IX Missie

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As massagens em suas têmporas não estavam ajudando. Ela respirava fundo, tentando manter a calma e segurar as lágrimas, mas não estava adiantando. Missie adorava sua princesa e seu emprego de representante, mas as vezes era coisa de mais para uma adolescente de quase dezesseis anos de idade. Sabia muito bem que se portava como uma verdadeira cidadã de Tamires. E também sabia que era muito mais do que isso. Por isso ela era a representante. Ela retrtava Tamires em todos os aspéctos. Era obediente, calculista e habilidosa. Missie sabia ouvir, sabia quando falar, sabia quais palavras usar e interpretava muito mais do que apenas vozes. Enxergava a mentira nas curvas do rostos, a ansiedade à fluor da pele e nem precisava do legado de identificadora de auras para isso. Apesar de tudo, Missie desejava ser mais como Tamires. A princesa não se importava. Ela não se apixonava. Tamires não confiava em ninguém. Missie fazia tudo isso em exageiro, e às vezes precisava deixar que lágrimas inundassem seu rosto para poder ver-se livre deles.

A siuação de Érestha não devia estar deixando a menina tão preocupada. Afinal, Tamires havia declarado-se neutra à dois anos. Tinha simplesmente decidido que não ajudaria mais nem o pai e nem a irmã do mal. Escrevera uma carta, instruira Missie à ir até o Castelo de Vidro e fazer seu trabalho: representa-la. Ela estava com apenas quatorze anos quando teve que fazer tudo aquilo. O rei Éres pareceu esquecer-se de que ela era uma criança e fez perguntas de mais, muito complexas, com muita raiva. Aquele dia fora o mais próximo que ela já chegara de desistir do trabalho, mas ao invés disso, segurou o ar em seus pulmões e andou com a cabeça erguida. Agora, após a notícia de que o rei estava falando sobre morte, Tamires começava a se arrepender. Ela estava para iniciar uma reunião com os representantes de Edgar, o príncipe do sol e da lua, e de Teresa, a princesa das águas. Teresa e Edgar eram os irmãos mais próximos de Tamires, e ambos era muito sérios, embora tivessem histórias corrompidas e cheias de crimes declarados pela rainha Thaís. Os representantes eram como Missie: retratos de seus príncipes, e lidar com eles era cansativo. Tamires queria saber se havia alguma maneira de voltar à guerra. De voltar atrás e ajudar seu pai. Parecia ter se esquecido que a dúvida deveria ser levada ao povo, à Thaila, a Éres, e não a seus irmãos favoritos.

As reuniões com Dave, Bia e até Ana Vitória eram muito mais aproveitáveis. Ela encarou-se no espelho do banheiro. Precisava muito descançar ou aquelas olheiras tornariam-se permanentes. O olho prateado refletia fracamente a iluminação do banheiro. Suspirou. Talvez se parecesse sim com Tamires. A princesa preocupava-se com o pai assim como Missie se preocupava com a pequena Izzie, que deveria voltar de mais uma internação naquele mesmo dia. Tamires já fora apaixonada perdidamente pela própria irmã gêmea. Separaram-se por medo e não se viam mais por orgulho. A princesa de Missie perguntava constantemente sobre Tâmara, sobre sua saúde, sobre seu estado mental, e Ana Vitória já contara que Tâmara fazia o mesmo. Era um amor estranho, diferente, assim como todos os amores de Missie. E Tamires confiava. Ela sentiu-se idiota por pensar que a princesa não confiava em ninguém. Confiava nela. Missie podia provar que Tamires tinha um coração, apresar de tudo. Ela realmente era a pessoa perfeita para estar falando no nome da princesa. Respirou fundo mais uma vez e treinou seu sorriso. Ajeitou a camisa, a saia e as sapatilhas. Tudo estava perfeito. Então saiu do banhiro e andou até a sala de reuniões do Castelo de Mármore.

Aquela sala tinha uma janela imensa que deixava a luz entrar. Dali via-se os campos de rosas, os funcionários varrendo as nuvens e o estábulo de pégasus. Missie sentou-se na cadeira da ponta da mesa comprida. Tinha o encosto mais alto e o assento mais macio. Era ali que ela sentia-se uma princesa em seu trono. Era a sua sala de reuniões. Ninguém podia desafia-la ali. Ou não deveria. A porta se abriu e uma das dezenas de empregadas de Tamires anunciou a chegada das pessoas. Missie pôs-se de pé, como aprendera a fazer aos oito anos de idade. Alila Oskovitch foi a primeira a entrar. Era uma mulher de peso; bronzeada e elegante como uma verdadeira legado de Teresa, além de reservada e bastante séria. Uma versão mais pesada da princesa Teresa. Cumprimentou Missie e sentou-se à sua esquerda. Depois, entrou Olímpio Lopez, com cabelos verdes compridos, tatuagens nos dedos, unhas coloridas e desenhos de dinossauros na barba. De início, era difícil para Missie levar Olímpio a sério, principalmente por que Tamires sempre exigia roupas limpas, passadas e cabelos penteados; apresentação exemplar de seus legados. Mas ela logo acostumou-se. Apesar do estilo exótico, Edgar e seus legados tinham uma postura perfeita para todas as situações e sua educação era exemplar. Combinavam muito com os de Tamires. Ela estava preparando-se para sentar e dar início à reunião quando uma terceira pessoa passou pela porta. Bia Vallarrica.

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora