Prólogo -Isabelle

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Tudo no castelo da Senhora da Morte era pedra. Cinza, frio, morto. Uma enorme estrutura cavernosa esculpida no interior de uma montanha rochosa. A decoração não dispunha da nada além do duro material, poderosas lâmparinas a óleo e comida. Nada de plantas, nada de animais; apenas pedra. A escada em espiral que levava ao primeiro plano começava em uma abertura protegida por guardas. Isabelle não precisava se identificar. Ela bufava pelo cansaso em antecipação que sabia que sentiria ao enfrentar todos aqueles degraus e os homens curvavam-se para ela. É bom que se curvem. Ela pensava.

Conforme aproximava-se do salão principal do Castelo de Pedra, os sons de risadas grotescas aumentavam. Mais um par de guardas com armadura e lanças curvaram-se antes dela entrar na sala do trono. Estava vazia. As risadas vinham de alguma sala ao lado. O Trono de Pedra não dava a mínima para sua presença. Não reluzia mais brihante sob a luz das lâmparinas, não chamava por Isabelle. Era uma simples cadeira de encosto alto esculpida e polida cuidadosamente na mesma pedra que enchia todos os outros cômodos daquele lugar. Ainda assim, era majestoso. Tabata devia estar em seus aposentos, descansando. Estava cada vez mais forte e logo estaria pronta. Isabelle suspirou. Algo se quebrou na sala ao lado e risadas ainda mais escandalosas fizeram-se ouvir. A menina continuou a caminhar em direção a seu quarto. Dispensou as criadas, encheu sua banheira e despiu-se com pressa. Era realmente muita sorte não ter encontrado-se com Pedro no caminho até ali. Devia estar enfiado debaixo das saias de Tabata, ou irritando algum novo recruta. 

Mergulhou a cabeça na banheira assim que entrou. Ali, imersa n'água fria, ela quase encontrava seu momento de paz. Ficou imersa até as bolhas pararem de sair de sua boca, então levantou-se e terminou o banho. Passou a esponja macia com cuidado nos cortes e mordidas. Não todas eram de cães. Pedro tinha o péssimo hábito de aparecer de repente e morder seu pescoço. Ele achava engraçado. Pedro Satomak era doente, um verdadeiro psicopata. Isabelle acreditava que era por isso que Tabata o adorava tanto.

-Serás meu rei –ela dizia a ele. –E nossa pequena Belle será a princesa da nova era.

Ser a princesa da nova era é o que espero. Ela pensava. Todo esse sacrifício valeria a pena. Sua família, seus amigos, Dave Fellows... Tudo valeria a pena assim que fosse coroada. Usaria uma fina coroa de ágata preta e branca e um vestido de tule preto e corpete verde com caveiras pratas estampadas. Sentaria no trono de pedra, triunfante. Reinaria o reino dos mortos com maestria. Estava longe de chegar lá, e tinha coisas que precisava fazer.

Pedro tinha uma ideia que vinha sendo colocada em prática ha um tempo. Tabata adorara. Isabelle detestara cada parte do plano, mas sua senhora precisava dela, e Isabelle precisava que Tabata desse o próximo passo na guerra de Érestha. Precisava que avançassem rápido com isso tudo. Estava morrendo de medo, mas pelo menos não tinha mais que ver Alícia Weis. Não até iniciar a segunda parte de seu plano. Chorara muito durante as noites. Dessa vez, tinha certeza que Dave não a perdoaria.

Deixou que mais uma lágrima escorresse por seu rosto. Evitava pensar no pai, na mãe e no irmão. Chegara muito perto se acabar com a própria vida após Alícia Weis mencionar o sofrimento deles. Só não o fizera pois sua rainha precisava dela. O único pensamento que a mantinha sã era Dave Fellows. O sorriso dele, seus olhos, todo o apoio que ele lhe dera quando precisava.

-É uma paixão proibida, –Pedro comentara –uma paixão perigosa. Assim fica bem mais excitante, não é, caixinhos da morte?

Ela atirara uma pêra nele ao ouvir aquilo. Odiava quando ele a chamava daquele jeito. Não sabia por que ainda insistia em conversar com ele. Talvez por que fosse o único dos psicopatas de Tabata que não queria devorá-la.

Saiu da banheira, secou-se e vestiu-se. Pôs suas botas pretas e calças jeans. Por cima do corpete vermelho e preto, vestiu uma jaqueta de couro. Apenas por precaução, estava levando sua espada. Passou um pouco de maquiagem e seu perfume doce. Não conseguiu esconder o arranhão acima da sobrancelha, mas não se importava. Antes de sair para vê-lo uma última vez antes da traição de Tabata, ela olhou-se no espelho.

-Não sou uma traidora –repetiu pela milésima vez e foi embora, escondida. Tinha que voltar antes do nascer do sol.

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EEEEEI
OI
TUDO BOM? Hehe
Gente, ta ai postado, lindo e maravilhoso o prólogo do livro três. Estou amando escrevê-lo e espero que vocês amem também hehe. Beijos!!!
Vlw flw

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora