XXI -Riley

46 6 3
                                    

O castelo de Teresa era muito impressionante. Riley queria carregar uma câmera para tirar fotos de cada centímetro e mostrar para Alícia mais tarde. Ele achava que seria muito mais legal se fosse um castelo de areia. Sempre fora um desejo construir um castelo grande o suficiente para entrar e brincar. Ele e Alícia haviam construido uma estrutura que chegava até sua cintura, quando estavam com oito ou nove anos, na praia de Copacabana. Estavam aumentando-a, mas a areia cedeu e a água do mar destruiu todo o seu trabalho. Depois, construir castelos de areia não era mais tão legal. Ainda assim, Riley adoraria poder contar que já entrara em um. Mas o Castelo de Conchas era bom o suficiente. Dave já havia dito que o salão principal de todos os castelos eram a sala do trono. Riley já esteve no Castelo de Marfim, com as peles no chão, aves empalhadas no teto e trono de ouro; e no Castelo de Mármore, com o trono azul flutuante e o mosaico de vidro. Mas ele gostou muito mais daquele salão.

Era extenso e muito alto. Do teto, lustres de cistal desciam por cordas feitas de alga. As conchas nas paredes e os lustres desligados deixavam o ambiente um pouco escuro. À direita, havia uma varanda que acompanhava toda a extensão do salão. Não havia portas para acessa-la, apenas colunas que dividiam a parede. O chão era todo de água corrente. Alguns peixes nadavam por ali. Um caminho de conchas coladas em areia levava até o trono e dividia-se para portas à esquerda e deixava um círculo em volta do trono. Estas portas não eram de madeira e nem de ouro. Eram finas cascatas d'água. Já o trono, por sua vez, era feito de areia e estava mergulhado em água. Apenas via-se o assento e o encosto. Teresa estava sentada ali, vestindo um biquini amarelo, cor que realçava seu bronzeado, para cobrir os seios, e uma canga cumprida. Em seus cabelos curtos e azuis brilhante, estava uma coroa que parecia ser feita de pérolas e patas de carangueijo. Dela, escorria um pequeno fluxo de água infinito, por isso sua cabeça estava levemente tombada para sua direita, e a água não escorria por seu rosto. Suas pernas estavam mergulhadas na água. Atrás do trono, o salão continuava em simetria com a primeira parte, e terminava em outra porta d'água.

Missie estava olhando para as próprias unhas, e Riley queria tomar seu rosto nas mãos e força-la a olhar para cada detalhe do lugar. Em alguns pontos das paredes, as conchas estavam organizadas. Espirais cor de rosa e azuis formavam o rosto da princesa, conchas brancas e azul escuras desenhavam ondas do mar, algumas pequenas e coloidas desenhavam cavalos e, a mais impressionante, o mapa de Érestha em um mosaico enorme. Riely quase esqueceu de se preocupar com Dave diante daquela visão. Bia não havia esperado que Riley dissesse que ia com ela, apenas gritou com as velhas de listras até elas levarem-na para auto-mar e procurar pelo menino. Riley, normalmente, não teria muitas esperanças. Ele havia batido a cabeça e caído na correnteza. Mas essa possibilidade nem se passara por sua cabeça. Era Dave Fellows, seu melhor amigo. Ele simplesmente não podia estar morto ou perdido. Estavam esperando pela represetante de Teresa para voltarem ao píer e aguardar pelo retorno do Pizza de Pepperoni.

Riley sentia-se em casa. Apesar do inverno, a areia na praia estava morna. A água estava quase congelando, mas era assim mesmo que ele gostava. Todos gostavam de surfar, jogar frisbee e frescobol na areia e não se importavam em queimar no sol o dia inteiro. Era como no Rio de Janeiro, do jeito que ele fazia. Queria que a meia-irmã, Ramona, tivesse escolhido se mudar para a província de Teresa, não a de Elói. Assim, quando a mãe o obrigasse a visita-la ele poderia aproveitar a praia ou os rios e lagos espalhados pela província. E talvez alguém o ajudasse a construir um castelo de areia gigante.

-Certo, podemos ir –Alilia Oskovitch, a representante de peso, aproximou-se. –Se os dois não voltarem até o anoitecer a princesa Thaila e o príncipe Elói serão notificados e minha princesa tentará localizar os representantes em seu domínio.

-Esses dois são muito irresponsáveis –Teresa resmungou. Ela levantou-se de seu trono de areia e andou para junto de Alila. A água que escorria de sua coroa agora passava por seu rosto, mas ela não parecia se importar. –Se algo de ruim acontecer, serei culpada. Por que Bia não podia simplesmente esperar e eu resolvia isso tudo em alguns minutos? Ele é protegido dela, certo? Por acaso ele corre perigo de vida?

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora