XXVI -Missie

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SÓ DIGO QUE:

você não está preparado para isso.


Um travesseiro teria ajudado muito, mas teria que contentar-se com o colo de alguém. Ela sentia sua testa latejando e queria voltar a dormir. Até mesmo pensar doía. Quando abriu os olhos, arrependeu-se. Tudo a sua volta rodou sem mesmo que ela soubesse onde e com quem estava, e caiu na escuridão novamente. Só teve tempo de ouvir a voz de Bia chamando seu nome antes de adormecer.

Então, estava caindo. Dessa vez, não era do Castelo de Mármore, mas das costas de Polliverm. O dragão ruigia para ela, descontente. Voando acima dela estavam Dave e Bia, chacoalhando a cabeça para ela. Riley segurava sua espada, e não estava nada contente de ter Missie ali. Ela gritou por ajuda, mas nenhum dos três se mexeu. Os outros dragões mostrarm suas línguas para ela e Alfos cuspiu fogo em seu corpo. Enquanto caía pelos céus numa bola de chamas, os cavaleiros mortos abaixo de si esperavam-na com as lanças apontadas para cima. Ela pediu mais uma vez que seus amigos a poupassem, mas eles voaram para longe. Foi empalada pela ponta negra de uma lança e foi transportada para outro pesadelo. Estava em casa, jantando na ponta da mesa, a cadeira de seu pai. Martina e Maiara a encaravam com raiva nos olhos.

-Você não é minha filha, por que senta-se na ponta? –a mulher perguntou.

-Acha que é melhor do que nós? –Maiara perguntou. –Volte para seu castelo nos céus e pessa abrigo por lá. Não é você a queridinha da princesa?

As duas levantaram-se e apontaram facas para a menina. Missie tentou defender-se e desculpar-se, mas elas não pararam. Izzie estava sentada no chão, cortando seus cabelos com um sorriso enorme no rosto. "Tchau, tchau, Missie!" ela falava. E sua madrasta a cutucou com a faca, forçando-a a andar. Do lado de fora da casa estava seu pai, chegando do trabalho. Carregava uma pasta preta e uma garrafa vazia. Missie correu até ele, mas foi afastada com força, caindo no chão. O homem erguia-se a sua frente assustadoramente e Missie chorava, pedindo que ele a ouvisse.

-O que você quer agora? –ele falou. Jogou a garrafa no chão e alguns cacos de vidro voaram na perna de Missie. –Já não basta eu ter que lidar com meu emprego, você tem que me irritar, não tem?

-Ela estava na sua cadeira, amor –Martina relatou. –Sentada e comendo na sua cadeira.

-Você não sabe seguir uma ordem? -o homem começou a gritar com ela. –É mais fácil cuidar de Izzie do que de você. Sua mãe teria vergonha. Deveria ter sido você naquele acidente de trem. Você quem deveria estar com problemas, não sua irmã. Deveria ter morrido. Seria melhor para todos nós.

As últimas frases reverberaram em seu cérebro enquando Maiara ria de sua expressão. O pai ainda gritava, mas tudo o que ela ouvia é que sua mãe estaria decepcionada. Martina parecia satisfeita, agarrando-se ao braço de seu pai e rindo. Izzie continuava a falar "Tchau, tchau!", rindo e cortando ainda mais suas mechas louras. O pai levantou a pasta pesada e balançou-a em direção ao rosto de Missie. Antes que pudesse ser atingida, o sonho mudou novamente. Ela estava em um restaurante, amarrada em uma cadeira num canto escuro. À sua frente, todos os seus amigos dançavam ao som de uma de suas músicas favoritas. Pareciam todos terem saido de uma formatura ou algo assim. As meninas estavam de vestidos de gala e os meninos com terno e gravata. Bia aproximou-se dela puxando o braço de Dave. Os dois riam, animados.

-Adivinha só –ela falou. –Eu não preciso de você!

-Ninguém precisa –Dave riu.

Os dois sairam de perto dela e voltaram a dançar juntos. Riley e Alícia estavam ao fundo, conversando e lançando olhares maldosos para ela, decepcionados. Ela gritou para alguém lhe explicar o que estava acontecendo e para solta-la, mas ninguém parecia escuta-la. Algumas pessoas de sua escola passaram por ela também, notando sua falta de habilidade nas aulas de luta e suas notas baixas em educação física. O DJ parou a música e gritou para que todos olhassem para Missie.

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora