Seu Emiliando se enfurecendo.


Victoriano passava pelo escritório e ouviu os dois discutindo. Ao ouvir o modo como seu pai ofendia Inês, ele não se conteve e entrou com tudo.


- Não ofenda mais a Inês, pai! Eu não vou permitir! - disse Victoriano. Ele se dirige ao pai de Inês. - Seu Emiliano, precisamos conversar.

- Ah! Quer dizer que os dois resolveram me enfrentar?! - exclamou Don Evandro.


A discussão estava acalorada. Dava para se escutar da sala à cozinha.


- Isabel, você está ouvindo? - pergunta Inês.

- Sim. Parece uma briga!... Inês, é a voz do papai! - disse Isabel.


As duas vão correndo até a sala e encontram Dona Constanza nervosa.


- Dona Constanza, o que está acontecendo? - pergunta Inês.

- Evandro está discutindo com seu pai! E agora há pouco, Victoriano entrou também! - disse Dona Constanza.

- Mas por que toda essa confusão? - pergunta Inês.

- Parece que Evandro descobriu sobre você e Victoriano, filha. E contou para o seu pai. - disse Dona Constanza.

- Ah, não! - disse Inês. - Eu não queria que o papai soubesse desse jeito! E agora, Isabel?

- Agora, eu não sei, minha irmã. - disse Isabel.


Os três saem do escritório. Don Evandro e Seu Emiliano estavam com os nervos à flor da pele.


- Eu quero você e suas filhas longe da minha fazenda e das minhas terras, Emiliano! - gritava Don Evandro.

- E mesmo que o senhor não mandasse! Eu é que não passo mais um minuto nesse lugar! - disse Seu Emiliano.

- Papai, eu... - Inês tenta falar com o pai.

- Eu não quero ouvir sua voz, Inês! Você me decepcionou muito! - disse Seu Emiliano.

- Mas, pai, eu não fiz nada demais! - ela chorava.

- Não a trate assim, Seu Emiliano. - disse Victoriano abraçando sua amada. - Inês e eu nos gostamos. O que sentimos um pelo outro é sincero.

- É verdade, papai. Eu amo o Victoriano. - disse Inês.

- E eu a Inês. - disse Victoriano. - Nós vamos nos casar.

- Victoriano? - surpreendeu-se Inês.

- O que?! Casar com essa daí?! - exclamou Don Evandro.

- O nome dela é Inês! Eu a amo e quero me casar com ela!... E você, meu amor? - pergunta Victoriano.


Inês se sente emocionada.


- Sim, eu também quero, meu amor! - ela responde.

- Seu Emiliano, eu quero pedir a mão da Inês em casamento. - disse Victoriano.

- Eu te proíbo, Victoriano! - disse Don Evandro.

- Não estou pedindo nada ao senhor, meu pai! - disse Victoriano. - Então, seu Emiliano? O que o senhor me diz?


Inês estava nervosa e feliz ao mesmo tempo, comprovara que Victoriano a amava de verdade e estava disposto a tudo.
Seu Emiliano também pôde ver nos olhos de dele, que o rapaz estava decidido. Mas os ânimos estavam muito alterados.


- Vamos embora, Inês e Isabel. - disse Seu Emiliano.

- Mas papai, ... - disse Inês.

- Agora, Inês! - disse Seu Emiliano secamente.

- Vem Inês, obedece o papai. - disse Isabel.


Inês vai se desvencilhando de Victoriano, lentamente.


- Eu não vou desistir de você, meu amor. - disse Victoriano. - Eu prometo.

***

Casa da Família Huerta.

Seu Emiliano passou o caminho inteiro calado. Ao chegarem em casa, continuou do mesmo jeito. Aquilo estava deixando suas filhas apreensivas. Até que ele diz...


- Isabel, me deixe a sós com sua irmã. - ordenou ele.

- Nem pensar! Não vou deixar o senhor bater na Inês! - disse Isabel.

- Por acaso, eu já bati em vocês duas alguma vez, por todos esses anos? - perguntou Seu Emiliano.

- Não, senhor. - disse Isabel.

- Então não vai ser agora que eu vou começar. - disse Seu Emiliano. - Agora saia. Quero falar com Inês. - disse ele.


