O suor escorre quente e fedorento em minha testa, no mesmo instante que quatro guerreiros humanos me cercam. Abaixo rapidamente me livrando do golpe de dois deles, em seguida passo uma rasteira em outro, derrubando-o, finco minha espada em seu peito, direto no coração.
Depois dou um salto mortal parando atrás de dois, decapitando-os logo que pouso no chão, cortando-lhes a carne como se fosse manteiga. O quarto guerreiro tenta, com vários movimentos, me desarmar. Contudo, apesar de ser bem mais forte que os outros, ele não tem a menor chance contra mim. A última coisa que vê é minha espada rasgando seu corpo frágil ao meio. Que Delícia!
Olho para o horizonte tentando coletar a maior quantidade de ar possível para meus pulmões. Com esse calor insuportável, preciso tirar meu elmo o mais rápido possível antes que o próximo levante contra minhas tropas comece. Ser um soberano do Egito é algo maravilhoso, mas também é terrivelmente pesado.
É claro que adoro o poder que detenho sobre meus súditos, principalmente porque consigo fazer com que acreditem em falsos deuses. O que será que o Criador está pensando sobre ter seu povo como meu escravo? Adoro isso! Cada grito de dor causado pelas chibatas é música para os meus ouvidos.
Mas, o mais importante é saborear o sangue das minhas vítimas durante as guerras que outros povos provocam em busca das riquezas deste império. Os humanos nunca vão perder os pecados da inveja e da cobiça por riquezas que não lhes pertencem.
O mais recente levante é para libertar meus escravos, o líder desses rebeldes é ele, o maldito escravo que foi criado comigo como se fosse meu irmão. Em minhas várias vidas como "ser humano" me fizeram conhecer mortais muito interessantes, no entanto estou odiando conhecer Moises.
Tudo porque percebi que o Criador está do lado dele, por causa das pragas do Egito. Depois de milênios em total silêncio, Ele finalmente está mostrando um pouco de seu poder para a humanidade, mesmo que seja através desse filho de escravos, pois realmente já era hora do Criador se mostrar presente, afinal estou cansando de esconder os meus poderes.
Um brilho incandescente surge no horizonte quase me cegando. Certo! Então, finalmente Ele também deixou seu exército descer na Terra para esta guerra. Tudo bem! Tenho o exército de meu pai disponível para este reencontro.
Mas... espera... o que está acontecendo? Novamente, estou na pele de um guerreiro! Sinto uma força me puxar para o alto, no momento seguinte, meu corpo flutua sobre uma legião de guerreiros vestidos como os soldados do antigo Egito, também vejo outra tropa com armaduras reluzentes correndo de encontro aos egípcios.
Além deles, noto a presença de outras pessoas com mantos medievais dos dois lados da batalha. O que será que está acontecendo? Ao olhar para o guerreiro, que antes sentia ser eu, vejo que seu rosto é familiar. Seus olhos mudam do verde azulado para o vermelho sangue, então ele sorri diante da nítida investida de seus inimigos e... O que é aquilo? Seus dentes estão se transformando? São... são... como presas de um grande predador.
— Sara? – ouço minha mãe me chamar, enquanto a imagem se desfaz em uma névoa escura. Sua voz parece tão longe – Acorda, minha princesa. – agora parece que está mais perto, mas sinto tanto sono – Vamos dorminhoca, já passa do meio-dia e sua amiga vai chegar daqui a pouco. – sinto ela acariciando minha cabeça.
— Aaaahhhh mãe, deixa eu dormir só mais um pouquinho. – resmungo cobrindo minha cabeça com a coberta.
— Mas você não disse que queria ir numa pista de skate? Então, levante-se, vá tomar um bom banho para despertar e almoçar. Comprei pizza ontem e já coloquei no forno para assar.
— Hum... Pizza! – levanto a coberta, olho para ela mostrando meu melhor sorriso.
— Sabia que ia gostar. – ela abre um grande sorriso, em seguida se levanta e sai do meu quarto.
Olho a cidade pela janela, o céu está lindo, sem qualquer nuvem, com o sol brilhando, imponente. Outra vez, apesar de não me lembrar do sonho completamente, sei que era uma batalha e creio que o guerreiro estranho apareceu novamente. Isso está começando a me preocupar. Quem será que era ele?
Vou deixar para pensar nisso depois. Vejamos... que roupa vou usar hoje? O tênis nunca muda, calças com certeza, já que não gosto de bermuda ou short, principalmente porque a calça também me ajuda a me proteger dos raios solares. Agora, qual camiseta vou vestir.
Me levanto, antes de abrir o guarda-roupa, dou uma olhada no espelho. Nossa! Minhas bochechas estão tão vermelhinhas. Até parece que passei maquiagem! Meus olhos estão em um tom de verde-escuro, além do meu cabelo parecer mais brilhante.
Não sei o que minha velha me deu para beber ontem, mas parece que renovou, consideravelmente, minhas energias e minha aparência. Apesar de ainda parecer com um fantasma, me sinto bonita, coisa que jamais aconteceu antes.
Abro o armário, escolho uma das camisetas com emblema do grupo Within Tamptation, pego uma calça de tecido mais leve e folgada que é mais fácil para praticar as manobras de skate.
Como de costume, o Rylo me segue por todos os lados da casa, inclusive, para o banheiro. Tomo um banho bem demorado, lavando meu cabelo. Ele dá um pouco de trabalho por ser tão longo que alcança meu quadril, mas nunca deixei minha velha cortá-lo muito, afinal, apesar da cor, adoro meu cabelo lisinho e grande.
Depois de me vestir vou direto para a sala, noto umbilhete da minha mãe sobre a mesa que diz: "A pizza está pronta e no forno. Tem refrigerante na geladeira. Não se esqueça de não chegar muito tarde. Estou no quarto porque não consegui dormir quase nada, desde a hora que cheguei. A gente se vê amanhã. Beijos e divirta-se."
Como sempre, o dia foi feito para a minha velha dormir. Mas... Espera! Não me lembro de ter conversado com a Alessandra, muito menos de ter passado meu endereço para ela. Só se... corro para o quarto, pego meu celular sobre a cama e dou aquela olhada no whatys.
Minha velha passou mensagens para a Alessandra e deu nosso endereço, também a convidou para comer pizza. Essa é minha mãe espertinha, querendo adular a menina para que ela seja minha amiga. Ainda bem que ela escreveu como sendo ela mesma e não como eu, vai que a Alessandra fala alguma coisa pensando que sou eu e minha velha acaba não gostando.
Ouço o interfone tocar. Deve ser ela, minha velha marcou às treze horas, isso quer dizer que chegou cinco minutos antes da hora. Volto para a cozinha para atender o interfone:
— Alô.
— Sara, a Alessandra está aqui. Posso deixá-la subir.
— Pode sim, senhor Antonio.
— Ok.
Desligo o aparelho, dou uma olhada rápida pelo apartamento. Está arrumadinho como sempre. Enquanto aguardo ela tocar a campainha, arrumo a mesa com dois pratos, dois copos e os talheres. Em seguida, pego a pizza no forno, coloco sobre um porta-panelas que já estava sobre a mesa.
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Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A Viagem
FantasyJá dizia William Shakespeare: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia." Já pensou em conhecer um mundo cheio de criaturas fantásticas? Já pensou em participar de uma batalha contra o terrível Samael ao lado de...