— Porque você é diferente das outras garotas. – responde encarando meus olhos.
Acho que pode ver minha alma e por uma fração de segundos seus olhos parecem mudar de cor. Que estranho! Estou vendo coisas! Sem dúvida alguma, minha imaginação está mais fértil do que de costume.
— Que sou diferente de qualquer garota se nota de longe, não acha?
— Não estou falando da sua aparência física. – diz e antes que pudesse continuar o Fernando e a Alessandra nos interrompe.
— Oi, gente. – eles nos cumprimentam ao mesmo tempo, a Alessandra me dá um beijo na bochecha.
— Oi. – mostro um sorriso sutil.
— Oi. – Júlio responde, porém parece frustrado.
— Vejo que já fizeram as pazes. – Alessandra abre um grande sorriso.
— Nem tanto. – digo sem nem pensar – O Júlio só está jogando na minha cara os meus defeitos. – resmungo fechando a cara.
— Já disse que não é bem assim... – antes que ele pudesse continuar, o portão finalmente abre.
Sigo rapidamente para dentro deixando-o com seus amigos, entretanto Fernando me segue e interrompe meu percurso quando estou bem próxima da nossa sala:
— Sara! Espera!
— O que foi?
— Releva um pouco o que o Júlio diz. Ele quer ser seu amigo, mas não sabe como começar. E outra, você tem que ser honesta, não é fácil se aproximar de você, já que está sempre reclusa no seu mundinho.
— Até você vai jogar meus defeitos na minha cara? – bufo irritada com o comentário, sinto minhas bochechas queimarem. Como pode? Ninguém fala assim comigo!
— Não é isso que quero dizer! Quero que você dê um voto de confiança pra gente! É tão difícil assim fazer isso?
— Tá – entro na sala, me sento no mesmo lugar dos últimos dias.
As aulas de matemática são a segunda e a terceira. A bruxa da dona Shirley nos deixa estudar os vinte primeiros minutos para, em seguida, aplicar a maldita avaliação.
Sinto minha cabeça pesar com todos esses números e fórmulas anotadas no caderno. Deveria pedir ajuda ao Júlio. Droga! Não vou dar o braço a torcer, foi ele que começou a dizer bobagens, ninguém mandou falar comigo daquele jeito.
E aqueles lindos olhos negros que parecem ter mudado de cor, estavam ficando azuis cristalinos, mas foi tão rápido que não pude ter certeza. Agora, mais do que nunca, acredito que ele é tão estranho quanto eu.
Dou uma espiada na direção dele e... Nossa! Está me encarando como se tentasse descobrir algum segredo que estou escondendo. Novamente, percebo seus olhos mudando de cor. Agora, eles permanecem por um tempo um pouco maior desta forma. Ele franze a testa e seus olhos retornam ao normal.
Volto meu olhar para o caderno sentido um frio na espinha. Não sou religiosa. Na verdade, creio que nunca entrei em uma igreja ou templo na minha vida. Mas... meu pai do céu! Me socorre porque acho que estou vendo coisas! Não é possível a cor dos olhos de uma pessoa mudar, assim, do nada.
— Muito bem! O tempo terminou. Agora, vamos começar a prova. – a megera declara, me tirando do meu devaneio.
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Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A Viagem
FantasyJá dizia William Shakespeare: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia." Já pensou em conhecer um mundo cheio de criaturas fantásticas? Já pensou em participar de uma batalha contra o terrível Samael ao lado de...