Capitulo 6

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  Estava andando em direção a minha casa, fazendo o caminho que farei pelo resto da minha vida escolar aqui.

  Ouvi passos atrás de mim, olhei desconfiada e vi logo Miguel com as mãos nos bolsos da jaqueta.

  Continuei andando sem ligar para a presença dele. Parei frente ao portão de casa e tirei as chaves do bolso.

  Ele encostou no portão da casa dele, pelo que eu soube ele não mora ali, ainda com as mãos nos bolsos ele parecia não tirar os olhos de mim por um segundo que fosse.

- O que foi?

- Nada.

- Vai ficar aí encostado?

- Estou sem as chaves.

- Hm... tabem.-disse e voltei a destrancar o portão despreocupada.

- Não vai me convidar para entrar e esperar até que Dic apareça?

- Em falar nisso, nunca vi esse tal de Dic!

- Ele não costuma ficar em casa a tarde.

- Hm.

- Bom, não vai me convidar?

- Não.

- Não?

- Não vou convidar um estranho.

- Não sou estranho! Sou su vizinho!

- Não, você é amigo de um vizinho que nunca vi na vida.

  Acenei me despedindo e entrei em casa, ele manteve seu olhar em mim até que eu passei pela porta principal.

  De cara ci minha mãe em casa, me surpreendi. Ela nunca esta em casa a esse horário.

  Ela parecia distraída com seu celular, parada no centro da sala de estar. A sala de estar que ela viu construir e fez tudo da maneira que sonhava, e agora nem ao menos tem tempo de olhar como sua sala é bonita.

- Oi mãe, não vai trabalhar?

- Vou, estou um pouco atrasada, vou chegar mais tarde hoje, tudo bem?

- Tabom.

  Ela sorriu e após pegar sua bolsa sobre o sofá ela saiu apressada. Como sempre.

  Subi as escadas calmamente, estava acostumada com esse comportamento.

  Depois de me trocar fui a cozinha comer algo.

  A aquela hora eu já estava faminta.

  Desci as escadas e ouvi o som da televisão, andei até lá e ao ver Miguel deitado no sofá eu me assustei.

- O que esta fazendo aqui?-disse pegando a tesoura que estava sobre a mesinha de centro e apontando para ele.

  O que este maluco quer aqui? Acha que pode entrar na casa dos outros assim?

- Calma garota! Abaixa isso!-ele se levantou rapidamente dando a volta no sofá.

- Diz o que quer aqui primeiro!

- Calma sua maluca! Sua mãe pediu pra ficar aqui com você!

- Por que ela faria isso?

- Pra você não ficar sozinha até de noite! Agora não faça besteira! Abaixa isso!

- Hm.. ta, tudo bem.-disse abaixando a minha arma mortal.

- Poxa, belo jeito de agradecer!-disse pegando a tesoura que eu havia deixado sobre a mesinha de centro e em seguida ele jogou pela janela aberta.

- Se estragou minha tesoura eu te expulso daqui.-disse e ele me olhou assustado com meu comportamento.

  Joguei os braços para o alto me espreguiçando e fui até a cozinha.

- Você não teria coragem de me esfaquear né?-ele disse me seguindo.

- Tenta a sorte.-eu ri e ele se sentou em uma cadeira.

- Maluca.

- Pra mim você invadiu minha casa.

- Não, mais quem sabe um dia.

  Revirei os olhos e peguei algo da geladeira para comermos.

[...]

  Já a noite ele havia indo embora, estava frente ao espelho penteando meu cabelo.

  Minha mãe sempre diz que dormir de cabelo molhado faz mal mas não me importo.

  Assumo que não foi tão ruim a compania dele. Ele é divertido. Me fez rir. Mais não vou facilitar para ele.

  Isso é um clichê irritante. Tudo isso não faz sentido.

  Ouvi batidas na janela e me virei para olhar mais não vi nada, ela estava aberta mesmo eu tendo fechado antes.

  Voltei a pentear meu cabelo até que senti uma respiração em meu ombro, me virei rapidamente como se a escova de cabelo fosse uma arma para defesa.

  Era aquele idiota. E o pior que Miguel é nome de anjo.

- O que faz aqui?

- Ah nem me viu fui!-disse e saiu pela porta do meu quarto.

  Saio do quarto e desço as escadas correndo. O vejo conversando com minha mãe.

- Mãe, não pôs ele para fora ainda?

- Por que poria? Ele é um doce! Me ajudou com as sacolas de compras e ficou com você o dia todo.

- É... que belo amigo.-revirei os olhos.

- Clara Clarinha, devia ouvir sua mãe, sou uma bela compania.

- Eu vou para o meu quarto.-disse indo em direção a escada.

- Ei posso ir junto?

- Não!

- Claro!

- Mãe! Não incentive essa atitude!

- Filha, trabalho no turno da noite, precisa de compania em casa!

- Não da compania dele!-disse apontando para ele.

- Não fale como se eu não estivesse aqui.-Miguel murmurou cruzando os braços.

- Filha vou indo juizo!

- Pera! Onde vai! Não deixa esse babaca aqui! E onde esta aquela preocupação das mães em deixar sua filha com um marmanjo desse??- corri até a porta mais ela já havia saido.

Que bela mãe, deixa a pobre filha com um predador desse. Um conquistador barato.

- Bom, estou preso com você novamente.

- O que você quer comigo?

- Eu? Ajuda numa matéria.

- Mas as aulas começaram agora...

- Pra você, pra mim ja faz um mês, mais tenho muito trabalho de recuperação.

- E em qual materia?

- Português e história, os professores fundiram as matérias e agora tenho que fazer uma redação de três páginas sobre um acontecimento que nem lembro.-disse despreocupado fazendo os braços de travesseiros.

- Ta, eu ajudo.

- Ajuda?

- Ajudo!

- Valeu Clarinha!-diz se levantando, ele pegou sua mochila, que ele havia esquecido, e tirou três folhas do caderno, em seguida entrega para mim junto a uma caneta azul.-Capricha bem.-diz e volta a se deitar

- Babaca.









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