VI -Riley

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A irmã não parecia muito feliz de estar ali. Riley nao estava feliz de mentir para a mãe. A porta da frente da casa de Adnei estava esperando animadamente pelo punho de um dos dois. Nenhum parecia querer bater. Adnei havia mandado uma mensagem para Riley convidando-os para almoçar naquela quinta-feira. Eles haviam descoberto recentemente que o pai ainda era vivo e onde morava. Eles pensaram sériamente em dizer que não iriam, mas simplesmente não havia um bom motivo para dizer que não. O homem estava tentando. Eles poderiam ao menos se esforçar. Alícia deixava bem claro que não estava a fim de fazer as pazer com ele. Em fato, parecia que ela queria deixa-lo irado. Riley ficaria. Ela escolhera seu shorts mais curto e uma blusa colorida justa de mais. Ele sabia que esse tipo de roupa era usado por ela em seus encontros com Laura Sousa, e isso sozinho já era suficiente para deixar o menino desconfortável. Ela revirou os olhos e bateu três vezes. Adnei abriu a porta com um sorriso enorme. Vestia um avental de cozinha manchado de molho vermelho.

-Oi crianças –ele abriu espaço entre ele e a porta. –Por favor, entrem.

Os gêmeos apenas sorriram para ele e deram um passo a frente, tímidos. Alícia segurava seu colar inconsientemente. Riley sempre conseguia achar algo para dizer, e ele tinha até a porta se fechar para pensar em alguma coisa, ou tinha certeza de que cairiam sobre um silêncio constrangedor. Mas não foi preciso.

-Como vocês estão? Com fome? –Só então Adnei fechou a porta de casa.

Indicou para que os dois se sentassem ao balcão da cozinha, onde haviam três pratos, três copos e talheres. Eles sentaram-se e responderam tudo de uma maneira genérica. Adnei parecia nervoso, assim como eles, e foi ai que Riley percebeu o quão ridícula aquela situação era. Seu próprio pai estava acanhado em começar uma conversa duradoura, e isso não deveria ser assim. Ele não sabia se gostava de Adnei e sabia que nunca o consideraria um pai, mas podia ao menos manter uma relação de respeito com ele. Algo que fosse menos embaraçoso. O homem continuou a conversar com os dois enquanto os servia de macarrão.

-E... me desculpem a pergunta, mas não ouviram nada de Pedro Satomak, não é mesmo? –ele perguntou. Riley odiava aquele nome. Um assassino em massa lhe dava uma sensação de paz. Era doentio. Eles dois balançaram a cabeça, negando. –Bom.

Todos colocaram a comida na boca o mais rápido que conseguiram para evitar ter que falar mais. A casa de Adnei Frederickson era muito simples, rústica, mas muito aconchegante. O dia estava quente, era verão em Érestha, mas mesmo assim a lareira estava acessa. Em frene a essa, embrulhado em um cobertor, encontrava-se um ovo de dragão. O homem insistia em tentar fazê-lo chocar, mas Riley ja perdera as esperanças. Fazia quase seis meses que ele ficava próximo à lareira, esquentando, e até agora não havia nenhuma rachadura na casca. De repente, ele parou de mastigar o macarrão. Olhou na direção da irmã e os dois entraram em acordo automaticamente.

-Algum problema? –Adnei perguntou, limpando o rosto num guardanapo.

-Essa é a receita da minha mãe –Alícia falou, num tom de voz baixo. –Exatamente como ela faz.

Adne pareceu desconfortável no início, mas então sua boca abriu-se em um sorriso.

-Costumava ser nossa receita. Sua mãe e eu sempre gostamos de cozinhar juntos. Como ela está?

-Bem –Riley falou sem levantar o olhar para o genitor.

-Ela sabe que vocês estão aqui?

Os gêmeos se encararam. Alícia tinha alguma coisa de enfurecida em seu olhar, e Riley desejou que tivesse forças para pedir que ela não dissesse nada. Mas ele apenas observou-a derrubando o garfo no prato e batendo os punhos no balcão.

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora