Percy Jackson: O Vingador De Caos

Capitulo 1

Tudo estava perfeito.

Gaia havia sido derrotada, os deuses abriram o Olimpo, os acampamentos grego e romano se entenderam, e, o mais importante, Annabeth e toda a tripulação do Argo II estava sã e salva.

Não poderia estar melhor.

Depois de derrotarmos Gaia e seu exército de monstros e gigantes, o Olimpo e os acampamentos estavam em festa! Os semideuses romanos passaram alguns dias no Acampamento Meio-Sangue e depois de um tempo foram embora cabisbaixos por terem de deixar seus mais novos amigos e irmãos. Claro que não perderiam contato, até porque qualquer semideus poderia ir e voltar sem problemas.

E devo dizer que agora era uma bagunça.

Para todo lado que se olhava era possível ver sorrisos, brincadeiras e de vez em quando alguns campistas criavam confusão uns com os outros, mas nada com o que se preocupar realmente.

Entretanto, mesmo que o clima fosse de festa, a guerra ainda era muito recente e todos sentiam uma certa tensão no ar. Não por causa de algum perigo iminente, mas sim em razão das mortes de vários de nossos amigos.

No final, guerra é guerra, e não poderíamos voltar no tempo e salvar os semideuses que se sacrificaram por uma boa causa.

A baixa que mais fez diferença foi a de Leo. Não quero dizer que as outras foram menos importantes, longe de mim falar isso. Mas todos estávamos acostumados ao seu bom humor mesmo nas piores horas, suas piadas ruins e sua incrível habilidade de deixar as pessoas bem e felizes. E de repente ele morreu. Levando consigo toda a graça e vivacidade. E isso pareceu pesar ainda mais sobre os ombros da tripulação do Argo II. Hazel e Nico disseram que sentiram quando ele morreu. Estavam péssimos. Frank, mesmo não gostando muito dele no começo, estava mais abatido do que se tivesse levado um soco de um deus. Piper chorou rios e mares por causa de sua perda e Jason não conseguia consolar a própria namorada, já que mesmo ele não conseguia aceitar. Annabeth chorou também. Eu e ela, na verdade. Mas como namorado dela, tentei segurar a barra. Todos estavam péssimos.

Até que Nico sentiu que ele havia voltado à vida.

Claro. Até porque isso é muito normal.

Ao saber disso os dois acampamentos ficaram radiantes. Afinal, Leo estaria de volta! Não havia melhor noticia depois de uma guerra contra a primordial da terra.

De repente tudo estava de volta nos eixos.

Leo voltara, e, para a nossa surpresa, trouxe Calipso e Festus. Tínhamos achado que o enorme dragão de bronze havia sido desintegrado e isso foi uma ótima surpresa! Calipso também tinha sido uma ótima notícia, já que finalmente poderia viver sua vida longe daquela maldita ilha. Nosso encontro não foi dos melhores, afinal ela ficou tão constrangida quanto eu. E isso sem falar dos olhares fulminantes que Annabeth mandava para ela sempre que esta se aproximava demais de mim.

Enfim, tudo normal!

Seis meses depois da nossa vitória contra a deusa cara de terra, as coisas continuavam normais. Os monstros apareciam e eram mortos com sucesso, voltando para o Tártaro, de onde nem deveriam ter saído.

Descobri que eu ia ganhar uma irmãzinha. Sim! Sally Jackson estava grávida! Ela e meu padrasto estavam tendo uma ótima vida. Ela com sua loja de doces e escrevendo livros, e ele ainda dando aula.

Nós não poderíamos estar mais contentes!

Eu e Annabeth estávamos com vários planos para o futuro. Terminaríamos o colegial e partiríamos para Nova Roma para fazer faculdade. E depois disso eu pediria ela em casamento (ela provavelmente nem desconfiava disso) e seriamos felizes para sempre.

Ou até que morrêssemos, já que nós não aceitaríamos a imortalidade.

Aposto que você deve estar se perguntando: como assim imortalidade?

Mas eu explico. Estava correndo um boato por aí de que os deuses planejavam nos oferecer a imortalidade por termos salvado o Olimpo. Só que todos sabíamos o real motivo por trás disso: não queriam ficar indefesos. Se perdessem os heróis do Olimpo, não haveria garantia de que as próximas gerações de semideuses seriam fortes o suficiente para proteger os deuses e lutar suas lutas por eles.

Mas eu estava cansado. Não era o que eu queria para mim por toda a eternidade. Lutar, lutar e lutar, enquanto eles ficariam apenas sentados observando suas guerras serem travadas sem que mexessem um dedo sequer.

Não sabia o que os outros heróis diriam, mas minha decisão já havia sido tomada. E eu estava completamente certo de que Annabeth também não aceitaria, para que pudéssemos ficar juntos até o final.

O tão comentado dia chegou.
Hermes apareceu no meio do refeitório, segurando seu cajado com as serpentes George e Martha. Olhava para nós como se fossemos celebridades.

- Semideuses, sátiros, espíritos da natureza, e, claro, meu grande amigo Quíron, venho informar-lhes que os deuses olimpianos estão, nesse momento, à espera dos nossos grandes heróis.- ele sorriu e olhou nos olhos de cada um dos semideuses tripulantes do Argo II.- Os sete heróis da profecia e salvadores do Olimpo: Leo Valdez, Frank Zhang, Hazel Levesque, Jason Grace, Piper McLean, Annabeth Chase e Perseu Jackson!

Sua voz ecoava por todo o acampamento e eu sentia os olhares de todos em nós. Mas não eram apenas os olhares dos presentes que eu sentia. Havia algo maior. Bem maior, nos observando. E eu não fazia ideia de quem- ou o quê- poderia ser.

Não sabia se os outros também estavam sentindo. Parecia que não. Estavam todos concentrados no que Hermes viera dizer.

- Mas não pensem que nos esquecemos dos bravos semideuses que restauraram nossas formas trazendo a Athena Parthenos. Por favor, Nico e o sátiro Gleeson Hedge, nos acompanhem.- continuou o deus mensageiro.

Olhei para os meus amigos. Jason, Hazel e Frank tinham  ido ao Acampamento Júpiter para ajudar a colocar tudo nos eixos novamente. Então apenas Leo, Piper, Annabeth e Nico estavam ali. Nos entreolhamos e de repente todos sabíamos o que fazer. Sim, nós iríamos. Mas não aceitaríamos.

Hermes virou-se e me olhou nos olhos. Ele sabia o que se passava em minha cabeça naquele momento. Todos sabiam, na verdade, não era difícil de adivinhar.

Ele esperava uma resposta enquanto eu mantinha o contato visual. Por fim, respondi:

- Vamos lá.

E então o mundo girou e quando dei por mim, estava em um lugar mais que familiar, a sala do trono do Monte Olimpo. E os deuses nos olhavam do alto de seus tronos, com três metros de altura, exalando poder.

Todos com os olhos fixos em mim.