Vergonha

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Pedro passou pelos corredores com raiva. Depois de quase um mês em uma "amizade colorida" com Karina, ela agiu indiferente, quase como no começo. Se acostumou em chegar todos os dias na universidade desejando bom dia com um beijo, e naquele dia ela o ignorou e ainda saiu com Cobra logo atrás. Pior, os dois estavam sorrindo um para o outro como dois bobos. O sorriso de Karina era quase o mesmo de sempre e um pouco mais doce, mas os olhos de Cobra brilhavam, ele a olhava quase da mesma forma que Pedro, e Karina parecia nem perceber isso, ou percebia e não ligava.

Qualquer uma dessas opções faziam o sangue do garoto ferver, mas não deixava de admitir que talvez tivesse um pouco da culpa. Ela é tímida e agora com certeza estava o ignorando por vergonha, mas mesmo assim, nada que uma boa conversa não resolva.

Ela passou o dia todo fugindo, olhando para os dois lados antes de passar pelos lugares temendo tombar com ele. Naquele dia após ser pega quase nua na casa de Pedro pelos garotos, se trancou no quarto tentando aliviar a vergonha, além da cabeça que rodava. Eles poderiam contar para alguém, ou ficar comentando sobre isso e zoando sempre, e apesar de ter sido muito bom, ela se arrependeu de ter deixado as coisas irem tão longe. Por isso tentou fugir dele ao máximo no outro dia, não tinha como encara-lo como se nada tivesse acontecido, e poderia ser até exagero de sua parte.

As aulas tinham acabado, e Karina saiu de pressa pronta para passar na rua a procura de um ônibus. Assim que colocou os pés para fora da universidade sentiu o vento gelado cortar em sua pele, naquela época do ano estava cada dia mais frio. Segurou com força os livros na mão ajeitando a mochila nas costas, quando sentiu um braço a puxando com força para dentro novamente.

-Que isso? Me solta Pedro! -Reclamou enquanto ele fechava a porta da sala vazia.

-Porque me ignorou Karina? Fugindo desse jeito? Eu te fiz algo? -No começo a voz dele transmitia irritação, mas depois parecia triste com a indiferença.

-Não é nada com você Pedro, não é que eu tô ignorando.

-Então é o que?

-Eu tô me sentindo muito envergonhada, sabe...Aquela cena de ontem. -Abaixou a cabeça com o rosto já corado, sentindo ele levantar seu queixo com os dedos.

-Então é isso, você sabe que eu não tive culpa Ka, eu já tive uma conversa com eles, não precisa ficar assim.

-Você não entende, eu nunca cheguei tão longe com alguém, e agora eu tô com vergonha disso também.

-Vergonha de mim?

-Talvez...

-Você não precisa ter vergonha disso, Karina. Eu já disse, é normal a gente tá se conhecendo.

-Não sei Pedro... Isso é estranho, e seus amigo...

-Desde quando você se importa com o que os outros pensam? -A cortou questionando.

-Eu não me importo mesmo.

-Então pra que isso? Seu corpo é lindo, se eles viram alguma coisa, sorte a deles, você não tem que se importar, eu sim.

-Você?

-Claro, você acha que eu quero outros caras vendo o que é meu? -Não perdeu a chance de abrir aquele sorriso safado, agora levemente possessivo.

-Seu? Ok. Agora você passou os limites, eu sou só minha. -Retirou as mãos dele do queixo se preparando para sair irritada. Mas ele foi mais rápido a prensando em uma parede aproxima colando suas bocas, novamente aquela sensação perdida, ele causava afeitos muito fortes. Deixou os livros que segurava caírem no chão grudando as mãos naqueles fios macios.

Ele parecia gostar de ter os cabelos puxados na hora do beijo, na verdade ele parecia gostar de tudo nela.

-Não foge mais não. -Pediu quando seus lábios de separaram encostando as testas.

-Desculpa. Mas é que eu sou assim mesmo, quando eu não sei o que fazer isso sempre acontece.

-Da próxima vez que tiver alguma coisa te incomodando me fala, não quero esse clima estranho entre a gente. Promete?

-Prometo. - Sorriu sentindo ele a puxar ainda mais atacando sua boca novamente, precisava matar a saudade daqueles lábios carnudos, mesmo que tenha ficado longe deles por apenas algumas horas. Mesmo que tentasse negar a si mesma, uma hora teria que admitir que as sensações que ele causa são maiores que as de uma simples atração. Só precisava saber o que era, e dentro daquele pequeno coração já havia uma resposta, mesmo que ela desse como errada toda vez que pensava nessa possibilidade.

Eu vou tenta conserta vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora