CAPÍTULO 3 parte 4

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Me sento no sofá encarando o ambiente em que me encontro. É a sala dos professores. Ainda não tinha entrado aqui, mas tenho certeza que é, pois há uma mesa grande retangular posicionada bem no centro da sala e várias cadeiras estão em volta dela. Dois computadores em um dos cantos ao lado de uma impressora grande, bem abaixo das vidraças. Também tem um grande armário de madeira com várias pequenas portas, cobrindo a totalidade da parede do outro lado da mesa.

Acho que essa sala é bem maior do que as salas de professores das outras escolas que já frequentei. Se bem que, em algumas delas, minha passagem foi tão rápida que nem sequer conheci a sala deles.

— Quer que avise seus pais? – a senhora distinta questiona levantando uma sobrancelha.

— Não será preciso. Minha mãe está no trabalho. – minto novamente, pois acredito que minha velha não vai gostar de sair de casa para vir aqui.

— Certo. Você quer ir para casa? Posso te levar. – Dona Shirley abre um leve sorriso. Engraçado, ela parece mesmo muito preocupada comigo.

— Não. Está tudo bem. – respondo me levantando do sofá, me dirijo para a porta. – Muito obrigada! – agradeço olhando para todos, em seguida volto rapidamente para o pátio.

Parece que meu desmaio durou pouquíssimos minutos, pois ainda estão todos do lado de fora das salas. Quem será que me levou para a sala dos professores?

A Alessandra e a Bianca, assim que me vê, correm na minha direção.

— Você está bem? Ficamos muito preocupados. – as duas falam ao mesmo tempo, depois vejo os outros três se aproximarem.

— Não foi nada demais, meninas. – mostro um sorriso sutil.

— Tem certeza que está tudo bem? – Gustavo questiona levantando as sobrancelhas.

— Sim. Não se preocupem. Essas coisas têm acontecido, às vezes, mas não é nada demais. Já procurei um médico e ele disse que não tenho nada. – minto descaradamente e sinto que não os convenci, contudo se dão por vencidos – Ah... Quem me levou para a sala dos professores?

— Foi o Júlio. – Bianca responde, abrindo um sorriso no canto de seus lábios.

O quê? Aí que vergonha! Sinto minhas bochechas queimando e as meninas caem na gargalhada. Droga! Por que isso sempre acontecesse comigo?

O sinal do fim do intervalo toca, os casais se abraçam e seguem para a sala. Eu começo a segui-los, mas Júlio me interrompe, segurando meu braço:

— Me perdoa, Sara? Sou um grande imbecil! – diz encarando meus olhos, noto que ele está realmente triste.

— Olha, na verdade, eu é que preciso te pedir desculpas, afinal não era para tanto. Você e seus amigos têm sido muito gentis comigo e fui muito rude com você. Também quero agradecer por ter me levado para a sala dos professores.

— Pois é, minha esquentadinha! Mas não precisa me agradecer, sempre tento ajudar quando posso. – ele abre um sorriso sutil.

— Não sou sua esquentadinha! – exclamo franzindo o cenho.

— Tá bom! Vamos, que o pessoal já deve estar nos esperando na sala. – ele abre mais o sorriso.

Júlio solta meu braço. Até que desta vez gostaria que segurasse minha mão, mas não vou dizer nada. Enquanto puder, vou manter distância dele, principalmente porque quero saber se o que eu vi foi real ou apenas minha imaginação fértil me pregando uma peça.

Ao voltar para a sala, ele entra na minha frente, vai até o lugar onde estou sentada e pega minhas coisas:

— Ei! O que você está fazendo? – questiono franzindo o cenho.

— Você vai voltar a sentar do meu lado. – responde caminhando para o lugar que estava sentada nos primeiros dias.

— Espera! Sento onde eu quiser! – tento pegar minha mochila.

— É mesmo? Deixo você sentar onde quiser se conseguir pegar sua mochila. – se vira e abre seu sorriso lindo, em seguida, levanta a bolsa o mais alto possível.

— Ei! Isso não é justo! Você é muito mais alto do que eu! – reclamo cruzando os braços.

— Tente! – dá uma piscadinha.

Ele está me desafiando? Que insolente! Minhas bochechas começam a queimar de raiva. Descruzo os braços e tento, várias vezes, pegar minha mochila, mas sem nenhum sucesso. Ele fica rindo e se esquivando a cada tentativa minha. Está brincando comigo! Agora, tenho certeza que esses garotos são estranhos mesmo. 

Dunyas eno Unyaah - O Rapto e A ViagemOnde histórias criam vida. Descubra agora