Isabel deu um abraço em Inês e susssurrou em seu ouvido um "boa sorte", em seguida deu um beijo na testa da irmã e saiu.


- Muito bem, Inês... Agora eu quero a verdade. Até o momento, o que eu sei, é o que Don Evandro me contou. Mas eu quero ouvir de você. - disse Seu Emiliano.


Não havia mais o que esconder. Então, Inês resolve ser honesta com o seu pai sobre os seus sentimentos por Victoriano.


***

Enquanto isso, na fazenda Las Dianas.

O clima era tenso.


- Filho, - disse Dona Constanza. - Eu também gosto muito da Inês. Mas não acha que está se precipitando?

- Foi o único jeito pra que não nos separassem, mãe. - disse Victoriano.

- Eu sei, filho, mas casamento é... - Dona Constanza é interrompida por Evandro.

- Não diga bobagens, mulher! Ele não vai se casar com aquela mocinha "sem eira nem beira"! - disse Don Evandro. - Ele só está fazendo isso pra me afrontar!

- Você acha que o mundo gira em torno de senhor, não é?! - disse Victoriano. - Pois eu vou provar que está errado! Eu vou me casar com a Inês, sim!

- E vão viver de quê? - pergunta Don Evandro.

- Coragem pra trabalhar nunca me faltou! - disse Victoriano.

- E acha que é fácil?!... Casar, constituir familia. Isso quando se tem ajuda. E quando não se tem? Quando tem que viver por sua própria conta?

- O que quer dizer? - pergunta Victoriano confuso.

- Escute bem, Victoriano, se continuar insistindo nessa tentativa pífia de me desafiar, eu deserdo você! - disse Don Evandro.

- Evandro, não! - protestou Dona Constanza.

- Eu estou falando sério, mulher! - se vira para Victoroano. - Ouviu bem, rapaz? Se insistir nisso, você deixa de ser o meu filho!


Victoriano não era de voltar a trás, e nisso ele era como seu pai.


- Pois muito bem, Don Evandro. A partir de hoje o senhor pode se considerar sem filho! - disse Victoriano saindo.


***

De volta à casa da Família Huerta.

Seu Emiliano escutou a filha atentamemte.


- E é isso pai. - disse Inês. - As coisas aconteceram assim. Victoriano e eu nos amamos, pai. E ele sempre foi um cavalheiro comigo, nunca me desrespeitou.

- Filha, o que me dói é que eu fui o último a saber. - disse Seu Emiliano.

- Eu sinto muito, papai. - disse Inês. - Não queria que o senhor soubesse de tudo assim. Victoriano e eu estávamos esperando o melhor momento pra contar.

- Pra esse tipo de coisa, Inês, não existe o melhor ou pior momento, ou você conta ou não conta. - disse Emiliano.

- Eu sei, pai. Mas o Victoriano me ama. - disse Inês.

- Eu não duvido. Ele desafiou o pai dele, e estava disposto a me enfrentar. Mas as coisas não são assim tão simples, filha. Estamos falando de Victoriano Santos, filho de Don Evandro, que acaba de nos tocar pra fora de sua fazenda.

- Eu não queria que as coisas acabassem desse jeito pai. Eu sinto muito. - disse Inês.

- Eu também, filha. Eu também. - disse Seu Emiliano.


***

Era madrugada.

Inês acorda com o ruído de pedrinhas em sua janela. Ela abre e...


- Victoriano! - ela sorri.


Ele estava montado em seu cavalo.


- Olá, "mi morenita"! Te acordei? - ele também sorrindo.

- Na verdade, não. Meu sono é leve. - ela responde. - Mas o que faz aqui? Alguém pode te ver! - ela sussurra.

- Precisamos conversar. É importante. - disse Victoriano. - Vem comigo. - ele lhe estende a mão.

- A essa hora?! Não posso! - disse Inês.

- Confie em mim, meu amor. Venha. - disse Victoriano.


Ela o amava tanto que confiava nele em qualquer circunstância.
Inês apenas troca sua roupa de dormir por um vestidinho simples e um chale. Ela sai pela janela, e os dois saem a galope.













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