chave

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Hoje quando disse para Zayn que eu gostaria de fazer uma chave como tatuagem, ele me mostrou o livro de desenhos dele, para que eu pudesse escolher uma delas.

Coisa de rotina.

Teve uma que chamou minha atenção. Nela, havia uma pequena chave com um rostinho triste, e que falava: "Não há cadeado para mim".

Ao vê-la, primeiramente pensei: "Eu poderia fazer muito bem essa. Descreve todo o meu humor". Mas, eu me lembrei que existe sim, cadeado para mim: você. O problema é que o cadeado não quer mais a chave.

Quer dizer, se uma chave é quebrada, você pode simplesmente abrir o cadeado com um grampo até conseguir arrumar outra chave. E já quando um cadeado é quebrado, a chave se torna inútil.

E bom, eu quebrei o cadeado. O que me torna uma chave condenada à solidão. Ao menos que... Eu te ajudasse a se consertar. Pense nisso.

Enfim, eu poderia até fingir estar fazendo essa tatuagem por nós nos encaixarmos, ou sobre você ter a chave do meu coração; e poderia até mesmo escrever um trecho fofo e brega, no qual você vomitaria com tanta doçura. Mas não, não é por isso que irei fazê-la e nem sobre isso que irei falar.

Irei falar sobre o dia em que já estava tudo prestes a desmoronar e você ficou lá por mim. E você foi a chave para que tudo voltasse a se acalmar.

— Tá, onde caralho essa chave se enfiou? — bufei, após andar até a última arquibancada. Nada.

— Você tem certeza que a trouxe com você para cá? Não ficou no seu armário nem nada?

— Claro que tenho certeza, Harry! Eu estava brincando com a droga do chaveiro enquanto você estava correndo atrás daquela bola estúpida! — Você levantou as suas mãos para demonstrar que não tinha nada a ver com aquilo. — Eu não posso perdê-la! Não novamente! Já é a terceira chave que eu perco esse ano, a minha mãe vai me matar!

— Calma, nós vamos encontrá-la. Basta ter um pouco de paciência.

— Isso é o que você sabe que eu não tenho. Eu disse para minha mãe que iria voltar hoje um pouco mais tarde por causa do seu treino ridículo, mas acontece que esse "um pouco mais tarde" já se passou há umas 2 horas atrás!

— Nós vamos achá-la. Apenas pense um pouco, você saiu daqui algum minuto? Nem que seja para ir ao banheiro? — eu respirei fundo, para que conseguisse pensar mais claramente. Não adiantou muito.

— Não, Haz. Eu nunca saio daqui.

E daí começou aquele momento de depressão que você sente após ter ficado com muita raiva. Sendo sincero com você agora, Harry, o que me incomodava não foi perder a chave em sim, e sim o chaveiro dela.

Ele significava algo para mim, e eu me sentia tão frustrado por tê-lo perdido. Pode parecer idiotice, se estressar por um "simples chaveiro", mas você sabe como as pessoas são quando se apegam às coisas, né?

Nós procuramos mais, mais e mais. Acabamos desistindo e saindo colégio. Você normalmente nunca me levava em casa; e eu não gostaria de te atrasar, ou algo assim. Nem queria muito menos que se sentisse na obrigação de fazer aquilo. Mas, naquele dia, você me levou.

— Se você quiser, eu posso falar com a sua mãe e dizer que não foi sua culpa ter perdido sua chave, e sim minha. Só não quero que você fique chateado sobre isso — eu dei um sorriso fraco para você. Um sorriso fraco, nunca forçado.

— Não, tá tudo bem. Ela... Sabe o filho que tem.

Nós nos despedimos e quando cheguei à frente a porta de casa, e vi que não daria para entrar, foi que caiu a ficha de que eu realmente havia a perdido.

Meu coração se apertou no meu peito, tanto quanto está se apertando agora ao ver a pequena chave tatuada no meu tornozelo.

Ele está apertado porque agora eu a tenho, Harry, eu tenho a chave. Sendo que ela não tem o que mais importa, ela não tem um chaveiro. E eu... Eu não tenho mais você para mim. 

36 REASONS (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora