Família Perfeita...?

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Terminei de me trocar e saí do banheiro, pegando minha mochila no sofá. Passei por Erik sem nem percebe-lo e estava indo em direção a porta quando o mesmo me interrompeu.

      __Aonde você pensa que vai?__Falou irônico e com um leve tom de ameaça.

     Me virei para encara-lo. Ele estava escorado na parede com uma maçã na mão e me olhando de cima a baixo. Provavelmente lembrando da cena no banheiro. Me senti exposta, e eu o odiava por isso.

     __Para casa. Porque caso não tenha notado eu tenho uma.__ Falei, dando um sorriso cínico e me voltando para a porta.

      __Desculpe te decepcionar princesa, mas isso não vai rolar.__Me interrompeu, correndo e minha direção e se encostando na porta, me impedindo de abri-la.

     __E porque não iria ''rolar''?__Falei, arqueando as sobrancelhas e lhe dirigindo um olhar raivoso, que não durou muito depois de olhar para aqueles olhos azuis intensos. Eles tinham um dom estranho e odioso de ver através de mim. Parecia conseguir descobrir qualquer segredo que eu ousava esconder.

    __Olha pela janela, amor.__Falou ele, arqueando de volta as sobrancelhas.

      Fiz o que ele mandou, meio hesitante. Queria desmaiar novamente e não acordar nunca mais quando vi a chuva intensa que estava caindo lá fora. Pequenos pedaços de granizo começavam a ganhar espaço no temporal, ameaçando se intensificar. O temporal não parecia acabar tão cedo.

     __Não interessa. Irei na chuva__ Falei, ignorando os raios e trovões que rasgavam o céu cinzento.

     Ele me olhou e soltou uma risada, cruzando os braços e se pressionando com mais força sobre a porta.

    __Não, você não vai. Provavelmente morrerá de frio antes de chegar na casa, isso se não levar uma pancada de granizo na cabeça e desmaiar no caminho.__Falou ele, mordendo um pedaço da maçã e arqueando as sobrancelhas.

    __Então você pretende me trancar aqui?__Falei, um tanto horrorizada, apesar de não conseguir parar de pensar na possibilidade de ficar trancada em uma casa pequena com Erik.

    Ele ficou me olhando com aquele olhar intrínseco que só ele conseguia transmitir por um longo tempo. Fiquei olhando para ele com os olhos cerrados, esperando uma resposta.

   Então, depois de um tempo me avaliando, ele pegou uma chave do bolso e trancou a porta. Me olhou de volta, colocou-a no bolso e passou por mim, esbarrando em meu ombro. ''Babaca'' pensei.

   Peguei meu celular e me sentei no sofá. Assim que o liguei, esperava encontrar mil e uma ligações de papai, além de mensagens de texto cheias de preocupações e perguntas. Estava fora a mais de cinco horas e já era noite. Isso seria o mínimo.

    Porém, imaginem minha surpresa quando não encontrei nada além de uma ligação de papai e uma mensagem de Ashley que me perguntava se poderia pegar minha jaqueta emprestada. Apesar de não querer admitir, aquilo doeu muito. Contra minha vontade, uma lágrima pesada rolou sobre meu rosto e caiu no celular. Melanye chegou nesta hora.

    

A Princesa VermelhaWhere stories live. Discover now