CAPÍTULO 3 parte 5

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Desisto de tentar pegar a bolsa quando o professor de biologia entra na sala:

— Ok, Júlio. Você venceu. – murmuro resignada, encarando os olhos dele que, só agora, percebo mudando do azul cristalino para o negro.

O que foi isso? Agora, tenho certeza que não estou alucinando. Realmente vi seus olhos mudando de cor. Como pode? Um ser humano mudar a cor dos olhos radicalmente, ainda mais com uma diferença tão grande, isso não é possível!

Não vou questioná-lo sobre isso, por enquanto. Preciso ver acontecer mais vezes para não dar uma de louca. Me sento no meu antigo lugar, enquanto ele coloca minha mochila ao meu lado:

— Eu sempre venço. – sussurra perto do meu ouvido, em seguida me dá um beijo na bochecha.

Sinto meu rosto pegar fogo como brasa viva novamente. Puxo meu cabelo para escondê-lo, mas tenho certeza que ele percebeu porque dá uma risadinha quando se senta. Como pode ser tão convencido? Ele se acha o tal! Pode até ser bonito, mas isso não quer dizer que pode se aproveitar das situações dessa forma.

Durante as próximas aulas, trocamos bilhetinhos conversando sobre filmes e também alguns diretores de cinema que gostamos. Interessante! Descobri que ele é fã de Tim Burton tanto quanto eu. Mais uma coincidência? Quem vai saber? Mas acho que existem muitas pessoas com os gostos parecidos.

Ao sair da escola, como sempre, Rylo está parado no portão como uma estátua guardiã, afago sua cabeça:

— Seu gato é bem estranho você sabe, não é? – declara Júlio ao encarar o bichano.

— Ele é meu amigo. Isso é o que importa. – pego-o no colo.

— Sara! Esquecemos de te contar, no sábado que vem vai ter uma baladinha aqui, no fim da tarde, para comemorar o outono. – Alessandra mostra um grande sorriso.

— O grêmio estudantil se atrasou um pouco esse ano para fazer a festa, por causa de algumas divergências com a direção escolar, por isso vamos precisar de toda ajuda possível para decorar a quadra da escola. Você pode nos ajudar? – Bianca declara levantando uma sobrancelha.

— Claro! Mas acho que não venho para essa festa. – digo ainda acariciando o Rylo.

— Por quê? – os meninos questionam ao mesmo tempo.

— Não sou fã de festas. E nem adianta insistir.

Júlio me encara com os olhos comprimidos. Creio que ele vai tentar me persuadir, mas vai perder nesse jogo.

— Já que você gosta de skate, conhece as pistas de São Paulo? – o moreno questiona, ao mudar totalmente seu semblante. Agora, parece que nem se interessa em saber se vou ou não para a festa. Garoto maluco! Isso, com certeza ele é!

— Como faz poucos dias que me mudei, ainda não conheço. Por quê? – levanto uma sobrancelha.

— O que vocês acham de levarmos ela, amanhã, na pista do Parque Zilda Natel? – Júlio pergunta olhando para os amigos.

— Com certeza. – o Fernando e o Gustavo falam quase ao mesmo tempo.

— Onde é esse lugar? – questiono levantando as sobrancelhas.

— Fica perto da estação Sumaré do metro. – Alessandra responde – Acho que você vai gostar, tem quadra de basquete e a pista parece ser legal, apesar de nunca ter andado de skate.

— Preciso falar com a minha mãe. Ela não gosta muito que eu fique andando por aí sozinha. – coloco o Rylo no chão.

— Se quiser, vou te buscar na sua casa. – Alessandra franze o cenho. 

Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora