ÚLTIMO CAPÍTULO. (Part. 1)
No capítulo anterior…
- O que foi, morenita?… Aconteceu alguma coisa?… Alejandro ou as meninas…?!
- Não, meu amor. Acalme-se, está tudo bem por lá. Eles estão bem, só estão com saudades de nós. - disse ela.
- Então, por que essa cara? O que houve?
- Isso aqui é pra você. - disse ela lhe entregando o envelope.
- Mas o que é isso?
- Uma carta pra você. Do seu pai.
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Victoriano ficou sério de repente. Pegou a carta, mas não abriu.
- O que diz aqui? - ele pergunta.
- Eu não sei, Victoriano. Ele a deixou pra você, eu jamais iria abrir pra ver.
- Pois deveria ter aberto, pois a mim não interessa o que tem aqui. Nem o que ele tenha a me dizer. - disse ele jogando o envelope em cima da mesinha de centro.
- Victoriano, - disse ela pegando o envelope outra vez. -, pare de guardar tanto rancor do seu pai.
- Como quer que eu não guarde, Inês?!… Você se esqueceu do que ele fez?!… Ficamos separados por anos, por causa da mentira que ele inventou, ele foi capaz de te chantagear pra que você fosse embora e me deixasse!… E você quer que eu ainda o perdoe?! - disse Victoriano indignado.
- Se você deve perdoar o seu pai, ou não,isso é uma decisão unicamente sua, Victoriano. - disse Inês. - Mas, o que eu sei é que não dá pra se planejar um futuro, enquanto os fantasmas do passado ainda rondarem você. - disse ela lhe entregando o envelope mais uma vez.
Dessa vez, Victoriano o segura e fica pensativo.
- Eu vou deixar você sozinho. - disse ela.
Victoriano ainda estava relutante deveria abrir, ou não. Entretanto, ele reconhecia que Inês tinha razão. Haviam algumas questões do passado que precisavam ser esclarecidas, e talvez, as respostas pudessem estar ali, naquela carta.
Ele senta, abre o envelope e começa a ler."Meu filho,
Lhe dizer essas palavras foi a coisa mais difícil pela qual já tive que passar, e se estou escrevendo é porque nunca tive coragem de lhe dizê-las pessoalmente. Porém, quando se sente a morte cada vez mais perto, percebemos os nossos erros com mais clareza.
Não fui o pai mais carinhoso, ou mais amoroso, e disso tenho plena consciência. Sempre me orgulhou dizer que eu era um homem que cuidava da minha família, que sempre trabalhei duro para dar à você e a sua mãe tudo do bom e do melhor, mas, infelizmente, o amor e a compreensão eu fiquei devendo. E muito.
O meu jeito intolerante, fez com que eu fosse capaz do ato mais cruel e mesquinho de todos. Algo que me envergonha tanto que, eu não tive coragem de lhe contar e nem a sua mãe.
Emiliano, pai de sua amada Inês (e nesse caso, eu não estou sendo irônico, pois sei o quanto você a ama.), só foi parar na cadeia porque eu armei para que isso acontecesse. O Loreto, (que eu espero sinceramente , que já esteja morto!) me ajudou nesse plano sórdido. Ele roubou uma grande quantia em dinheiro de outro fazendeiro e as escondeu na casa de Emiliano. Logo em seguida ele fez a denúncia anônima, e o resto… Imagino que você já saiba a essa altura.
Não há um único dia, nesse resto de vida, que eu não me arrependa do que fiz. Eu achava que ela não era digna de você, por isso os afastei. Meu Deus!… Como eu estava errado!… Fazendo isso, só o que consegui foi o seu desprezo e o de sua mãe, qua não fala mais comigo desde que descobriu essa infâmia da qual eu fiz parte.
Sei que é muito, muito tarde para pedir o seu perdão, meu filho. Porém, eu não podia partir desse mundo com essa culpa.
Quero que saiba, Victoriano, que mesmo que eu nunca tenha demonstrado como deveria, eu sempre o amei. E onde quer que esteja, saiba também que não há um dia em que eu não peça perdão à Deus pelo que fiz, e rezo para que, algum dia você reencontre a sua Inês e que juntos possam, finalmente, encontrar a felicidade da qual eu os privei.
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Fuiste Mía
FanficInês e Victoriano se conheceram na juventude. Ele, era filho dos patrões; Inês era filha dos empregados da fazenda, mas isso nunca foi empecilho para que uma linda amizade surgisse entre os dois e também o amor. Porém, o destino conspira para que...