XXV -Missie

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Tudo sobre aquela missão era loucura. Missie estava se perguntando por que tinha aceitado juntar-se a eles desde a noite anterior. Riley não estava no colchão ao seu lado e, apesar do barulho irritante das risadas nervosas e beijos estalados de Bia e Dave, Missie sentiu-se extremamente sozinha. O carioca era irmão da menina sequestrada, Bia sabia sobre algumas coisas e Dave era seu melhor amigo. Missie simplesmente não se encaixava nesse meio. Ela gostava da companhia de Alícia, mas talvez os outros não precisassem dela. Thaila deveria ter levado-os até lá com alguns guardas para acompanha-los. A princesa pareceia com tanta urgência de sair que Missie até assustou-se. Ela preparou a carroagem com as próprias mãos e a ajuda do rei. E eles tinham pelo menos vinte criados acordados àquela hora. Alguma coisa não estva certa e Missie queria ir para casa. Assistir filmes com Izzie, discutir com Maiara, cozinhar com Martina ou sentar-se com seu pai no jardim. Tudo havia sido tão precipitado que nenhum deles tinha suas armas com eles, com exessão de Dave, que parecia carregar Mata-Touro até para ir ao banheiro.

Juliana havia sido muito gentil pela manhã. Ofereceu café, pão, presunto e cereais para os adolescentes, e depois levou-os até os estábulos. Arhem, Krepto e Polliverm estavam selados e alimentando-se. Arhem destruia uma perna de vaca com seus dentes compridos enquanto Krepto mascava folhas e frutas. Polliverm era quase uma lady, comendo pedaços cortados de carne e pequenos ratos brancos com muita classe. Riley estava distraído com algumas serpes e Missie estava esperando ansiosamente para ele dar uma ordem. "Subam nos dragões, vamos acabar logo com isso". Mas ele esperou que Juliana fosse até sua casa e voltasse com quatro mochilas. Dentro de cada uma havia lençóis, água, comida para eles e para os dragões e, na que os meninos carregariam, uma barraca. Ela também providenciou armas para eles. Uma espada de bronze para Riley, que se recuzaria a usar as facas de Alícia que trazia no cinto dela, e um arco e uma aljava cheia para Bia. Obviamente ela não tinha um guarda-chuva quebrado por ali, então Missie contentou-se com uma adaga de ferro. Ela era péssima com lutas corpo-a-corpo, e não sabia se a arma seria útil com seu legado de raios. Apesar de todas essas frustações, voar nas costas de Polliverm era relaxante.

A dragão-fêmea era comportada e voava com classe. Não se encomodava tanto com a sela quanto Arhem. Ou talvez o dragão violeta só estivesse reclamando do peso extra. Bia estava desconfortável na sela, agarrando a cintura de Dave para não cair. Dave estava com dificuldades em conduzir o dragão pelos céus e se preocupar e não derrubar a menina. Ele parecera muito feliz de montar um dragão com as cores de sua princesa. Krepto estava mais a frente, com Riley quieto e concentrado em suas costas. Alfos voava alguns metros abaixo de seu dono, soltando uma bola de fogo ou um grito agudo de vez em quando. Missie não fazia esforço algum. Polliverm era ótima, e estar tão perto do domínio de sua senhora era reconfortante. Sentir o cheiro fraco de rosas que as nuvens tinham e o vento em seus cabelos fazia-a sentir-se em casa. Aparentemente, os dragões sabiam chegar a Celmno sozinhos, mas Missie tinha certeza de que estavam voando em círculos.

A vista dali de cima não era nada impressionante e nem aterrorizante. Florestas de pinheiros com lobos e neve suja, montes de grama velha, vilas abandonadas com cosntruções destruidas e rios de água negra cheios de ossos. Depois de ver a mesma torre redonda três vezes, Missie fez Polliverm mergulhar nos ventos para mais perto de Krepto. O olhar de Riley era assustador e de dar dó ao mesmo tempo. Dois dias atrás eles estavam discutindo como ele era divertido e engraçado. Agora, ele tinha um rastro de lágrimas secas nas bochechas, dentes serrados e olheiras monstruosas. Missie teve que gritar para ser ouvida.

-Acho que os dragões estão confusos. Ou perdidos.

-Também percebi isso –ele gritou de volta. –Deveríamos descer?

-Você é quem sabe, sor Líder da Missão de resgate.

Ele não sorriu. Gritou para Dave pousar e conduziu Krepto com facilidade para o chão. Missie não queria descer, preferia o céu, mas obedeceu. Alfos deu algumas piruetas no ar antes de seguir os dragões maiores. Arhem pousou pesadamente no chão e fez Bia e Dave morderem suas línguas. Krepto agitou tanto as asas que levantou muita poeira e atrapalhou a visão de Plliverm. Mesmo assim, ela pousou com graça e Missie desceu de suas costas com facilidade. A torre que vira de cima estava à sua esquerda, e Alfos pousou em cima dela. Algumas pedras soltas rolram lá de cima e atingiram a cabça de Arhem. O dragão rugiu para o pequeno e Alfos cuspiu fogo no grandalhão. Ele nem se importou. A torre era alta, feita de pedras brancas e lisas encaixadas uma nas outras, e estava sozinha em um campo enevoado de lama seca. Haviam morros mais ao fundo, com grama e animais agitados, e uma pequena floresta de árvores sem folhas à direita. Bia puxou a mão de Dave para dar uma volta na torre, enquanto Riley dava uma cenoura com alcaçuz para Krepto e perguntava se estava tudo certo.

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora