XXIV -Riley

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Nem Alfos pareceu alterado ao passar pela fronteira entre a província do rei e a província de Tabata. Riley esperou que um arrepio percorresse sua espinha, que ele ficasse melancólico e que o ar cheirasse a morte, mas nada disso aconteceu. Eles simplesmente continuaram a avnaçar com a carroagem. Ele sentia como se estivesse preso em um loop de algo semelhante ao modelo de cinco passos de Kubler-Ross, só que o dele tinha apenas três. Negação, raiva e aceitação. Ele se negava a acreditar que Alícia estivesse em perigo, depois ficava com raiva, socava alguma coisa e, por fim, aceitava. Pelo mesno ele estava fazendo algo a respeito. Dave era claramente o mais tenso do grupo, olhando pela janela com atenção, esperando algo de ruim acontecer. Segurava o cabo de Mata-Touro com força em uma mão, e acariciava a perna de Thaila com a outra. Apesar do casaco de peles, a princesa usava um vestido curto, que acabava pouco abaixo de seu joelho. Bia encarava a cena com uma sobrancelha erguida e Riley tinha certeza de que, logo, fumaça sairia de seu nariz para competir com Alfos. Missie estava sentada com o cocheiro. Riley insistira que ele poderia tomar esse lugar, ou expremer-se para ela caber no banco, mas ela queria ficar lá fora, no frio. Aparentemente, Tamires não parecia feliz em tê-la indo resgatar uma menina na província da morte, e ela precisava de alguns minutos sozinha.

Eles tinham demorado apenas cinco minutos atravessando passagens diversas, pelo mundo todo, para então chegar à fronteira. A estrada era de terra, e todo o terrno em volta estava vazio. Sem casas, sem vida. Apenas grilos e vagalumes ousavam viver tão perto da província da princesa ressurgente, e eles eram bons em se esconder. Alfos estava no topo da carroagem e isso deixava Riley nervoso. Queria o dragão com ele, aquecendo-o e em segurança. Mas ele parecia estar se divertindo, caçando os vagalumes. A noite estava se aproximando, e logo, o brilho desses insetos seria tudo o que os cavalos teriam para seguir viagem. Riley apertou o comunicaor de vidro em seu bolso. Queria ver como a mãe estava, se Adnei tinha chegado bem, e contar-lhes que estava a caminho do resgate de Alícia. Mas depois, quando estivesse mais perto, longe da princesa. E talvez longe dos amigos. Ele não queria mais gente se arriscando pela irmã. Tinha uma sensação muito ruim sobre tudo isso tudo. Talvez os amarrasse no chão e prosseguisse sozinho assim que achasse o lugar. Depois de salvar Alícia e bater em Pedro até deixa-lo roxo, voltaria para eles. Era um plano horrível e praticamente suicida, mas ainda estava trabalhando nele.

Alguma coisa deve ter agitado-se na margem da estrada porquê Dave preparou seu dedo na pedra vermelha e apertou a perna da princesa, como que para ter certeza de que ela ainda estava ali. Thaila olhou para a janela com a testa franzida e Bia cruzou os braços, remexendo-se no assento claramente incomodada. Riley também olhou pela janela, mas não viu nada. Thaila segurou a mão do representante para ele acalmar-se, e fez isso olhando para os olhos irritados de Bia Vallarrica. Dave percebeu a agitação da namorada, mas não mudou a expressão por nem um segundo. Riley quase gritou para que Alfos entrasse ali e queimasse os três. Queria estar discutindo estratégias, especulando a localização exata dela no campo de tortura, falando sobre armas e luta e as fraquezas de Pedro. Mas todos pareciam ocupados de mais.

-Riley –a princesa chamou. Ele encarou seus olhos violeta. –Pode trocar de lugar com Dave, por favor?

O representante não pareceu muio feliz. Talvez estivesse até um pouco ofendido, mas obedeceu. Riley expremeu-se para Dave se sentar ao lado de Bia, e Thaila segurou sua mão assim que acomodou-se.

-Não faça nada sem pensar –ela falou. Mas que droga. Ela lê mentes? –Se fosse alguma de minhas irmãs, eu iria querer correr e socar tudo até que ela estivesse a salvo.

-Difícil vizualizar a senhora batendo em alguma coisa –ela sorriu com o comentário.

-Sabe que fui eu quem matei Tabata, não sabe? –Riley sabia. Todos sabiam. –Arrastei um punhal de prata em seu pescoço e esfaqueei sua barriga até meu pai me parar. Depois chutei seu corpo pelo salão do castelo até a porta e obriguei alguns cães a lamberem seu sangue do chão. Uma pena eu ter esquecido de tomar conta de seu corpo. Pedro a levou, e agora ela está de volta. É minha culpa.

Érestha -Castelo de Pedra [LIVRO 3]Onde histórias criam vida. Descubra agora