O garoto loiro

Capítulo 44

- O quê? - sinto minha boca secar, minhas pernas estão moles e eu não consigo falar direito.

- Foi ele! Ele me fez perder o controle! Como você pôde?!

- Do que você está falando? Eu não fiz nada - o Vitor responde com a voz controlada.

Eu estou em estado de choque, não consigo me mexer.

- Sophie! - uma voz me chama, parece ser do Thiago...

- Sophie! - outra voz masculina, essa é mais conhecida e me faz lembrar bons momentos.

- Sophie! Você tá parecendo uma folha de papel! - dessa vez é uma voz feminina, Sarah.

Meu cérebro dá um clique e parece acordar, meus olhos se enchem de lágrimas e eu saio correndo.

Passo pelos corredores correndo, as pessoas olham pra mim e eu tento ignorar, tampando o rosto e escondendo minhas lágrimas.

Chego no portão da escola e saio, paro de correr e vou andando até uma praça que tem aqui perto, sento em um banco e as lágrimas não param.

E agora? Quem estará dizendo a verdade?? Ainda é de manhã, eu não posso voltar para casa, mas também não conseguiria ficar nessa escola... 

- Sophie? - uma voz me tira dos meus pensamentos e lamentações, me viro e vejo Gabriel, com as mãos nos bolsos e um olhar preocupado.

- Oi - tento limpar as lágrimas e dou um meio sorriso.

- Tá tudo bem? Eu vi você correndo daquele jeito e vim atrás de você.

- Tudo bem - me viro para frente e trago as pernas até meu peito, abraçando-as e colocando a cabeça entre elas.

Sinto que ele senta ao meu lado, mas não me mexo, solto um soluço sem querer e sinto seus braços ao meu redor.

Quando ele me abraça, recomeço a chorar. Ele segura no meu queixo e me faz olhá-lo.

- Olha aqui... O que foi??

- Nada - gaguejo.

- Sua maquiagem está borrada - ele passa o polegar em baixo do meu olho, devo estar mesmo parecendo um panda por causa do meu rímel e dessa choradeira toda.

Sorrio com a sua ação.

- Quer voltar para escola? - nego com a cabeça - Quer que eu te leve pra casa?

- Não posso...

- Então vem comigo - ele se levanta e me estende a mão - Eu sei de um lugar que você vai gostar...

Me levanto e pego a mão dele. Não sei se deveria confiar, mas eu não consigo pensar direito agora, então eu vou.