Uma coroa, uma princesa, um trono. Novamente as imagens levemente distorcidas invadiam minha mente.
Novamente eu estava naquele lago, tão azul que penetrava em meus olhos. O jardim do qual estive no primeiro sonho já não estava lá. Me encontrei instantaneamente na água.
Os desenhos que minhas mãos fazia com o elemento estranho que saia dos meus dedos continuava a aparecer, graças aos movimentos que ela realizava sem minha permissão.
Estava tão distraída com aqueles traços que se tornaram tão conhecidos por mim, que me assustei de forma avassaladora quando os desenhos ficaram negros, se destacando nitidamente sobre a cor azul profunda da água, para em seguida se tornarem pó.
Meus olhos estavam tão concentrados e aterrorizados com o que tinha acabado de acontecer, que quase não notei quando alguém apareceu no lago também, a uma distancia bastante segura de mim.
Era impossível ver seu rosto, mas havia algo nele do qual era tão chamativa quanto a cor da água ao nosso redor: Os olhos. Eles tinham um preto incrivelmente obscuro. Tão negros quanto a própria noite, mas ao mesmo tempo brilhantes como as estrelas. Eles eram exatamente o reflexo do céu anoitecido.
Mas por mais lindos que fossem, carregavam uma tristeza clara. Assim como a própria noite em sí, foram consumidos pelas sombras. Mergulhados pela mágoa.
Seus cabelos negros azulados pareciam guardar um mistério fascinante, assim como sua portadora. Apesar de não enxergar nada de seu rosto além dos olhos e cabelo, ela chamou minha atenção. Aqueles olhos tão magníficos eram familiar.
Estava tão concentrada em seus olhos, que quase pulei de suto quando eles se arregalaram e só então pude perceber que a menina misteriosa havia se aproximado de mim, de forma que seu rosto era totalmente perceptível agora.
Ela usava um vestido negro justo em cima e solto em baixo. Sua pele era branca e seus lábios era naturalmente avermelhados. Ela parecia a própria Branca de Neve versão real. Só que sem o lance infantil e inocente.
Estava prestes a perguntar quem ela era e porque estava aqui, se ela não levanta-se a mão em sinal de silencio para mim. Me calei no ato.
Em seguida, ela tirou uma faca das costas, brilhante e de ferro puro, idêntica a das garotinhas da minha alucinação, e cortou sua mão. No exato momento que ela cortou sua mão, um corte apareceu na minha, exatamente no mesmo lugar.
Sangue vermelho vivo jorrava de minha mão, na mesma frequência que o dela. Como era possível?? Olhei para ela com pontos de interrogação no lugar dos olhos. A garota apenas sorriu. Um sorriso que misturava inocência com deboche. Estava prestes a argumentar e implorar por respostas, se seu sorriso não desaparecesse na hora. Gelei. Em seguida, ela apenas me olhou com seriedade e compaixão ao mesmo tempo, me estendendo a mão.
__Irmãs compartilham.__ Ela falou. Sua voz é séria e doce ao mesmo tempo, típica de uma garota adolescente. O eco e a voz abafada estavam nitidamente presentes.
Após dizer estas palavras, ela nadou até onde se encontrava inicialmente e ao seu lado as gêmeas que encontrei no terceiro andar a esperavam, agora da mesma idade. Em seguida, as três me encararam e levaram o indicador a boca, fazendo um ''Shh''.
Fui puxado daquele lugar antes de falar qualquer coisa.
$ZG7!
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A Princesa Vermelha
Roman pour AdolescentsEscuro, silencioso, assustador. Era assim que eu poderia descrever nosso novo ''lar''. Havia cheiro de mofo em todo lugar e, sinceramente, não sei como eles estavam conseguindo respirar com tanta facilidade. O cheiro chegava a ser sufocante. ...