CAPÍTULO 4 parte 3

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Me viro para encará-lo, os três estão caminhando na minha direção. Eles são altos e magricelas, dois deles tem cabelo tão cumprido como o meu, porém somente um dos dois está usando boné. Estão vestindo camiseta e bermuda:

— Como? – indago levantando as sobrancelhas.

— Você ouviu! Cai fora da nossa pista! Aqui não é lugar para a bonequinha estranha! – o de cabelo curto, que está mais perto de mim, exclama. Por serem mais altos que eu tenho que levantar um pouco a cabeça para encarar seus olhos.

— Qual é, cara?! O lugar todo é público. – Gustavo fala pegando meu braço, me puxando para trás.

Qual é a desses caras? Não estou atrapalhando ninguém. Pratico skate desde meus seis anos e minhas manobras são perfeitas.

— Não interessa! A bonequinha estranha tem que sair! – o cabeludo com boné declara, sinto meu rosto começar a queimar com as palavras deles.

— E quem é que vai me fazer sair? – me solto da mão do Gustavo, encarando os moleques.

Os três começam a gargalhar fazendo meu sangue ferver ainda mais. Sou contra violência, mas eles estão pedindo uma atitude da minha parte.

— Você acha que bota medo na gente, sua tampinha? – questiona o cabeludo sem boné

Agora chega! Ninguém fala assim comigo!

— Vamos resolver isso na pista! – dou um empurrão no de cabelo curto.

— Não, Sara! – as meninas gritam, pegando nos meus braços para me segurar.

— É mesmo, tampinha? Quero ver se é tão boa assim! – o de cabelo curto me provoca – Você e eu, na pista, agora!

— Não faça isso, Sara. – Alessandra sussurra no meu ouvido – Deixe esses babacas pra lá.

— Não mesmo! Ninguém fala assim comigo! – exclamo olhando para o moleque.

— Eu vou primeiro, tampinha! E pode tirar esse seu capacete ou você está com medinho de cair?

— Pode ir! Também quero ver se você é bom! – mostro meu sorriso de deboche e tiro meu capacete.

Ele começa suas manobras no basicão, depois faz alguns flips, manobras de Freestyle, segue para a mini half pipe onde faz alguns aéreos. Enquanto o moleque faz suas manobras, os outros dois garotos ficam torcendo e vibrando, é nesse momento que descubro que o nome do moleque de cabelo curto é Felipe. Suas manobras são boas, contudo, o último aéreo não consegue executar muito bem e acaba caindo fazendo meus amigos rirem e os seus se calarem.

Meu sangue ainda continua quente. Como ele se atreve em me chamar de tampinha? Cretino! Tudo bem que não sou alta, mas não sou tão baixinha assim, tem meninas da minha idade que são mais baixas que eu.

— Vai lá, tampinha! Quero ver fazer melhor! – diz o moleque atrevido ao encarar meu rosto tão perto que posso sentir seu hálito nojento.

Viro meu rosto me afastando um passo dele. Em seguida, faço gesto para ele sair da minha frente. Entrego meu celular para Alessandra junto com o fone, aproveito que estou no último degrau da escada e começo minhas manobras com um Bean drop, fazendo meus amigos vibrarem. Depois faço um Front foot flamingo e um Fs 360 boneless, perfeitos.

— Vai, Sara! – a Alessandra e a Bianca gritam ao mesmo tempo.

Sigo para a parede ao fundo de uma das pistas, faço um Wallplant, em seguida, executo um Fs 5-0 to tail, um Fs axle stall 270 out e um Fs crail stall, perfeitos. Ouço meus amigos vibrarem e gritarem meu nome.

Vou para a minirrampa para fazer algumas manobras aéreas. Começo com Drop in, seguida por Bs 180 early grab, executo dois backside Late Grab, seguidos. Depois mando a manobra Blunt to fakie por três vezes. Realizo dois 360 flip. Deixo a minirrampa, seguindo para o Banks e realizo algumas manobras de borda, além de algumas aéreas.

— Sara! – escuto a voz do Júlio durante uma manobra aérea, olho para ele, está próximo do Banks atrás dos amigos. 

Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora