A escuridão parece que está se dissipando, lentamente, quando começo a ouvir vozes:
— Eu falei que você vai precisar de ajuda. – murmura uma voz desconhecida e melodiosa.
— Não preciso de ajuda de ninguém, principalmente dele. – é a voz da minha velha.
— Sempre quando eles completam dezesseis anos seus poderes vêm à tona e você vai precisar de ajuda. – a voz parece irritada – E você sabe que com ela será diferente.
— Talvez não. – minha mãe murmura, sua voz está estranha, parece que está triste.
— Cante novamente porque ela está acordando! – a voz estranha exclama mais irritada.
Ouço novamente a melodia e sinto a escuridão me puxando novamente.
— Sara. – ouço a voz da minha mãe muito longe – Sara, acorde. Está na hora de ir para a escola.
— Estou com sono. – resmungo com os olhos fechados, puxo a coberta cobrindo-me totalmente.
— Eu sei, mas você precisa ir. – ela passa a mão sobre minha cabeça, que está escondida.
— O que aconteceu ontem? – levanto o cobertor para fitá-la – Só me lembro de passar mal e depois você cantar para mim. Que música era aquela? E a letra? Que língua era? Também não me lembro de vir andando para a cama, como você me trouxe?
— Você não acha que é muito cedo para tantas perguntas? – ela se levanta da cama – Vamos logo ou vai chegar atrasada na escola. – e sai do meu quarto.
Minha velha sempre foge das minhas perguntas quando é sobre o meu pai, mas não vejo motivo algum para fugir dessas questões. Dou um longo suspiro e olho para janela, a luz do novo dia começa a adentrar o ambiente, mas está bem nublado. Creio que vai chover.
Me levanto, encaro meu reflexo no espelho e... Nossa! Estou parecendo mais fantasmagórica que nunca. As bochechas rosadas sumiram e meus olhos verdes estão mais claros. Hoje, vou ter que me esconder, talvez um casaco com capuz ajude.
Pego uma camiseta com o emblema do grupo 30 Seconds To Mars, visto uma calça jeans, coloco uma das várias blusas com capuz na cor preta e calço meu All Star. Arrumo minha mochila, pego meu celular e o headfone. Sigo para a sala e vejo que o gato está dormindo tranquilamente no sofá. Faço carinho no alto de sua cabeça fazendo-o olhar para mim e ronronar.
— Mãe, você não respondeu minhas perguntas. – deixo a mochila ao lado do gato, junto com meu celular e o headfone. Em seguida, me sento na mesa enquanto observo ela terminar de preparar o café.
— Não aconteceu nada demais, agora, coma. – coloca a garrafa de café sobre a mesa – Já arrumou um nome para o gato?
— Não. – respondo revirando os olhos, pois já sei que não vai falar nada do que quero saber.
— Que tal Rylo. – diz olhando para o gato com uma sobrancelha levantada.
— Rylo? – dirijo meu olhar para o gato, ele me encara como se entendesse o que falei, salta do sofá vindo parar no meu colo.
— Ele parece que gostou. – minha velha mostra um leve sorriso, em seguida volta para a cozinha.
— Está certo. Será Rylo. – faço carinho no bichano brevemente. Depois coloco o café no copo e bebo de uma vez. Em seguida, coloco mais café, pego um pão e passo geleia nele.
— Hum... vejo que está com fome hoje. – minha velha murmura com um grande sorriso, sentando-se de frente para mim.
— Sim. Acordei com muita fome.
— Que bom! Mais tarde, quando vier para casa, passa no mercado e compra ração para seu gato porque o leite que tinha ele já bebeu todo.
Ela se levanta, vai até seu quarto, pega a sua bolsa e retorna para a sala.
— Aqui está o dinheiro. – diz ao colocá-lo sobre a mesa – Outra coisa, você quer passar um pouco de maquiagem porque está mais branca do que de costume.
— Não. – respondo depois de engolir um pedaço de pão – Sabe que não gosto dessas coisas.
— Só um pouco de rouge nas bochechas? – ela pega sua maquiagem na bolsa.
— Não. – digo depois de engolir o último pedaço de pão e beber todo o conteúdo do copo – Olha a hora, já está tarde.
Levanto-me rapidamente antes que ela me obrigue colocar aquilo. Odeio esse negócio de maquiagem. A única vez que tentei usar, ficou coçando o tempo todo. Não quero mais isso.
Ao abrir a porta, o gato insiste em querer sair comigo. Fica miando e todas às vezes que coloco para dentro, ele consegue ser mais rápido, saindo de casa antes que eu feche a porta. Minha velha começa a rir da situação:
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A Viagem
FantasyJá dizia William Shakespeare: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia." Já pensou em conhecer um mundo cheio de criaturas fantásticas? Já pensou em participar de uma batalha contra o terrível Samael ao lado de...