XVIII -Dave

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-Por que uma cantina Italiana? Estamos em Paris!

-Porque Missie Skyes é uma idiota.

Missie limitou-se a sorrir e tomar outro gole de seu suco de laranja. O endereço realmente era um restaurante italiano numa pequena rua não muito longe da Torre Eiffel. Eles demoraram dez minutos para situar-se e acertarem a localização. Missie não se importou tanto com o atraso e quase engasgou-se de rir quando ele contaram sobre a Passagem da Torre. A explicação para o restaurante ser de culinária italiana e não francesa era simplesmente o fato de ela estar com vontade de almoçar calzones. O local chamava-se Capriccio Fiorentino e era bastante aconchegante. Havia um balcão de vidro com comidas e estantes marrons atrás destas, com café, vinhos e macarrão italiano. As cadeiras tinham o encosto preto e almofadas brancas. Os cinco sentaram-se muito confortavelmente. Dave estava ao lado de Bia, de costas para o balcão e de cara com um espelho. Alícia estava na ponta, com Riley à sua direita e Missie à direita dele. Bia pediu uma pizza que queria dividir com Dave e ele concordou. Riley ficou na dúvida entre lasagna e spaghetti carbonara e pediu os dois. Alícia não quis nada além de água com gás e disse que comeria dos pratos do irmão.

-Vamos, começem a falar em termos tecnicos e puxar assuntos banais como nas reuniões de verdade! –Riley pediu, animado. Missie estava adorando a felicidade e inocência dele.

-Se estivesse fazendo isso a oito anos, como eu, ficaria extremamente entediado, acredite.

-Uau, que incentivo –Dave falou, tirando o bloco e a caneta esferográfica do bolso.

-Você tem a gente, Fellows –Bia disse, abraçando o braço esquerdo do menino de olhos azuis brilhantes e repousando sua cabeça em seu ombro. –E agora eu e Missie não temos que sobreviver sozinhas. Fica cada vez melhor.

A garçonete entregou os pedidos e Missie deu um útimo gole em seu suco antes de arrumar sua postura na cadeira. Ela estava muito radiante naquela tarde. Missie sempre tinha um sorriso bondoso e um olhar acolhedor, mesmo com o olho morto. Mas ali, em seu país de origem, ela parecia ainda mais simpática e gentil do que nunca. Sentia-se à vontade com as pessoas e com o ambiente. Os cabelos tinham mais brilho e pareciam dançar com o mínimo movimento. Seus dedos, inquietos, tamborilavam na mesa uma melodia qualquer. Os lábios não conseguiam abandonar o sorriso. Seu olho bom coduzia-o para uma viagem relaxante e feliz. Dave sempre achava que havia alguma preocupação por de trás das feições dela, mas não naquele dia; não em Paris. Ele desejou que ela pudesse levar essa paz de volta para Érestha e sorrir daquela forma mais vezes. Missie merecia. Bia cortou um pedaço da pizza e levou o garfo para perto de Dave para que ele experimentasse. Não era tão boa quanto a receita de Tia Madalena.

-Podemos? –Missie perguntou, ajustando a gola da camisa. –Ou precisam de mais tempo para terminarem de se serivir?

Bia atirou um guardanapo nela e ela tomou como suficiente para iniciar a reunião. Riley apoiou o queixo na mão e o cotovelo na mesa, olhando, interessado. Alícia estava distante, nem havia aberto a garrafa d'água.

-Bom, primeiramente, Thaila está muito contente com a decisão de Tamires –Dave disse, tomando um gole de sua bebida antes de continuar. –Ela nem esperou eu dizer mais nada e já saiu gritando por seu pai.

-Então Éres já sabe? De tudo?

-Sim. Quer dizer, sabe que Tamires quer ajudar. E a apoia. Mas ele está preocupado. Quer saber o que ela pretende fazer para convencer seu povo a voltar à guerra.

-Bom, esse é um assunto mais delicado –ela remexeu-se inquieta. Tomou mais de sua laranjada. –Ela queria contar sobre o sonho que o rei Éres teve com a rainha.

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora