Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A Viagem

CAPÍTULO 1 parte 4

Me apresso em colocar meu headfone na mochila, pego um dos cadernos, o estojo e deixo meu celular sobre a carteira.

— Bom, hoje, vamos finalizar o conteúdo sobre ciclo trigonométrico. Não se esqueçam da prova de sexta, por isso não faltem! – a megera fala depois que todos os alunos estão acomodados em seus lugares.

— Que merda! – resmungo.

— Já disse para não se preocupar que te ajudo. – Júlio murmura perto de mim e pega meu celular – Vou colocar meu número na memória do seu celular, aí podemos conversar pelo WhatsApp para combinar um horário para estudar.

Arregalo os olhos e sinto minhas bochechas queimarem novamente. Um garoto colocando seu número no meu celular? Gente! O que está acontecendo? Estou em um mundo paralelo ou o quê? O que ele quer comigo?

— Pronto! – me entrega o aparelho e continua falando bem perto de mim – Depois da aula de matemática podemos conversar melhor, essa Dona é meio chata e não gosta que a gente fique conversando, e é bom para podermos entender a matéria.

As duas aulas passam devagar com essa bruxa falando e escrevendo no quadro negro. Meu pai do céu! Ninguém merece matemática na segunda de manhã. Faço todas as anotações tentando entender o que ela diz, contudo, para mim, parece que está falando grego. Me lembro de uma ou outra coisa sobre trigonometria da outra escola, porém creio que ainda não tínhamos chegado neste ponto.

Quando a megera sai, sinto minha cabeça pesar, fecho meus olhos e deito sobre o caderno amaldiçoando minha vida.

— Ei! Não fica assim! – ouço a voz do Júlio, em seguida sinto uma mão nas minhas costas, o que me faz levantar rápido, olho para ele com a cara mais emburrada que poderia fazer. Ele percebe meu mau-humor e tira a mão das minhas costas.

— Por que está sendo tão gentil? – pergunto encarando seus olhos.

— Porque quero ser seu amigo! – ele abre novamente o sorriso lindo – Olha, a próxima aula é de artes, ou seja, bem mais leve e podemos conversar.

— Você disse artes? – meu humor começa a dar sinais de melhora.

— Sim. Você gosta? – Júlio puxa sua carteira e cadeira para ficar mais perto de mim.

— Como eu disse, português é minha favorita, mas também gosto de artes. Gosto muito de desenhar.

— Legal! Porque eu também.

— Bom dia! – diz uma mulher alta e magra, vestindo roupas de estilo mais despojados e da moda, cabelo louro escuro e solto, olhos castanhos, aparentando vinte e poucos anos.

Durante essa aula, o intervalo e a próxima, que continua sendo de artes, eu e o Júlio conversamos bastante. Descubro que temos os gostos semelhantes. Na música, por exemplo, além dele gostar de rock como eu, também gosta de eletrônica, porém é claro que tinha uma coisa para estragar! Ele gosta de funk, o que é bem comum para os garotos. Também adora filmes de terror como eu, mas não tem paciência para ler livros desse gênero, ao contrário de mim.

Acho graça das atrapalhadas dos dois melhores amigos dele, o Gustavo e o Fernando, para começarem a namorar. Júlio diz que o Gustavo namora a Bianca, já o Fernando é namorado da Alessandra. Todos se conhecem desde a quinta série e a partir dessa época sempre estudaram juntos.

O Gustavo e a Bianca viviam brigando e implicando um com outro até descobrirem que eram apaixonados no ano passado, então começaram a namorar. Já o outro casal, sempre foram muito amigos, a amizade virou amor, mas eles tinham medo de se declararem até que o Júlio deu uma forcinha durante a festa de aniversário do Fernando no ano passado.