Eu vou tenta conserta você

Tudo mudou

Sua ficha ainda não tinha caído. Ele caminhava pelo saguão do aeroporto imaginando como encontraria tudo depois de dois anos. Sua mãe, seu pai, sua casa, seu cachorro, seu melhor amigo... E ela. Como ela estaria?

Pedro pegou suas malas e se dirigiu ao táxi mais próximo; seus pais eram os únicos que sabiam da sua volta, mas ele havia dito que chegaria dali dois dias, veio antes para fazer uma surpresa. Estava ansioso e apreensivo com tudo. Morrendo de saudades de Marcelo e Delma. E dela. Achou que esqueceria depois de todo esse tempo longe, tentando se esconder, mas foi impossível. É impossível esquecê-la.

Chegar em casa foi a melhor parte, Delma quase o mata com tantos abraços, e tapas por ter sido enganada, a mulher ainda deixou escapar algumas lágrimas. Marcelo não poderia estar mais orgulhoso do filho, foi garoto, voltou um homem.

Depois de passar o dia contando tudo aos pais, cada detalhe desses dois anos, Pedro resolveu ir dormir de vez, iria cedo à universidade, ainda tinha várias papelada para acertar. Isso o assustava. Sabia que ela ainda estava lá, se não lhe falhava a memória, Karina se formaria dentro de seis meses.

Jogou-se na cama com esse pensamento zunindo em sua cabeça. Tudo que tivera de Karina nesses dois anos foram as palavras "quem é?" quando ele ligava confidencialmente para ela e não dizia uma palavra. Pedro sabe que, no fundo, ela sabia de quem se tratava, mas ainda assim, Karina sempre perguntava. E ele não se importava, o que queria mesmo era ouvir a sua voz, e conseguia.

Acordou ansioso, queria ver João, contar tudo à ele, se desculpar por ter o evitado todo esse tempo. Por isso procurou o amigo pelos corredores assim que terminou com a coordenação da universidade. Não foi difícil achar, João continuava previsível, apesar de tudo, continuava sendo seu melhor amigo. Estranhou encontrá-lo sozinho, correu os olhos ao redor, mas nada de avistar Lírio ou Duca.

- Uma bala por seus pensamentos. - João, que estava de costas, virou-se imediatamente ao ouvir aquela voz. Achou que estivesse delirando.

- Pedro?

- Até onde eu sei, sim.

- O que esta fazendo aqui? - João o encarava perplexo, não sabia exatamente o que dizer, na verdade estava sem palavras.

- Essa não foi a recepção que esperei. - Pedro respondeu abrindo os braços. Levou alguns segundos até João processar a imagem a sua frente, e então ele pulou de encontro ao amigo. Abraçaram-se tentando transmitir a saudades que cada um sentiu do outro.

- Quando você chegou?

- Ontem.

- Seu puto! Imbecil de merda! - o magrelo fugiu o abraço e encarou Pedro com raiva, queria socar o cara de pau que estava parado em sua frente - Você some por dois anos e chega ass pedindo abraço? Que porra tu tem na cabeça?

- Ei! Eu achei que não precisasse explicar ao meu melhor amigo os motivos. Você me conhece mais que qualquer um, sabe porque fiz isso.

- Sei. Por isso mesmo tenho mais vontade de te socar.

Pedro suspirou, e abaixou a cabeça, queria perguntar sobre Karina, mas não sabia por como fazer. Quando voltou a olhar para João, uma cena além do amigo chamou sua atenção. E talvez tenha parado seu coração.

Era ela.

Com Cobra.

Era Karina beijando Cobra.

Não durou muito, foi apenas um selinho e então ele entrou enquanto a loira atravessava o gramado.

E ela estava linda! Os cabelos estavam crescendo, e já havia passado dos ombros, ela parecia feliz. Isso quebrou Pedro de todas as formas. Não que ele não quisesse vê-la feliz, porque ele queria. Muito. Mas a queria feliz com ele, ao lado dele.