O garoto loiro

Capítulo 28

Entrei no carro com a mãe dele dirigindo, ela me disse um "oi", acho que ela não gosta de mim desde o acidente. Seguimos o caminho, mas antes paramos no mercado.

- Vem, vamos comprar algumas coisas. - Vitor diz.

Ele me puxa pra fora do carro, a mãe dele fica. Vou buscar um carrinho e dou pra ele. Vamos até a seção de salgadinhos, ele pega vários e coloca no carrinho, então eu tenho uma ideia.

Vou até à frente do carrinho e subo em cima, sentando. De repente sinto um tranco e o carrinho andando rápido. Me seguro mais forte, e olho pra trás rindo.

Nós saímos correndo igual uns retardados pelo mercado, ele empurrando e eu em cima. Uns funcionários olham feio pra nós, mas nem ligamos. Pegamos outras coisas, como refrigerante, suco, energético, bolacha e vamos até o caixa. Eu estou rindo igual uma louca. A funcionária, uma mulher mais velha olha com uma cara engraçada pra nós.

- Esses jovens apaixonados... - ela ri.

- O quê? - ainda estou rindo - Não, odeio ele - empurro-o de leve.

- Ela me ama - ele me abraça.

- Amo nada - ele paga e vamos embora. Entramos no carro e vamos até a casa dele, sua mãe nos deixa sozinhos porque tem que voltar pro trabalho.

Entramos, ainda é de tardezinha e o jogo é daqui a umas tres horas, então tenho tempo de fazer a tarefa, já que estou com a minha mochila.

Com a maior calma do mundo, sigo ele até seu quarto. Tiro meu tênis e sento na sua cama, tiro o material e começo a fazer.

- O que você tá fazendo? - pergunta.

- Tarefa.

- Que tarefa?

- Mas se vê que é um aluno exemplar, até eu que perdi uma aula por causa da Izabelle sei.

- Vish, me passa.

- Não, você vai fazer - mostro o que tem que fazer, pra mim é muito fácil, exercícios de português e história, mas ele faz uma cara de "quê?!" Eu rio.

- Do que você tá rindo?

- Você não tem a mínima ideia do que está aqui né?

- É... não.

Tento explicar pra ele a matéria. Mas depois de um tempo desisto.

- Você é burro ein? Meu Deus!

- Não fala isso! - ele faz aquela carinha de cachorro sem dono. Explico mais uma vez.

- Acho que entendi... - aleluia! Olho no relógio e já se passaram duas horas! Pergunto sobre a mãe dele e ele diz que ela só volta mais tarde, sua empregada já foi embora.

- Tô com fome.

- Claro que está. Acho que deve ter macarrão, eu faço.

- Você cozinha?

- Sei me virar - dá de ombros.

Descemos e ele vai colocar água pra ferver. Põe o macarrão e vai fazer o molho.

- Deixa eu ajudar...! - insisto.

- Não.

Depois de um tempo, já está pronto. Ele coloca um pouco pra mim antes, para experimentar. Coloco na boca e está realmente muito gostoso.

- Hmm, gostoso - ele estava me olhando com cara de expectativa. Depois disso, coloca para ele e come também. Começamos a conversar.

- E o que deu em você hoje?

- Eu não sei. Quando vi meu cabelo daquele jeito, fiquei louca, não gosto daquela garota! Fiquei quase uma hora penteando-o no banheiro depois. Também não sei o que ela garota tem contra mim...

- Ela sabe o efeito que você tem sobre mim...

- O quê?

- Você sabe, Sophie - depois disso, fica um silêncio. O que ele quer dizer com "você sabe, Sophie" ?? Eu não entendo, ele sempre diz em códigos.

- Ah... Vamos subir, já vai começar - muda de assunto.

Subimos de novo, vou até minha mochila e tiro minha arma secreta: uma camisa do meu time autografada pelo seu melhor jogador. Só pra provocar, sem ir ao banheiro, me viro de costas pra ele, tiro minha camiseta da escola, ficando só com um top que estava por baixo. Coloco a camisa logo em seguida, olho pra trás e seus olhos estão presos em mim, agora, presos nos meu olhos, eu não consigo desviar o olhar. Finalmente corto nossa visão, dou um sorriso pra ele e me sento na sua cama pra assistir o jogo que já vai começar.