Curiosidade

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Capítulo 56 - Curiosidade

- O João tá caidinho pela Bianca. 

Foi o que Karina ouviu Pedro dizer. Ele estava se preparando para deitar, enquanto ela trotava de um lado a outro do quarto com Luna nos braços, a caçula custava a pegar no sono. 

- E vice versa. - respondeu rindo - Ela só não quer admitir, nem pra mim! Acredita? Ela só diz: O João é maravilhoso, blá blá blá. - imitou a irmã, fazendo o namorado abafar um riso gozado. 

- Isso vai acabar em casamento. 

- Não sei, acho que a Bi ainda tá muito confusa com o fim repentino com o aquele escroto do Henrique. Medo, talvez. 

- É de família. - Pedro soltou fazendo Karina se envergonhar - Desculpa, não falei por mal. 

- Eu sei, admito que fui insegura com tudo isso e deixei o medo estragar várias coisa, me roubar anos. Mas estamos bem agora, é o que importa. - finalizou com um sorriso sincero, olhou para a filha adormecida nos braços e sorriu mais forte antes de deixá-la com cautela no berço improvisado ao lado da cama. 

- Não. - ele disse frio e Karina assustou-se olhando apreensiva para o homem. 

- Não? 

- O que importa agora é você vir aqui, deitar ao meu lado, deixar eu beijar essa boca e... Bom, todo o resto. 

Karina cerrou os olhos e soltou um rosnado irritado, já partindo pra cima dele. 

- Idiota! Quer me matar de susto? Você sabe como eu sou com essas coisas. 

Pedro riu e agarrou os pulsos da loira, forçou o pequeno corpo para baixo e se posicionou sobre ela. Beijou sei peito, o pescoço, correu toda a linha da pele até o queixo, mordeu de leve o local, e então tomou os lábios dela em um beijo forte. 

Esse era um daqueles momentos em que o corpo de Karina esquentava instantaneamente, tocar os lábios de Pedro era como tocar o próprio fogo.  

- Quanto tempo a gente tem? - ele perguntou já sabendo que a filha acordaria chorando como fazia todas as noites poucos minutos após cair no sono.  

- Uma hora, talvez. 

- Mais que suficiente. - sorriu maliciosamente puxando a camisa que Karina usava. 

*** 

- Quando ela vai começar a andar?  

Ângela perguntou observando a irmã nas pernas do pai. Eles estavam no quarto da mais velha, sentados no chão, rodeados por brinquedos e mais brinquedos.  

Pedro segurava com jeito a filha mais nova, tentando fazê-la sentar em suas pernas. 

- Já expliquei, meu anjo. Sua irmã ainda é um bebê, olha, nem senta direito, vai demorar um pouquinho pra vocês correrem por aí. 

- Mas eu quero agora! - reclamou emburrada e Pedro riu. 

- Você puxou mesmo a sua mãe, sua teimosa. 

- Cadê mamãe?  

- Boa pergunta! Já esta quase na hora da Luna mamar. E você, hora do banho. 

- Não! 

- Sim, vou chamar a Joana pra vir te ajudar, e vou atrás da mamãe.  

- Mas eu quero brincar mais. - cruzou os braços sobre o peito, os olhos já aguados. 

- Não caio nessa, sua criaturinha! - Pedro bradou beijando a bochacha dela antes de levantar-se com cuidado com a bebê nos braços - Banho agora! Vá tirando a roupa que a Joana já vem. 

Dito isso, saiu do quarto da filha e gritou a mulher do pé da escada para que fosse ajudar a menina. 

Seguiu para o quarto, esperando encontrar Karina em sua escrivaninha de cara no notebook - ela tinha dispensado o horário de brincadeira com as filhas naquele sábado, tinha um texto importante para entregar antes da segunda feira chegar - mas encontrou o local vazio, olhou ao redor, e então ouviu o barulho do chuveiro. Sorriu de lado imaginando o corpo da mulher ser banhado pela água.  

- K? - perguntou ao pé da porta. 

- Oi? - ela gritou de volta. 

- Luna já está inquieta, vai demorar?  

- Já acabei. - ele ouviu a água parar de cair e segundo depois a loira estava na sua frente apenas de toalha. 

- Só Deus sabe o quanto eu quis entrar aí tomar esse banho com você. 

- E ainda quer mais filhos... - ela apontou para o motivo que impediu Pedro de fazer o que disse que queria, e sorriu. 

- Você pode amamentar, põe ela pra dormir e a gente volta lá. - piscou. 

- Você não cansa, né? Quando a Luna dormir eu vou brincar com Angel, ela tava me cobrando. 

Pedro suspirou e deu de ombros, estava sentado na cama com a filha, Karina terminava de se vestir. Quando ficou pronta, caminhou até eles e pegou a pequena no colo. Não foi muito tempo para ela dormir, questão de minutos, na verdade. 

Karina a pôs no berço e beijou os lábios do namorado rapidamente antes de sair do quarto anunciando que iria atrás da outra filha. 

Pedro sorriu pensando em se juntar as duas, mas resolveu tomar um banho antes de qualquer coisa. Assim que saiu do banheiro, passou pela escrivaninha de Karina e riu com a bagunça que ela deixara por ali. Caminhou até o guarda roupas e escolhei algo leve para vestir, voltou-se para a zona da namorada e decidiu arrumar antes que ela mesma o obrigasse a fazer isso, sempre mandona. 

Ele fechou o notebook, juntou as canetas, os papéis, e então encontrou dois caderninhos embaixo de toda a bagunça. Já tinha os visto algumas vezes, Karina amava escrever coisas banais, sem ser textos focados no trabalho, coisas para a coluna da revista. Nunca havia se interessado em ler os poemas dela, preferia tentar criar os seus, mas ele nunca anotava como ela, apenas vinha a inspiração e ele recitava à ela que sorria emocionada todas as vezes, afinal, era sempre sobre a loira. 

Mas naquele momento a curiosidade apareceu, pegou o caderninho preto, era o que estava por cima do azul, e abriu.  

Quis não ter visto o que viu. O que leu. 

Sabia para quem aquelas palavras eram direcionadas, e sentiu-se mal por um momento em estar invadindo a privacidade de Karina. 

"Em algum lugar, você está olhando por nós...  

Eu sei que sim, eu sinto. 

Eu te sinto! 

No ar, no vento, em cada brisa... No céu, minha estrela cadente."

Eu vou tenta conserta vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora