given a chance

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Dada uma chance.

Três simples palavras que seguidas por mais algumas e, no fim, quando completadas com um ponto de interrogação podem causar confusão. Ou mudanças de ponto de vista.

— Harry, dada uma chance, você gostaria de trabalhar nos seus pontos fortes ou fracos?

— Como assim?

— Tipo, você gostaria de melhorar no que já é bom e ficar ótimo nisso, ou melhorar em algo que é péssimo e ficar apenas ruim? — você esticou sua cabeça até a minha mesa para poder ver qual página de filosofia que eu estava lendo. — Isso é difícil. Quer dizer, se você quiser trabalhar no que já é bom, você pode se tornar o melhor, mas não necessariamente. Mas pelo outro lado, se trabalhar no que é péssimo, isso pode te ajudar a tornar-se uma pessoa melhor.

— Eu com certeza trabalharia nos meus pontos fracos. É péssimo ter suas vontades ou sei lá, aspirações, limitadas por si mesmo. Pela sua própria fraqueza.

— Mas, se sua fraqueza te impede, por que você aspira por isso? Tipo, eu sou péssimo em esportes, então obviamente não aspiro em ser jogador ou atleta. Acho que opto por melhorar no que já sou bom.

— Nem sempre você tem escolha sobre suas vontades, e mesmo que minta o máximo possível para si mesmo, lá no fundo, quando é apenas você e ninguém pode te ouvir, sabes que é aquilo o que você quer... E apenas não pode fazer por conta da fraqueza.

— Harry, Harry... Não te esqueças de que continuará sendo ruim em sua fraqueza. Só irá aliviar um pouco; apenas deixarás de ser péssimo. Por isso que não acho que valha muito a pena.

— Um pouco às vezes pode ser suficiente, não é?

Você tinha me deixado confuso naquele dia. Literalmente não sabia mais o que pensar sobre o que você quis dizer; havia acontecido algo no seu passado? Ou era tipo uma vontade boba de simplesmente aprender a tocar violão?

— Qual é a sua fraqueza? — perguntei sem pensar muito. Depois percebi que aquilo poderia até mesmo ser uma grande mágoa para você e que fui bastante idiota por perguntar tão deliberadamente. Mas já estava feito. Você não levantou os olhos para mim, manteve-se com um ar de riso, continuando a encarar a página desgastada do livro.

— Eu não sei se devo contar. Quer dizer, faça a outra pergunta. E no que é que você quer tanto melhorar?

— Milhares de coisas. Nesse contexto, entretanto, seria bom o suficiente para mim, ser ótimo em química. Estaria plenamente feliz com isso e provavelmente com um futuro garantido — tentei descontrair, mas na verdade minha mente estava tentando pensar na pergunta em que você mandou que fizesse. Mas que pergunta...?

Murmurei em insatisfação quando encarei a lousa e vi o quanto a professora havia escrito. Ela ainda não parara; e estava quase o completando com um texto que eu não dava a mínima. Provavelmente iria apagar a lousa em breve. Então, acabamos focados em copiar nossas anotações. Minha mente se iluminou subitamente.

— O que é que você quer? O que você é impedido de fazer?

Ser livre.

36 REASONS (Larry Stylinson)Onde histórias criam vida. Descubra agora