Mas... espera... não faz nem cinco minutos que ela entrou na sala. Olho para a tela do celular. Nossa! Já se passaram trinta minutos desde que a bruxa entrou. O tempo passou tão rápido que nem percebi.
Guardo meu caderno, estojo, deixo apenas uma caneta, o lápis e a borracha sobre a carteira, conforme as instruções da megera. Ela também manda guardar o celular. Droga! Pensei que poderia fazer algumas contas com ele. Bruxa! Sem dúvida alguma, odeio essa megera que se diz professora.
Dona Shirley me entrega a folha da avaliação, ao observar as questões dou um longo suspiro. É, sem dúvida, vou levar bomba nessa prova. Realmente, deveria ter engolido meu orgulho e pedido ajuda ao moreno.
Júlio... meus pensamentos voltam para o momento em que olhei para ele, lembrando do que aconteceu com seus olhos. Será que imaginei coisas? Meu pai do céu! Não quero ficar louca! Já vi algumas pessoas falando sozinhas pela rua porque suas mentes adoeceram por algum motivo. Não quero que isso aconteça comigo.
Será que a minha velha cuidaria de mim se ficasse maluca? Ou será que me colocaria em um hospital psiquiátrico? Não... acho que ela não faria uma coisa dessas. Desde que me conheço por gente, sempre cuidou de mim se preocupando com a minha alimentação, com meus estudos, além, é claro, de sempre me dar muito amor e carinho. Tenho certeza de que ela não me colocaria em uma prisão de loucos.
— Sara? – ouço a voz da professora, olho para ela – Já terminou a aula. Me entregue a prova, por favor.
— Como? – pisco várias vezes tentando entender suas palavras.
— Já terminou a aula. Me entregue a avaliação.
Olho para a folha que está em branco. Nossa! Não respondi nenhuma pergunta. O que aconteceu?
— Mas eu não terminei. – digo franzindo o cenho e olho ao redor, sou a única aluna ainda na sala.
— Escute. Sei que você acabou de entrar nessa escola, por isso acredito que esteja difícil acompanhar as aulas. – ela abre um grande sorriso para mim – Não se preocupe com a sua nota, vou passar um trabalho extra para você recuperar o tempo perdido e, assim, não terá dificuldades para acompanhar a turma no próximo bimestre, mas precisa se dedicar, tudo bem?
Eu aceno com a cabeça, positivamente. Até que ela não é tão ruim. Lhe entrego o papel, saio da sala seguindo na direção do prédio do refeitório. O que aconteceu comigo? Não é possível que tenha passado tanto tempo assim, sem nem sequer ter percebido.
Entro na fila do lanche e pego um prato cheio de risoto de frango, o cheiro e a cara estão ótimos. Sigo para o pátio, me sento em um dos bancos de concreto e começo a saborear o alimento.
Quando estou na metade da refeição, sinto meu estomago doer e minha cabeça começa a girar. Não! Novamente não! Antes que pudesse correr para o banheiro, coloco toda a comida para fora. Quando já não resta mais nada dentro do meu estomago, ouço as vozes da Alessandra e da Bianca atrás de mim.
— Sara? Está tudo bem? – antes que pudesse me virar para encará-las, a escuridão me engole.
— Sara? – ouço a voz da professora Shirley e do professor Romeu me chamando.
— Acho que ela está voltando a si. – ouço uma voz feminina desconhecida.
Abro meus olhos e vejo alguns professores a minha volta, além de uma senhora muito distinta de cabelos grisalhos. Creio que é a diretora. Já tinha visto ela conversando com o Júlio certo dia.
— Você está melhor, Sara? – a senhora distinta abre um leve sorriso que não chegam aos seus olhos, pois demonstram sua total preocupação.
— Sim. – respondo com a voz baixa, quase inaudível, passo as mãos no rosto.
— Ficamos todos preocupados! – o professor Romeu abre um sorriso sutil.
— Você sempre tem esses desmaios? – a professora de artes pergunta.
— Às vezes, mas já procurei o médico. – minto para deixarem de fazer perguntas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A Viagem
FantasyJá dizia William Shakespeare: "Há mais coisas entre o céu e a terra do que pode imaginar nossa vã filosofia." Já pensou em conhecer um mundo cheio de criaturas fantásticas? Já pensou em participar de uma batalha contra o terrível Samael ao lado de...