Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A Viagem

CAPÍTULO 4 parte 5

— Não preciso da sua ajuda! – explodo ao sair de seu colo rapidamente, me afasto encarando-o. Noto seus olhos mudando do azul para o negro – E... já disse que não sou sua esquentadinha.

— Vamos deixar os dois conversarem sozinhos. – ouço a voz do Fernando. Somente neste momento noto os dois casais atrás do Júlio.

— Sim. Enquanto isso, vamos procurar uma farmácia ou qualquer lugar que venda produtos para limpar esse sangue todo e fazer um curativo nessa cabeça oca. – diz Bianca com um leve sorriso, me deixando perplexa.

— Não precisa. Vocês se esqueceram dos banheiros? – digo caminhando em direção ao local, mas o Júlio segura meu braço.

— Espera! Vou com você, vai que desmaia igual na escola.

Antes dos casais saírem, Alessandra me entrega o celular e o fone, em seguida, caminham em direção à rua enquanto Júlio me acompanha até o banheiro.

Depois de lavar bem as minhas mãos começo a limpar minha testa. Droga! Minha cabeça ainda lateja um pouco, além de sentir uma pequena ardência em um local perto do couro cabeludo. Apesar de não ter espelho aqui imagino que meu cabelo esteja manchado de sangue, por isso jogo bastante água no lugar.

— Ei! Vai com calma ou você pode ter um choque térmico! – Júlio reclama ao segurar meu cabelo, tentando me ajudar para não o molhar muito.

— Já disse que não preciso da sua ajuda. – resmungo esfregando o local dolorido com bastante cuidado – Isso só aconteceu por sua causa.

— Percebi que não precisa da minha ajuda. – diz e sei que está sorrindo, apesar de não estar olhando para ele – Também peço desculpas por ter chamado você, mas quando vi que estava sem o capacete não pude me controlar. Se estivesse usando ele não estaria se lavando agora. E se acontecesse algo pior?

— Nunca me machuquei por causa do skate não seria agora que iria acontecer, por isso digo que foi sua culpa.

Ele permanece em silêncio até que eu termine a limpeza do local. Me viro e encaro seus olhos:

— Está limpo? – questiono ao levantar uma sobrancelha.

Ele coloca uma das mãos próximo do local dolorido, me fazendo abaixar um pouco a cabeça:

— Está limpo e vejo um pequeno corte, o suficiente para dar dois pontos, mas como já parou de sangrar, talvez não seja necessário. Mesmo assim, gostaria que fosse num hospital fazer uma radiografia.

— Nada de médico, já disse. – resmungo fitando seus olhos.

Seu semblante parece realmente preocupado, mas não quero ir em médico nenhum.

— Acabei de ter certeza que, além de ser esquentadinha, você também é teimosa. – abre seu belo sorriso.

Por alguns instantes, ficamos em silêncio apenas nos encarando. De repente, ele se aproxima mais de mim, no mesmo instante que acaricia meu rosto com a outra mão, essa aproximação causa algo estranho na minha barriga. Parecem borboletas voando no meu estomago. O que será isso? Espera, será que ele quer me beijar? Ah... não mesmo! Não vou dar meu primeiro beijo em um banheiro de praça com um garoto que mal conheço.

Empurro ele e saio rapidinho. Meu pai do céu! O que está acontecendo comigo? Estou tremendo! Olho de um lado para o outro com essa sensação estranha na minha barriga. Pego meu skate e o equipamento que estão no chão, ao lado da porta, corro em direção a pista.

— Sara! – ouço o Júlio me chamando, mas não dou atenção.

Desço a escadaria rapidamente, porém antes de chegar ao final, Júlio segura meu braço me puxando de encontro aos seus braços:

— Pode parar aí, minha esquentadinha! Você vai dar um tempo no skate, pelo menos até o seu sangue esfriar um pouco. – ele encara meus olhos.

Penso em retrucar, contudo quando encaro seus olhos fico sem ação. Sinto novamente a sensação estranha na barriga. Não vou deixar você vencer, Júlio! O empurro novamente, me afastando o máximo que posso, em seguida me sento no último degrau. Noto vários outros esqueitistas dando suas voltas pelas pistas. Agora, além de mim, tem mais duas garotas dando um role no Banks.