Capítulo 07

7.2K 457 68
                                    

Quando eu vi ele já estava me beijando. Foi impossível não corresponder. O beijo começou leve, doce, mas logo se tornou algo mais quente e feroz, ele colocou uma mão na minha cintura e outra no meu rosto e eu coloquei a mão no pescoço dele, puxando um pouco seu cabelo. Nos separamos por falta de ar, mas nossos corpos ainda estavam colados.

- Isso não devia ter acontecido - digo.

- Gatinha, olha, se esse é meu presente. Gostei - porque ele está falando assim??

- Primeiro que você que me beijou. E você tem namorada, é errado - eu digo me afastando dele.

- Eu tenho namorada? - ele parece um pouco intrigado.

- Sim, é aquela menina que você tava beijando aquele dia no shopping não é? - respondo, começando a ficar com raiva.

- Aquela? Ah, nem lembro o nome dela, era só mais uma - ele diz de um jeito, como se realmente não se importasse.

- Mais uma? Igual eu né? - eu sabia que ele era um idiota. Me forço a ficar firme.

- Talvez... - ele não olha nos meus olhos.

Eu viro e saio praticamente correndo, e faço de tudo para me convencer de que essas lágrimas são de raiva e não de... esquece, como eu sou idiota!

Saio do shopping e ando pelas ruas escuras que levam até o apartamento, eu fugi como uma perdedora, mas não podia deixar ele me abalada, com certeza agora ele deve estar rindo da minha cara.

De repente um homem aparece na minha frente e faz eu parar.

- Ei mocinha aonde vai tão tarde?

Eu ignoro e tento passar, mais ele não deixa.

- Me dá licença - digo, ríspida. Ele agarra meu braço - Quem é você? Me larga!! - falo mais alto.

- Ei calma aí mocinha, vem aqui, vem - eu fico com meio do seu toque e ele começa a querer me puxar pra um beco.

- Me solta! - eu grito e tento soltar a minha mão, mas ele é forte, é inútil. Eu olho em volta e não tem ninguém por perto. O que esse louco quer fazer comigo?

Ele chega mais perto e eu sinto cheiro de bebida. Ele coloca a mão nos meus seios.

- Socorro! - eu grito alto e ele me dá um tapa bem forte na cara.

- Cala a boca garota! Senão vai ser pior pra você - nesse momento eu fecho os olhos e sinto ele escorregando a mão debaixo da minha saia. Porque eu tinha que vir de saia? Porque eu tinha de fugir? Porque eu deixei aquele idiota me beijar? Porque comigo? Sinto as lágrimas descerem pelo meu rosto. Ouço um barulho parecido com um soco e percebo que o cara me soltou. Abro os olhos e vejo que um outro homem está batendo muito no cara, mas ele merece.

Fecho os olhos novamente e me encolho no canto chorando igual uma louca. A briga terminou e sinto que alguém se agachou do meu lado e colocou a mão no meu joelho, em me encolho mais. A pessoa pega meu rosto e vira para eu olhar pra ela.

- Vitor?

*****
VITOR

Ouço um barulho parecido com o grito por socorro, olho dentro do beco e vejo que uma menina ruiva está debaixo de um cara ele parece estar se aproveitar dela, ela está chorando, chego mais perto e dou um soco no cara, começo bater nele, que não é tão forte assim, a menina está encolhida no chão e o homem foge gemendo de dor. Eu pego o rosto dela e viro pra mim e vejo que é a Sophie.

- Vitor? - ela pergunta

- O que aconteceu? - ela está chorando muito.

- Esse cara estava tentando me... me... - ela não consegue terminar de falar, entre os soluços.

- Vem aqui... - ela me abraça, desesperada. Eu sento ao seu lado e aperto mais ela contra mim. - Vamos embora.

Sinto a cabeça dela em meu peito fazendo um sinal de "sim". Vamos até o carro, não falamos nada o caminho inteiro, ela ficava olhando para o vidro, mas eu via que estava chorando. Chegamos no prédio. O porteiro vem abrir o portão para eu entrar com o carro, estranho porque é elétrico.

- Boa noite senhor, desculpe mais estamos sem energia elétrica. - o homem fala.

Que ótimo.

- O elevador não está funcionando, então usem as escadas, lá tem luz de emergência.

- Ok - entro com o carro. O apartamento é no 14º andar... E com ela aqui nesse estado... Saio do carro e vou abrir a porta para ela, estendo a mão para ajudá-la, ela parou de chorar e me olha com uma cara de puro ódio.

- Não me toca!

- Eu acabo de salvar sua vida e é assim que você me agradece??!

- Olha, garoto, sou grata por você ter me tirado das mãos daquele homem e só! Se não fosse por você ele nem teria me pegado, pra começo de conversa. Pensa que só porque me ajudou que agora eu vou deixar você fazer o que quiser comigo? Eu sou só mais uma! Ou já esqueceu?

É... Não esqueci... Antes de eu respondê-la, ela já está correndo rumo as escadas. Vejo ela indo embora, e sinto meu coração ficar apertado...

*****
SOPHIE

Saio correndo. Não conseguia nem olhar mais na cara dele. Sim, ele salvou minha vida, mais eu não esqueço o que ele me falou minutos antes. Na verdade é tudo culpa dele! Se ele não fosse um idiota, eu não sairia correndo rumo aquele desgraçado!

Subo as escadas correndo, porra, porque o apartamento tinha que ser no  14º andar? Porque tinha que acabar a droga da energia?

Por volta do 7º andar, eu começo a escutar passos atrás de mim. Começo a subir mais rápido, só que não enxergo direito, pois essas luzes de emergência não ajudam muito. Eu tropeço e caio quase de cara em degrau, se não fosse pelas minhas mãos que seguram na parede. Os passos estão mais perto, merda acho que torci o pé.

Vejo o rosto da pessoa, exatamente quem eu pensava.

- O que você está fazendo aqui?

- Você realmente acha que o mundo roda em torno de você né garota? Estou indo pro apartamento, que infelizmente estou dividindo com você! - o Vitor fala com os olhos faiscando.

- Só porque você deve ser o garotinho filhinho de mamãe, que tem tudo o que quer, dinheiro, garotas, amigos... Quer dizer, falsos amigos né. Toda garota deve cair aos seus pés não é mesmo? O popularzinho riquinho que paga de o fodão na frente dos outros, mas que por dentro é vazio, frio, sem amor. Sabe que a sua vida é uma mentira, não sabe? - eu falo com a voz baixa e grossa, mostrando toda a minha raiva.

Ele não respondeu, mas na hora eu percebi que estava certa.

- E você não passa de uma vadiazinha mimada que pensa que tudo gira em torno do seu mundinho cor-de-rosa!

- Olha só moleque, você não sabe de nada da minha vida, então cala a boca!! Quer saber? Preferia que aquele homem nojento me tocasse do que você!

Com isso ele voltou a subir os degraus e saiu sem falar nada. Nós tínhamos gritado muito com certeza iria acordar os vizinhos, mas eu não me importava. Eu sabia que quase tudo que eu falei era da boca pra fora, mas o que ele disse me machucou. Recomecei a chorar.

Depois de uns 10 minutos, eu levantei, sequei as lágrimas e fui em direção ao apartamento, em direção a minha tortura.

O garoto loiroOnde histórias criam vida. Descubra agora