CAPÍTULO 3 parte 1

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Nos dias que se seguem, dos cinco amigos somente o Júlio não conversa comigo. Até a Bianca troca algumas palavras na quinta-feira. Tudo bem que foi sobre os trabalhos, mas já é alguma coisa, afinal ela era a única que não tinha conversado comigo. De qualquer maneira, acho esse Júlio um pouco estranho.

Durante esses dias, não passei mal, por isso a cor retornou para as minhas bochechas. Creio que deveria ir ao médico para saber o que está acontecendo, mas minha velha diz que não é nada de importante, que qualquer pessoa pode passar mal algum dia por causa da comida.

Há momentos que penso que minha mãe não se preocupa o suficiente comigo, mas é só com relação a minha saúde. Não me lembro dela ter me levado ao médico algum dia, assim como não recordo de ter ficado doente, nem mesmo gripada, não faço a menor ideia se, algum dia, já fraturei algum osso. Vai ver que é por isso que minha velha não se preocupa. Minha saúde é de ferro!

Como nesses dias resolvi não ficar depois da aula para conversar com o pessoal do Júlio, tenho chegado cedo em casa. O Rylo sempre me acompanha para todos os lugares que vou, ou seja, escola ou mercado. Ele está sempre por perto, creio que ele é um bom amigo, apesar de ser apenas um animal de estimação.

Os pesadelos também deram um tempo, acredito que era somente uma fase. No entanto, continuo intrigada com o guerreiro que sempre vejo em meus sonhos. Quem será que era ele? Por que que sempre sinto estar em seu corpo no início do sonho? Realmente, parece que sou eu em batalha, contudo logo consigo perceber que, na realidade, é ele que está lutando.

Hoje é sexta-feira, dia da maldita prova de matemática, creio que vou levar bomba, apesar de ter estudado. Acredito que não foi o suficiente meus estudos e como o Júlio não está falando comigo, não tive ninguém que pudesse me ajudar. Se bem que prefiro assim, sem depender de qualquer pessoa, já que sempre foi assim a minha vida escolar.



O dia começa bonito, com um sol maravilhoso, decido ouvir "Swimming Home" do grupo Evanescence no caminho de casa para a escola e, como aconteceu em alguns dias anteriores, chego cedo e o portão está fechado.

Ainda preciso melhorar a relação entre o tempo e o caminho que levo de casa para a escola. Realmente, não gosto de ficar esperando o portão abrir, principalmente porque o Júlio costuma ficar me encarando de longe. O que há com esse garoto? Se tem algum problema comigo, por que não fala?

Como de costume, paro do outro lado da rua, perto da árvore, enquanto aguardo a escola abrir. De repente, sinto alguém tocar meu ombro, ao me virar me surpreendo com um olhar entristecido do Júlio, tiro meu headfone:

— Oi. – ele murmura.

— Oi. – respondo, em seguida volto meu olhar para o portão da escola. Ficou me esnobando a semana inteira e agora quer conversar. Realmente, não entendo esses garotos malucos!

— Quero te pedir desculpa. Você tinha toda razão em dizer que não tenho nada a ver com a sua vida. Na verdade, não poderia falar daquele jeito com você, já que mal nos conhecemos.

— Finalmente! O desconfiômetro funcionou? – digo ainda olhando para o portão.

— Mas mesmo não conhecendo você há muito tempo, aprendi algumas coisas a seu respeito.

— Tipo o quê? – volto minha atenção para ele.

— Que você se irrita com facilidade. Que mesmo estando errada, o que importa é seu ponto de vista. Isso quer dizer que não leva desaforo para casa, por isso não faz questão de pedir desculpa mesmo sabendo que está errada.

— Ah! Então a errada sou eu?

— Não terminei! – ele segura meu braço com força – Mesmo assim quero ser seu amigo.

— Por quê? – puxo meu braço com força da mão dele, fazendo-o franzir o cenho e encarar sua própria mão. Qual é a desse garoto?

Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora