Um Novo Cenário, Para uma Nova História...

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         Acordei com uma dor incessante em minha cabeça. Meus olhos giravam e se recusavam em manter o foco, meus lábios tremiam e sentia uma respiração pesada sobre mim. O cheiro de Petit Jolie me fazia ter a certeza de que era Ashley.

    __Ash?__ Perguntei com dificuldade. Minha voz entrava abafada em meus ouvidos.

  __Já acordou, Bela Adormecida?__ Ashley parecia tão psicopata quanto de costume.__Tem certeza de que não quer dormir mais um pouco? Quer que eu arrume seu travesseiro?. Tão patética...__Suas palavras eram a única coisa que me mantinha ligada ao mundo real. Minha visão e qualquer outro sentido simplesmente não funcionavam.__Você é tão inútil quanto um garfo. Como mamãe conseguia confiar em você? Não passa de uma criança mimada que  não consegue resolver nada se não com violência

    __Que ironia você dizer isso...__ Foi tudo que consegui dizer entre as batidas dos meus dentes.

   __Verdade...__O sarcasmo de Ashley em sua voz  era tão nítida quanto seu cheiro irritantemente reconfortante.__Mas não fui eu quem estapeou a própria irmã, foi? 

    Ao ouvir tal frase, minha vista se estabilizou quase que imediatamente. O foco em seu rosto me fez desejar ter continuado cega.

    Ash estava com marcas de socos em todo seu rosto, seus olhos estavam inchados e seu buço arranhado. Ela parecia ter saído de uma briga entre motoqueiros ou algo do tipo, mas foi apenas eu.

   Meus punhos, minhas unhas, minha culpa... Seu sangue em minhas mãos. O que, diabos, estava acontecendo comigo?

 __Ashley, eu...

__Anna?__ Papai me interrompeu, se aproximando de mim.__Você esta bem, querida?

__Sim, um pouco com...

   Parei de falar assim que percebi que a pergunta havia sido direcionada para Ashley e não para mim. Porém, minha fala pareceu chamar a atenção de papai, o que foi incrivelmente inesperado.

   __Anna, sinto muito por... Enfim, acho que você já deve ter percebido.__ Papai não conseguia fixar seus olhos nos meus. Ele fazia isso quando sabia que não iria conseguir sustentar seu olhar nos de outra pessoa. Normalmente, essa pessoa sempre se fodia no final.

  __Pai, o que...

  Me interrompi quando fui impossibilitada de levantar. Vi meu impulso para cima ser brutalmente negado por amarras em minha cintura, braços e pernas. O que era isso?!

    Olhei ao redor. Senti meus punhos cederem ao meu cansaço assim que percebi onde estava. Conhecia bem o lugar. O clima era exatamente igual em todos os estabelecimentos, não importando a cidade. 

   __ Um manicômio?

__Sanatório, filha.__ A naturalidade em sua voz era quase cômica.

   A loucura pairando no ar era quase palpável. Havia jurado a mim mesma que jamais voltaria a dormir ali. Não depois do que havia acontecido. Não após o que eu havia passado.

    No entanto, amarrada e vulnerável, justamente como na primeira vez, lá estava eu. O ódio em meus olhos era notável e me era muito útil. Escondia como um fundo falso meu pavor e vontades sombrias que se camuflavam e comiam as profundezas de meu consciente. 

    Fechei os olhos e deixei meu cérebro me guiar pelos meus mais profundos pesadelos, sabendo que pela primeira vez na vida, minha realidade era mais obscura que meus mais intensos e sombrios pensamentos...


A Princesa VermelhaWhere stories live. Discover now